Sunday, January 31, 2010

Desconstruções

O Veríssimo quer acabar com meus sonhos! Primeiro ele desconstrói a imagem do George Clooney, que anda habitando 9 entre 10 fantasias femininas. Tão bonito, quase uma unanimidade, resolvo procurar sua imagem no Google, este nosso novo Oráculo de Delfos, a quem consultamos toda hora, e encontro este retrato:Me vejo obrigada a concordar – nem a perfeição é perfeita todo o tempo… 

Hoje o Veríssimo fala do Roberto Calasso e de seu perfil aristocrático, de sua obra extraordinária e, lá vou eu, curiosa, consultar o Google. Surpresa! Ele é realmente charmoso. Mas… pera lá… aqui tem mais uma outra foto e… Ora vejam só o trabalho do tempo! Lá se vai a perfeição ampulheta abaixo!



Oh, céus! 
E aí? Como ficam as pessoas sonhadoras, que não apreciam o gênero tatuado do belo de Avatar, Sam Worthington?
Proponho o Mia Couto, embora lhe falte um tantinho de queixo e a barba esteja embranquecendo com muita rapidez. Mas, que fazer? Ele, pelo menos, é simpático, não tem voz de pato e sabe contar ótimas histórias.  E, com toda minha autoridade de fã, proíbo o Veríssimo de falar dele! 
Deixo vocês aqui com o retrato do Mia, e saio na esperança de encontrar a obra completa do Calasso na Argumento. Por que, a bem da verdade, chega uma época em que as histórias que um homem tem para contar valem muito mais que a beleza que ele tem para mostrar. E me consolo tentando acreditar que isso valha para as mulheres também.
                             


                       

Friday, January 29, 2010

Cartas de amor

Acho que chegou a hora de corrigir o poeta: nem todas as cartas de amor são ridículas. Acabo de voltar de uma linda peça: Tomo suas mãos nas minhas. Baseada nas cartas de amor trocadas entre Tchekov e Olga Knipper, a peça flui e encanta, emociona e deixa a platéia num estado de maravilhamento tal que todos relutam em abandonar o teatro. Está ali no Teatro Leblon, e cheguei a ela pela indicação de uma amiga querida, a Susana Fuentes, também escritora. Obrigada, Susana! Esta semana está me trazendo tantas coisas boas… fico com pena que ela já está chegando ao fim.
Mais coisas boas? Terminei um conto hoje e fiquei satisfeita com o resultado. Minha grande dificuldade, ao terminar meus textos é que meu primeiro leitor já não está a meu lado. Sou uma Sherazade sem sultão. Fico, então, perturbando as amigas com a minha ansiedade, querendo que leiam para tentar descobrir suas reações. Acho que elas gostaram. 
Ontem fui assistir Restos, com o Antônio Fagundes. É uma peça do Neil Labute, que está muito na moda aqui no Rio. No momento são três as peças dele que estão em cartaz. Restos, A gorda e mais uma cujo título esqueci, algo como Aquelas mulheres, sei lá. Só que a que assisti não é bem uma peça, e sim um monólogo, e eu tenho a maior implicância com monólogos. Mas esta não foi das piores. Uma das melhores coisas da peça é o cenário, maravilhoso. Simples, lindo, elegante e eficaz. O título original é Wrecks, uma palavra difícil de traduzir. Pode ser um acidente de carro (e o nome do personagem é Ed Carr). Pode ser um naufrágio, um destroço, uma ruína. Restos não tem a mesma força semântica, mas não compromete. Como as peças de Labute têm todas uma espécie de "virada", que surpreende e causa estranhamento, não dá aqui para comentar o texto sob pena de ser acusada de desmancha prazeres. De qualquer forma, acho que a virada pela qual ele optou nesta peça meio que "destroça" a construção amorosa que esse viúvo, no velório de sua amada, tenta erguer. De qualquer forma, o melhor da peça ocorre depois que ela acaba: o Fagundes volta ao palco para um batepapo informal com a platéia. Nesta conversa ele se revela mais agradável que durante a encenação. E a peça até cresce com os comentários e algumas explicações.
Acho que ainda não contei que também assisti a uma comédia, "Velha é a mãe". Representada pela Louise Cardoso e Ana Baird, é bastante divertida, mas não é nenhuma Brastemp. Acho que a última vez que vi a Louise Cardoso representando ela fazia o papel de uma cachorra, da raça poodle, numa comédia muito boa. E olha que era um monólogo! Mas era um texto tão inteligente, e a atriz é tão boa, que merece  ser relembrada. O nome da peça era o nome da cadela, acho que era Silvia, mas não tenho certeza. Eu e minha memória evanescente… E meus livros rebeldes, que desaparecem de vista e não me deixam terminar a leitura. Aquele que estava lendo, O andar do bêbado, se escondeu em algum canto. Preciso encontrá-lo. Como ele sumiu, vou voltar aos meus deveres de resenhista: Marques Rebelo me espera.  Então, lá vou eu para a cama, com boa companhia!

