Thursday, October 10, 2013

Diário da depressão

E por que será que, num dia lindo assim, me descubro deprimida e sem ânimo? Por que estou zanzando, desde cedo, de uma poltrona a outra da casa, desejando alguma coisa que não sei o que é?
É bem verdade que outubro é o mês mais cruel. A cada dia de outubro o espinho se finca mais profundamente e me arranca lágrimas. Reajo. Resisto. O mar, lá fora, se agita, e eu me agito também.
Deprimida com o que vejo, deprimida com o que escuto. Desencantada com amigos e com o mundo, sinto dificuldade até para trabalhar…
Bem, desabafei.
O que eu queria mesmo era um milagre…

Wednesday, October 09, 2013

Lições que ainda não aprendi.

A vida nos ensina… O quê, mesmo?
Achava que uma das lições que deviam ser aprendidas era a de "não cuspir no próprio prato". Pelos vistos, estava errada. Vejo que as pessoas que são levadas para representar o país com o aval de uma instituição, assim que recebem o microfone, desqualificam a instituição e o país que estão ali representando e, com isso, são ovacionadas. Bem. É assim? Deve ser assim? Num raciocínio lógico, se você foi a pessoa escolhida por uma instituição e uma sociedade racista, homofóbica, incompetente, etc. das duas uma: ou você se iguala a essa instituição/sociedade ou você as denuncia antes de se beneficiar dos privilégios ofertados por essa instituição/sociedade. Usar os benefícios e denunciar quem lhe proporcionou os mesmos, não é uma postura ética e nos coloca a todos como ou otários ou aproveitadores. Creio que não aprendi a lição número 1 da nossa pós-modernidade: "ética é para os otários". Ou talvez a primeira e mais importante lição seja: "aparecer a qualquer custo".
Mudando de lição, vejo esse debate sobre as biografias: uns são contra, outros são a favor. Enquanto isso, fui assistir ao filme Salinger, uma biografia de J.D. Salinger, autor de O apanhador no campo de centeio. Gostei do filme. Mas o que ficou martelando em minha cabeça foi o "mea culpa" que o diretor fez na entrevista final. Como não existem identificadores, fiquei sem saber quem era esse último entrevistado, que confessa que nunca encontrou o escritor, mas "quase" que conseguiu uma entrevista. Numa de suas conversas com uma amiga de Salinger, ela lhe perguntou:"Se você o encontrasse pessoalmente, o que ia querer saber?" O homem respondeu que gostaria de saber se ele continuava escrevendo, e se ele estava bem e tinha planos para o futuro. A mulher respondeu afirmativamente a todas essas questões e lhe disse que, uma vez que ele já estava de posse de todas as informações que desejava, não havia motivo para encontrá-lo pessoalmente. E esta é a minha dúvida: O que é que eu quis saber ao ir ao cinema, ver a vida de Salinger? O que essas informações sobre a vida amorosa, o que esses acertos de conta entre familiares e fãs influiu na minha leitura de suas histórias? Nada. Agora tenho um rosto para colocar no autor (antes eu nunca tinha nem sequer visto uma foto sua). E agora que sei que ele foi um péssimo marido para suas mulheres e um mau pai para seus filhos, qual a importância disso na sua obra?  Mas saber que ele levou seus manuscritos para a guerra, que brigou com um amigo por causa do título de uma história, que era obsessivo com seu texto, isso sim vai me obrigar a ler o texto com uma maior atenção aos detalhes. Portanto, biografias – literárias – têm seu valor, não como reality shows nem acertos de conta, mas como reveladoras da relação do autor com sua obra. Mas duvido que isso alguém queira saber. Tenho amigas que estão lendo a vida de Catarina da Rússia, e seu maior encantamento é com a quantidade de amantes que a rainha teve. Até agora nenhuma me disse o que levou Catarina a obter o apelativo de "a grande". O que ela fez, além de ir para cama com apreciadores de vodka e generais? Alguma coisa ela realizou, mas deve ter passado desapercebida ao biógrafo. Ou aos leitores.

Gregor Samsa em Tóquio

Acabo de ter uma visão. Na verdade, foi mais uma "audição". Um escritor, no Japão, acha que é muito original fazer seu personagem se apaixonar por uma boneca. Se ele tivesse lido o genial Felisberto Hernández, veria que essa história rendeu uma obra maravilhosa, Las Hortensias. Isso muito antes de inventarem essas bonecas infláveis que estão enlouquecendo alguns homens e muitas baratas.
Baratas?! É que só assim entendo a frase do escritor, que ao invés de usar o verbo consumar para o ato amoroso, usa consumir. Entendo, então, já que silicone não é um alimento apreciado por humanos, que seu personagem será uma barata. Isso para evitar o chavão do sexo como produto, e blá, blá, blá. Pois suponho que escritores não apreciem o uso do chavão. Será?

Saturday, October 05, 2013

Festival de cinema

Estamos em pleno festival (ou seria maratona?) de cinema .Fui a três filmes por dia, visitei Botafogo com assiduidade, vi o que queria e o que não queria. Perdi alguns filmes que gostaria de ter visto. Agora vou perdendo o fôlego. Hoje, apesar de sábado, só tenho dois filmes. Um já assisti: e foi a prova de que as sinopses podem ser enganadoras. Vou a outro mais tarde, com a recomendação e o estímulo de uma amiga.
Vi muita bobagem, vi coisas muito sérias, algumas muito chatas. Vi, também, bobagens muito chatas. Do que vi, acho que pouco merece ficar registrado por escrito. A grande beleza; o último dos injustos. Alguns filmes me surpreenderam: Como não perder essa mulher foi muito melhor do que eu esperava, apesar de não ser "my cup of tea". Blue Jasmine me surpreendeu às avessas. Apareceu apregoado como "o melhor Woody Allen de todos os tempos" e eu achei uma versão envelhecida, desencantada e cínica de Annie Hall.
O que foi exatamente como eu esperava foi a loucura do Julio Bressane. Totalmente Julio Bressane. E apaludido no final, para desespero de minha amiga, que não se conformou com o filme, nem com o outro curta, que o antecedeu, e cujo nome não me lembro
Hoje assisti dois curtas no computador. Do inferno ao paraíso leva mais ou menos 15 min. e o Cine centímetro. Gostei de ambos. Queria ver a serpente que dança, mas não encontrei.
E agora, lá vou eu de novo, pelo mundo afora. Vou conhecer o Cinema São Luís. Que coisa!