Friday, November 23, 2007

Lua apressada

Ontem, lá pelas 16:30h a lua, que me parecia cheia, já estava se mostrando no céu azul. Como estava bonita, na verdade, linda, ela não teve paciência para esperar o sol se por, e veio a passeio, aproveitar a tarde com suas cores lavadas pelas chuvas recentes. Brincou com as nuvens, rodopiou no céu e depois postou-se, brilhando, como sentinela de uma cidade ainda esperançosa. Ela se deixou ficar ali, perto do Cristo, solitária, sem estrelas em seu séquito. Depois caminhou lenta, e umas estrelinhas estremunhadas vieram ocupar o lugar que ela havia deixado vago. Imagino o prazer de quem, como eu, teve a chance de olhar para ela -- e vê-la em toda sua beleza. Outros a viram junto ao mar, outros entre as nuvens, e ela mostrou a todos sua melhor face. Hoje o sol, enciumado, vem mostrar suas belezas, iluminando, sombreando, emprestando energia e calor, e até um pouquinho de inspiração...
Que esse meu texto faça os leitores pararem um momento para olhar o dia, ou a noite, com um sorriso.
E agora, mais um capítulo da sensacional novela blogueira:

Capítulo XII

O quarto era muito pequeno, e a enorme cama de dossel dificultava a circulação. As portas dos armários esbarravam nas laterais trabalhadas, deixando sulcos na madeira dourada, polida pelos anos. Entraram com dificuldade, a porta dupla se abrindo pela metade, deixando uma passagem estreita e traiçoeira, que aprisionava as roupas de quem entrava distraído.

Francesco entrou primeiro, seu corpo esguio evitou as armadilhas da maçaneta e, com movimentos acostumados, aproximou-se do interruptor saliente para acender a luz do cômodo. Ela pousou a mão sobre a dele, desejosa de permanecer na penumbra azulada e trêmula que as águas do canal projetavam dentro do quarto. Compreendendo o seu gesto, ele respeitou sua vontade, e esperou que ela olhasse à sua volta, se familiarizando com o aposento.

Paula olhou demoradamente a pilha de cadernos sobre a mesa de cabeceira. Sem precisar abri-los, ela sabia do que se tratava: eram os cadernos onde ele escrevia seus versos. Depois, procurou a mesa, encaixada entre as janelas, miúda, desconfortável. Imaginou-o debruçado sobre os cadernos, escrevendo, febril. Voltou-se, sorrindo, e encontrou o rosto dele, também sorridente, mas com um ar de quem se prosta em adoração perante um altar. Não era esse o olhar que desejava surpreender, assustada com o fervor e a devoção a que não se sentia fazer juz. Baixou os olhos, e corou.

Francesco se aproximou dela, tentando não espantá-la. Sua mão se elevou lentamente, até tocar-lhe o rosto. Ela inclinou a face para encaixá-la no côncavo de sua mão, os olhos fechados, a boca ligeiramente entreaberta.

Com delicadeza, ele levou a mão até sua nuca e puxou-a de encontro a ele. O beijo que se seguiu poderia ter sido terno e suave, mas os dois se surpreenderam com a explosão do desejo que os invadiu.

As pernas de Paula fraquejaram, e ela colou-se ao corpo dele, buscando apoio. Ele lhe ofereceu mais do que ela esperava: mostrou-se forte, exigente, faminto. Paula começou a gemer baixinho, sem perceber. Ele diminuiu um pouco as carícias, com receio de estar sendo precipitado, até compreender que os gemidos dela eram de prazer. Estimulado pelos sons, ele se deixou levar pelo instinto, e, sôfrego, desceu os lábios procurando o decote de seu vestido.

Paula hesitava entre deixar-se beijar ou corresponder ativamente às carícias. Tímida, ela sufocava suas reações, tentando não demonstrar o desejo que sentia. Queria que ele lhe arrancasse a roupa e a jogasse na cama. Queria que ele se colocasse entre suas pernas e a penetrasse logo, com impaciência. Francesco, porém, não tinha pressa. Tanto havia esperado por esse momento que se preocupava em saboreá-lo devagar, como criança que come uma guloseima com dentadas mínimas, procurando prolongar seu prazer.

Logo Paula se acalmou e compreendeu as regras que ele lhe impunha. Ao invés de pensar, deixou que seu corpo reagisse instintivamente, sem peias... Os dois foram se despindo devagar, com método. A cada peça retirada, cada pedaço de pele exposta era coberta de beijos, saboreada, línguas e dentes experimentando a textura e o sabor do outro.

Francesco despiu-se completamente, mas Paula conservou as peças íntimas, rendadas e brancas como as de uma noiva. Subiram na cama, ajoelhados de frente um para o outro. Ele deixou que seus olhos percorressem o corpo dela, maduro, mas ainda guardando a mesma flexibilidade de uma adolescente. Com sua pele muito clara e a lingerie branca, ela parecia um anjo envergonhado, a cabeça pendida, um braço cruzado protegendo os seios, o outro descido, com a mão aberta em frente à virilha.

Francesco tomou-lhe as mãos delicadamente, abriu seus braços e olhou-a. Depois colou-se a ela, os braços esticados para o lado, como se fossem dois crucificados. Ficaram assim até que o ritmo de suas respirações se igualasse e eles pudessem agir em sincronia. Abraçando-a, ele retirou seu soutien, beijou-lhe os ombros e desceu a boca até os delicados mamilos róseos, cuidadoso, receoso de sua fragilidade. Paula foi-se deitando devagar e ele acompanhou seus movimentos, amparando-a, sentando-se a seu lado, de maneira a poder ajudá-la a libertar-se da calcinha.

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