Wednesday, January 27, 2010

Era no tempo do Ruy

Fui assistir ao depoimento do Ruy Castro no MIS. Aquele MIS escondidinho da Praça 15, ou, para ser mais precisa, da Praça Marechal Âncora. Esse Museu da Imagem e do Som que eu sempre quis visitar e que nunca visitei. Agora quero ir para lá todos os dias, e tenho pena que ele vá se mudar para um prédio tão cheio de rampas e vidraças na Av. Atlântica. Será que isso não vai prejudicar os arquivos? Deteriorar as fitas e imagens gravadas com a maresia que já ameaça o acervo ali na Praça Quinze? Mas isso é questão para outra hora. Agora quero apenas comentar do prazer que senti durante as 5 (cinco) horas do depoimento. Uma ótima tarde, uma tarde feliz, ouvindo coisas interessantes ditas com humor e graça. Acompanhei o Ruy na sua rememoração clara de episódios da infância. Escutei, a princípio, com alguma incredulidade, a história de sua auto-alfabetização. Depois fui acompanhando as histórias das músicas, dos estudos, dos primeiros tempos de jornalismo. Ruy, com sua prodigiosa memória, foi me fazendo lembrar de episódios de minha própria vida, já que ele morou em Portugal por três anos, assim como eu. Entendi, assim, a sensação que ele descreveu como "estar enterrado vivo". Assim como ele, eu não tenho nada contra Portugal, pelo contrário, aprendi a amar o país através das histórias de minha avó, e depois, ao me casar com um português (que sempre me corrigia dizendo: açoriano), descobri os encantos da terra e da história portuguesa. Ruy, mais velho e mais dinâmico que eu, talvez tenha se ressentido mais com o clima político. Eu, apaixonada e sonhadora, me refugiava da opressiva sensação de aprisionamento vivendo em cenários de livros de Eça, de Camilo, de Camões. Olhava e via em tudo o que lá não estava, tal como me havia ensinado Fernando Pessoa. Entre poetas e romancistas, entre peças de Gil Vicente e de autores contemporâneos, encenadas com uma intensidade que me era desconhecida, teci um país casulo onde os dias eram sempre de sol (embora frios) e as contrariedades eram poucas, a mais marcante sendo a falta de Coca-Cola, bebida que na época me encantava e que hoje já não suporto. 
Voltando ao depoimento do Ruy, ele me encantou pela inteligente sinceridade. Sem fugir dos fracassos, ele soube minimizá-los: quem hoje se importa com sua reprovação no Colégio Militar, ou seu fracasso no vestibular? Comparei a segurança dele com a minha insegurança, incapaz que era de me rebelar com notas baixas: Era aprovada em tudo, ansiosa, passando até em exames de Latim, que nunca tinha visto antes, ao qual sacrifiquei um verão inteiro inalando os vapores de hipogloss que uma harpia de Laranjeiras exalava enquanto tentava me incutir desinências e declinações. Se tivesse feito o vestibular para Direito teria passado, não tenho dúvidas, e teria sido uma estudante medíocre e infeliz. Mas minha vida foi dando guinadas, e a vida do Ruy também foi dando suas voltas. Hoje à tarde, contadas por ele, as reminiscências foram todas boas, bem escolhidas. Quando ele começou a falar de sua obra, ficaram ainda mais animadas e resplandecentes, os acasos brilhando como jóias que, engastadas na coroa de sua prosa, a tornassem mais especial. Escutei e aprendi, pois ele não esconde suas técnicas. E ri muito, com ele, com as coisas que ele soube contar com graça. E me emocionei, suspeitando das grandes emoções que ele há de ter sentido, vencendo as doenças e nos entregando mais uma vida cujo sentido ele soube sempre ressaltar. Nelson Rodrigues, Garrincha, Carmem Miranda, os diversos personagens de Ipanema e da Bossa Nova, minha sensação é que estavam ali na sala, escutando seu biógrafo e sorrindo, enquanto Ruy Castro imitava suas vozes, revelava suas estratégias de aproximação, suas horas de pesquisa.
No fim, a sensação que fiquei foi a de ter feito um novo amigo de infância, tal foi a cumplicidade do depoente com a platéia. O próximo a fazer um depoimento será João Bosco. Acho que gostaria de presenciar este também.

