Friday, November 09, 2007

Mar Vermelho

O Zona Sul está me obrigando a atravessar o Mar Vermelho todo dia. Não sei de onde eles tiraram a idéia de forrar a rua com um tapete, vermelhíssimo, enorme. Não é uma mera passadeira, é todo um mar, sangrando nas calçadas da Dias Ferreira e da Rainha Guilhermina, doendo nas vistas como um terçol. Sei que o Natal enlouquece as pessoas com um delírio decorativo. Eu mesmo me deixei contaminar esse ano, e aqui estou eu com uma caixa cheia de enfeites, uma árvore de Natal e um presépio para montar. Quando encomendei os enfeites, estava entusiasmada, no auge da virose. Agora olho para o volume em cima de minha mesa e me pergunto: Onde? Para quem? Nem sequer pretendo passar o Natal em casa...
Bem, pelo menos não tenho um tapete se esvaindo em minha sala. Na minha anemia, adio o momento de abertura da caixa. Mais uma vez, o palavrão: procrastino. Mas a promessa de um Natal com enfeites mostra uma Lúcia que, timidamente, recomeça a olhar a vida com olhos menos magoados. A árvore é pequena, sem luzes, quase um ramo de oliveira. Farei as pazes com Deus? Ou, pelo menos, comigo mesma?
No mar real uma traineira atravessa ligeira, e eu lembro: navegar é preciso. Viver?

2 comments:

Anonymous said...

Olá Lucia,

Com Deus você sempre esteve em paz, para escrever com o coração é só mesmo estando em paz com Ele.
Com você, a paz já esta quando com suas palavras move algo nas pessoas, despertando este desejo de também te dizer algo.
Faça sua árvore, mesmo que seja pequena e que você não passe o Natal em casa, mas quando olhar para ela veja, como enfeite, os amigos que você conquistou como escritora.
Grande Abraço.

Anonymous said...

Lucia...

palpetizinho, talvez infeliz... mesmo que nao saiba onde passar o Natal, deixe a casa toda enfeitada, deixe tudo bonito, vistoso, só para ficar olhando e se alegrando com as cores, você merece... faça por ti... beijos, força, faça as pazes com tudo... dedes Santiago, muitas felicidades...