O Zona Sul está me obrigando a atravessar o Mar Vermelho todo dia. Não sei de onde eles tiraram a idéia de forrar a rua com um tapete, vermelhíssimo, enorme. Não é uma mera passadeira, é todo um mar, sangrando nas calçadas da Dias Ferreira e da Rainha Guilhermina, doendo nas vistas como um terçol. Sei que o Natal enlouquece as pessoas com um delírio decorativo. Eu mesmo me deixei contaminar esse ano, e aqui estou eu com uma caixa cheia de enfeites, uma árvore de Natal e um presépio para montar. Quando encomendei os enfeites, estava entusiasmada, no auge da virose. Agora olho para o volume em cima de minha mesa e me pergunto: Onde? Para quem? Nem sequer pretendo passar o Natal em casa...
Bem, pelo menos não tenho um tapete se esvaindo em minha sala. Na minha anemia, adio o momento de abertura da caixa. Mais uma vez, o palavrão: procrastino. Mas a promessa de um Natal com enfeites mostra uma Lúcia que, timidamente, recomeça a olhar a vida com olhos menos magoados. A árvore é pequena, sem luzes, quase um ramo de oliveira. Farei as pazes com Deus? Ou, pelo menos, comigo mesma?
No mar real uma traineira atravessa ligeira, e eu lembro: navegar é preciso. Viver?
2 comments:
Olá Lucia,
Com Deus você sempre esteve em paz, para escrever com o coração é só mesmo estando em paz com Ele.
Com você, a paz já esta quando com suas palavras move algo nas pessoas, despertando este desejo de também te dizer algo.
Faça sua árvore, mesmo que seja pequena e que você não passe o Natal em casa, mas quando olhar para ela veja, como enfeite, os amigos que você conquistou como escritora.
Grande Abraço.
Lucia...
palpetizinho, talvez infeliz... mesmo que nao saiba onde passar o Natal, deixe a casa toda enfeitada, deixe tudo bonito, vistoso, só para ficar olhando e se alegrando com as cores, você merece... faça por ti... beijos, força, faça as pazes com tudo... dedes Santiago, muitas felicidades...
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