Wednesday, January 20, 2010

Sumiço

Combinações perigosas: chuva e sapato de salto alto.
Prá começar, por que é que uso sapato de salto alto? Já sou bem alta, para os padrões brasileiros. Tenho 1,70 cm. Se bem que sou capaz de já ter começado a encolher, com os problemas de postura que o computador me dá e a força da gravidade, que me deseja, para sempre, na horizontal. Bem, em algum ponto entre 1,70 e 1,68, minha cabeça de vento se encanta com essas coisinhas lindinhas que usamos não para proteger os pés, mas para nos encantarmos ao olharmos para nossos próprios pés. Imaginem o desgosto do pavão, com sua bela plumagem e os pés tão feiosos! Foi de tanto escutar minha mãe repetir isso que fiquei com mania de sapatos, acho. Mas não sou das piores. Compro sapatos porque não suporto aqueles que me machucam os pés. E os meus calçados têm o dom de, após algum tempo de uso, passarem a me machucar. Este não machucava. Uma sandália amarela, de tirinhas, despretensiosa, mas, por ser baratinha, com um salto de plástico. Esses saltinhos não combinam comigo. Estava em casa, na minha varanda micra, jantando com as amigas. A chuva começou a apertar e tivemos que nos deslocar. Neste vai e vem para retirar as coisas da varanda, pisei no chão molhado com o saltinho assassino, escorreguei e bati com a mão. Nada sério, mas os dedinhos, ao mexer, provocavam dor. Fiquei com a mão imobilizada uma semana. Agora só ponho a atadura à noite, ou caso comece a sentir dor. O que vale é que já tinha terminado a resenha do Rascunho, e não me atrasei. Em compensação, o conto  que estava escrevendo, está pela metade. Mas dediquei-me à ardua tarefa de ler um livro daqueles "científicos", que me fascinam, embora eu não entenda nada. Estou curtindo O andar do bêbado. Na hora que leio acho que entendo tudo, mas os números são tantos, a lógica tão rigorosa, que meus neurônios  optam pela aleatoriedade com desconhecimento de causa, e se põem a fazer sinapses ao acaso. Ou a desligar algumas. Mas curto mesmo assim. E algum saber aleatório há de ficar…

Thursday, January 14, 2010

D. Zilda Arns

Nesta semana li uma crônica da Marta Medeiros, falando sobre pessoas que, quando se vão, deixam atrás de si um mundo melhor. Dona Zilda, sem dúvida, foi uma dessas pessoas. A vida dela afetou milhares de outras: crianças sobreviveram graças a ela, outros aprenderam a ser solidários graças a ela, o mundo ficou um pouquinho melhor graças a ela. 
Temos escalas diferentes, Dona Zilda, não fosse sua morte, era escala de prêmio Nobel. Vidas preciosas, que, mesmo sem os holofotes das câmeras de TV e dos flashes dos papparazzi (será que tem tantas consoantes assim?), são as mais iluminadas.  Outras pessoas, em escalas mais humildes, também deixam um mundo melhor para seus sobreviventes: incluo aí os professores. Tão desvalorizados em nossa sociedade, tão mal-pagos, eles são pessoas que nos abrem portas maravilhosas, as portas do conhecimento. Já não lembro mais da professora que me ensinou a ler, mas ela me deu um dom maravilhoso. Mas outras se sucederam e solidificaram essa fonte de prazeres e conhecimento que eu e meus colegas recebemos. Nosso mundo é melhor graças a essas professoras (e professores). As palavras amigas que nos oferecem em horas de desânimo, também tornam nosso mundo um pouco melhor. A banhista que, ao chegar nas ilhas paradisíacas de Angra, percorre a praia juntando o lixo que a inconsciência de outros despeja no mar, também torna nosso mundo um pouco melhor. São essas pequenas ações que precisamos admirar e imitar. São as grandes iniciativas modestas, como a de Dona Zilda, que precisamos noticiar e incentivar, se não der para imitar. É uma enorme perda que o mundo sofre com esta morte. Nossa maior homenagem a ela será não deixar que seus esforços para melhorar o mundo sejam soterrados pelos escombros éticos entre os quais vivemos.

Wednesday, January 13, 2010

A tentação dos clichês

Hoje no jornal uma coisa chamou minha atenção: um profissional que usou um clichê, apesar de reconhecer que se tratava de uma frase feita: o "calor senegalês". Nunca estive no Senegal para saber se lá é mesmo quente assim, para merecer o monopólio do calor. Desculpo-o, pensando que, suando tanto, é capaz de o jornalista ter derretido suas idéias. No caldo meio pegajoso que virou sua massa encefálica, sobraram algumas frases feitas, encalombadas, que, em desespero de causa, ele usou. Nos dias quentes assim, fico sempre com uma musiquinha martelando meu pensamento: Mas que calô, ooô, ooô! Espero que, inadvertidamente, não comece a cantá-la em voz alta, levando os encalorados companheiros de cidade ao alcance de minha voz à loucura.
O caso é que fiqui pensando nos clichês, e como eles invadem nossa vida cotidiana e nos prendem em seus tentáculos, piores e mais venenosos do que a medusa que anda atacando lá pela Austrália (onde o clichê talvez seja "a Brazilian heat"). Vejam só: pior do que a mania de gerúndio é o meloso "um beijo no seu coração". Deus nos livre e guarde! Que invasão! Muito pior do que o fantástico beijo invasivo de Deus em Adão, sua língua entrando pela boca e pela garganta de sua criatura, violando-a sem piedade! Está no Caim, livro imperdível.
Bem, preciso sair agora, mas antes faço aqui uma oração, para que os deuses da gramática e da literatura não me deixem cair na tentação de comentar o calor senegalês, não me deixem fazer carinhos no coração de ninguém, muito menos melosos beijos, que possam provocar uma parada cardíaca. Peço a eles que depurem minha linguagem destas crostas pesadas que usamos por pura preguiça mental e a deixe bela e essencial como um amanhecer. 
Pois era sobre isso que queria escrever, sobre a beleza do nascimento do dia, que testemunhei, e que me fez acreditar que, com tamanha beleza, esse dia só poderia trazer coisas boas. Infelizmente esta crença só durou até a primeira olhada no jornal – o dia trouxe a tragédia do terremoto no Haiti. E agora as nuvens já recobrem o céu, e ameaçam com mais tragédias em Angra, no Rio, por toda a parte. Talvez só nos sobrem mesmo os clichês, para as tempestades arrasadoras, as catástrofes climáticas, os calores insuportáveis. 
Um bom dia para todos, ameno e temperado, com brisa suave e acontecimentos ordinários.

Saturday, January 09, 2010

Falta de assunto/Falta de tempo


Nossa falta de assunto é inversamente proporcional à nossa falta de tempo. Quanto mais atarefada e sem tempo estou, mais tenho assunto. Se tenho muito tempo, geralmente tenho pouco assunto. Não que deixe de escrever, mas escrevo sobre a mesma coisa, as mesmas divagações, aqueles "pensamentos moscas" zumbindo em volta do mesmo velho sonho. Neste início de ano, tenho andado com o tempo escasso, e, por conseguinte, ando fazendo muitas coisas. Nem todas são interessantíssimas, mas todas mereceriam blogs, caso eu tivesse mais tempo.  Ando numa maratona gastronômica, evidente em minha própria figura. Mas é um tal de almoçar-jantar-lanchar, que nem sei. Outro dia foi um super lauto almoço no Mr. Lam. Rachel Jardim, Ernane e Natércia como acompanhantes, um dia lindo, um papo ótimo, drinks que merecem uma verdadeira "ode ao barman"! Muito comportada, pois estava dirigindo, eu não pude tomar tudo o que queria, mas meu quinhão foi inesquecível. Imaginem uma gema de ovo. Aquele formato redondinho, um líquido contido por uma película fina, num mistério perfeito. Esqueçam o amarelo e pensem num vermelho vivo, de apetitosas romãs. Ou numa cor de polpa de caju, de cor indefinida, leitosa, entre o tom das nuvens do entardecer e o clarão da lua cheia de verão. Essa "gema", servida sobre uma colher de porcelana, é o seu drink. Você leva a colher à boca, deixa a gema deslizar para o topo de sua língua e depois pressiona a forma em sua boca, transformando-a em sabor, surpreendendo-se com a metamorfose, entregando-se à invasão do líquido desejado mas inesperado! Hummmm! Sim, lembra outras coisas, e é quase tão bom quanto!

                                                                          

Tuesday, January 05, 2010

Dia de Reis


Hoje é dia 6 de janeiro,  dia de Reis, Epifania. Aí em cima, não sei por que, está aparecendo a data de ontem. Mistérios…Ontem foi a Twelfth Night, e eu comemorei com amigos, entre livros e histórias, essa noite em que o mundo se inverte e nos diverte. 
Márcio, em seu site Imagem Semanal, já fez uma bela compilação de quadros famosos da visita dos reis ao menino Deus (Socorro, não consigo encontrar nos posts, o que foi que eu fiz, meu Deus?). Por conta disso, andei pesquisando o que queriam dizer os presentes levados. O incenso, por exemplo, é símbolo da oração, e representa o lado divino de Cristo. O ouro, símbolo do poder material, representa o lado, digamos, político de Cristo. A mirra, com seu poder curativo, representa o lado humano de Jesus.. Que Baltazar, Melquior e Gaspar nos cubram a todos com suas dádivas, que nos tragam saúde, reconhecimento e prosperidade.
Essa imagem, acompanhada de um versinho, me foi enviada pela Zezé,  E eu a coloco aqui, como um bom augúrio para todos os meus queridos leitores e amigos!
"Ó di casa, ó di fora
Qui hora tão excelente
É o glorioso santo Reis
Qui é vem do Oriente


Ó de casa, ó de casa
Alegra esse moradô
Que o glorioso santo Reis
Na sua porta chegô"


Uma bruxa de Compostela

Recebi esta linda foto de minha amiga Carmen, que é uma fada de Compostela. As bolboretas (em galego é assim mesmo) é que também são conhecidas como bruxas por lá, e esta é uma das mais  belas que já vi. Resultado: roubei-a e postei-a. 
Por falar em Compostela, um amigo meu, que nunca vejo, mas nem por isso é menos querido, lançou um livro falando de sua peregrinação a Santiago de Compostela. Não comprei ainda, pois já ganhei um exemplar, que ainda não recebi. Mas já vi o livro à venda na Argumento. Procurem, o título exato eu não sei, mas o autor é Luís Paulo Viveiros de Castro. Não é místico, embora o Luís Paulo tenha resolvido cultivar uma barba de profeta, e dizem que é muito engraçado. Sei que o autor é fã de Vieira, filho de uma grande professora de História e de Literatura, é um livro que nasce sob uma boa estrela.
Já que estou recomendando livros e falando em galegos, quem tiver a chance procure Manuel Rivas. O livro que tenho dele é Que me queres, amor?, de 1995, premiadíssimo , e que, em 2006, estava em sua 14ª edição. Já deve andar na 20ª, pelo menos.
Um de seus contos chama-se "A leiteira de Vermeer", e o outro, que virou filme, é justamente "A lingua das bolboretas". Ler em galego é uma experiência e tanto. Estamos lendo a nossa língua, mas com uma graça toda própria, como uma freira que, por baixo do hábito, mostrasse o colorido de uma fantasia de arlequim. Gosto da sensação de arrepio quando encontro a palavra "unha", por exemplo, que não é a nossa unha, mas uma. Gosto da economia de "s", do uso do "x", das terminações suaves em ión, da inserção de letras inesperadas que nos remetem a outras palavras e ao sonho (ou deveria dizer soño?) de cadaquén.
Fico aqui divagando e meu tempo livre se esgota. Antes de terminar, compartilho com vocês a alegria que tive ontem. Sempre que leio um livro que me agrada, me apresso em emprestá-lo, para que outros tenham o mesmo prazer que eu. Como tinha lido o Caim e o Milamor, emprestei a duas amigas e elas ontem me saudaram alegres com a leitura. Uma está quase terminando o Caim, e adorou, como eu. A outra está tão entusiasmada com o Milamor, da Lívia Garcia Rosa, que leu em voz alta os trechos com que mais se identificara. Minha alegria se ampliou, pois os livros são tesouros que são criados para serem compartilhados. E quanto mais a gente compartilha, mais se sente rica!
Para terminar, minha opinião sobre a ótima conversa entre Edney, Luciana Villas Boas e Marcelo Moutinho, sobre ibuques (e-books). Eu acho que os ibuques são ótimos e práticos, mas têm (por enquanto) um pecado: a gente não pode emprestar nossos livros. Não dá para transferir um arquivo do meu ibuque para o ibuque de outra pessoa. O dia que pudermos fazer isso, os ibuques passarão a ser populares e queridos. E discordo da Luciana, quando ela diz que a versão eletrônica deve vir depois, como os livros de bolso. Acho que primeiro devem sair os ibuques, baratinhos, a gente faz o download e vê se gosta. Se não gostou, tudo bem, também não doeu muito no bolso. Mas, se gostou, aí a gente já vai largando e comprando logo o livro objeto, aquele que nos acompanhará, para sempre, nas lembranças e peculiaridades de cores, cheiros, ilustrações, etc.
E, obviamente, livros escolares e revistas semanais deveriam ser obrigatoriamente em versões eletrônicas, pois economizaremos muitos hectares de mata se assim o fizermos. Mas livros de histórias infantis nunca deveriam sair em versões eletrônicas. Bem, esta é minha opinião, de usuária, de leitora e de candidata a "mulher-livro" no futuro.
Vou trabalhar!

Monday, January 04, 2010

Bravo!

Tenho de ir preparar minha aulinha, mas não resisto a contar a diversão que tive ontem com as três Bravo que comprei: Os 100 livros imperdíveis da Literatura Brasileira; Os 100 livros imperdíveis da Literatura Mundial e Os 100 filmes imperdíveis. Eu e Natércia fomos conferir o que nos faltava e fico envergonhada de dizer que me faltaram mais livros na Literatura Brasileira que na Mundial. Mesmo assim, acho que estou no topo da lista de boa leitora. O que me consola é que, se não vou conseguir ler todos os livros do mundo, vou dar conta dos imperdíveis, pois me faltam muito poucos. Na mundial São menos de 5. Na brasileira, uns 15. Acho que vou corrigir isso esse ano. Mas tenho uma reclamação: alguns dos livros que EU considero imperdíveis não estavam lá. Mas tudo bem, estes já estão lidos, e depois faço uma lista para vocês conferirem. Por exemplo: a Cartuxa de Parma. Não é possível abrir mão da Sanseverina e do Conde Mosca! Mas vou ao trabalho. Depois escrevo.
Quanto aos filmes, vi a maioria, e o que não vi acho que só se conseguir um amigo cinéfilo para conseguir ver. São coisas muuito antigas (como os filmes envelhecem rápido, não? – Muito mais rápido que os livros).

Saturday, January 02, 2010

Faltou contar…

… que fiquei encantada com as "festas" na praia do Leblon. Sem muito movimento, mas com muita gente se concentrando em alguns locais da praia. Aqui junto ao posto 12, por exemplo, havia uma festa do Tio Sam, boteco ali da esquina de Gal. Urquiza, onde o João Ubaldo assina ponto. Mais alguns metros para os lados da Bartolomeu Mitre, outra festa, com dança e cercadinho, vigiado por um cara na entrada. E muitas outras festas, cito só as duas que me pareceram as mais organizadas. As pessoas comiam e dançavam nestas festas. Entre umas e outras, algumas recordações dos velhos tempos de Copacabana: Velas e oferendas. Aqui em frente, um barquinho para Iemanjá estava colocado na areia, esperando (acho eu), a maré subir. Próximo a ele, uma garrafa de champagne, aberta. Também próximo, os vestígios de velas vermelhas, completamente derretidas. Comprei umas flores no calçadão e resolvi jogá-las na água: acabei molhando minha roupa, mas a água do mar estava quentinha e gostosa, foi muito bom e divertido. Acho que gosto é disso mesmo, nada de festas, de música alta, de expectativas, brindes e obrigações – apenas o bem-estar de uma linda noite de Lua (blue moon, a segunda lua cheia do mês), a roupa confortável, "boa de brincar", os sorrisos trocados com estranhos, a alegria das festas em que eu não queria estar. Gosto de meu "lugar na platéia", já que não sou atriz de monólogos e já não tenho mais coadjuvante. Assisto, da minha laje, os fogos. Mergulho no mar que me acolhe convidativo e misterioso, e me deixo levar pela fantasia do reencontro.
No dia seguinte, me espanto e sofro com as notícias de Angra, onde passei anos e anos tão felizes. Amo cada centímetro daquela baía, cada grão daquelas areias. Já pernoitei no barco, em frente ao Bananal, me sentindo abrigada e segura naquela enseada tão linda. Já perambulei pelas ruas da cidade feiosa, que vi melhorar com a passagem do tempo, mas que cada vez ostentava mais casas pelas suas encostas. Já mergulhei naquelas águas, sempre medrosa, mas me sentindo segura e tranquila porque ia de mãos dadas com o meu amor que, suavemente, ia me levando para cima das rochas e das plantas, me apontando os peixes, até que eu, atemorizada, não suportasse mais e fizesse ele me levar de volta para onde o fundo fosse de areia. Já cruzei aquela baía em dias de sol ou de chuva, em barcos maiores ou menores, navegando no breu da noite, tentando enxergar com os olhos da intuição, já que os reais não perfuravam a escuridão. Já diluí minhas lágrimas nas águas mornas e transparentes, já soltei gritos de emoção ao olhar as belezas que as enseadas revelavam. Uma das minhas mais belas recordações foi a nossa entrada "triunfal" no Mamanguá, a lancha escoltada por um cardume de golfinhos que iam indicando o caminho a seguir, enquanto o ar, embalsamado com o cheiro do mato, nos inebriava.
Essa tragédia me entristece sobremaneira, e desejo, aqui, que todos os que foram atingidos por ela, encontrem a paz e o consolo das boas lembranças.

Feliz Blog Novo!

Graças ao Guido, que me enviou links e lições para aprender a inserir fotos no blog, consegui aprender uma
outra coisa: colocar um vídeo, daqueles que é só clicar, bonitinho. Aqui vai, então, um vídeo feito
para o Linha de Sombra, combinando duas histórias, O ovo e Faxina. Guido, me desculpe, mas meu cérebro
é teimoso e obstinado – só aprende assim, aleatoriamente. Hoje se distraiu com o vídeo. Talvez amanhã
eu aprenda a foto. Mas vou tentar pelo passo a passo de seu imeio, já que impliquei com a voz do homem
ensinando a postar a foto.