Thursday, June 21, 2012

Nel blu di pinto di blu.

E é assim, tudo azul, que o blog vai ficar pelo momento.  O queridíssimo Guilherme, que não perco de vista aqui pela internet, me tranquiliza e diz que se trata da configuração do computador do Ernane. Pelo sim, pelo não, facilito a leitura, embora já tivesse me habituado ao abraço, sempre acolhedor, dos livros. Vai que outro leitor (viram, tenho 2! Posso ter um 3º…) também tem esse problema de configuração?
Beijocas, meus amigos. Prezo muito a visita de vocês e quero torná-la sempre acolhedora.
Infelizmente, não vou comentar coisas alegres, hoje. Uma notícia de jornal me deixa acabrunhada: a volta das sacolas de plástico nos supermercados. Estamos em plena Rio +20 e os manda-chuvas mostram bem que não estão nem aí para tudo o que se debate à volta deles.  E o Brasil, anfitrião relapso, mostra bem que não se importa. Vamos às sacolas plásticas! Sua proibição não beneficiou o público. Como, cara pálida? Será que vocês não são capazes de enxergar à distância? O benefício de centavos hoje será uma condenação à morte para os filhos e netos deste público!
Como diz a menina, Brittany, o tempo se escoa: tic… tic… tic… Ainda temos 72 horas, mas talvez não tenhamos 72 anos… Tic.. tic.. tic.. Talvez, em 72 meses, meros 6 anos, já tenhamos enfrentado mais catástrofes naturais do que possamos aguentar. Tic, tic, tic, o relógio se acelera e em 72 semanas, um ano e pouco, é possível que a gente já esteja com combustíveis racionados, água racionada, comida escassa. Tictictic, a hora é agora, não podemos sentar despreocupados por mais 72 dias, há que acordar nestas 72 horas em que ainda podemos acreditar que dá para fazer alguma coisa. Tictic, o despertador já tocou, é preciso agir, deixar de lado a cobiça míope e olhar o panorama que se descortina nestes 72 minutos. Tic, o tempo é pouco, 72 segundos. T. de tragédia.

Monday, June 18, 2012

E agora? O que fazer?

Meu leitor, ( Ernane, o primeiro, talvez o único) se queixa de que está impossível ler o meu blog. O "abraço dos livros", que escolhi para enfeitar minha página, se sobrepõe ao texto e impede a leitura. Ele me pede que conserte isso e venho, obediente, verificar. Acontece que minhas habilidades são muito poucas e eu descubro que o cabeçalho que me permitia experimentar novos formatos desapareceu de vista. O que fazer? Vou tentar descobrir e vou procurar consertar a página rebelde. Ou seria uma página ciumenta? Esse amante de papel que me quer só para si, e esconde meu texto?
Bem, enquanto isso, Aproveito que estou aqui para falar de minhas leituras de fim de semana, que só fiz hoje de manhã: O jornal cheio de coisas interessantes, autores da FLIP, autores do passado debatendo educação e a bela cidade de São Sebastião oferecendo ao mundo exposições e atividades que alarmam, ao mesmo tempo que dão esperanças ao mundo. Será que vai sair alguma coisa sólida e concreta destas reuniões? E nos jornais, o debate sobre educação, retomado depois de tantos anos de descaso. Que isso não fique "encantado" por mais 50 anos, que as pessoas acordem e ajam, enquanto ainda há tempo.
Olho lá para fora e penso que é impossível não ter fé no futuro num dia lindo como esse. O Rio capricha com suas belezas, seduz. Pode ser que, tocados, os participantes se coloquem mesmo como paladinos das boas causas e mudem seus pensamentos e atitudes.
Em tempos de Mágico de Oz, o negócio é calçarmos nossos sapatinhos e criarmos nosso próprio caminho. Os magos são todos fake. A fada boa do Norte perdeu o brilho e a magia. E, se a bruxa morreu, temos que enterrá-la antes que comece a cheirar mal… Vamos encontrar nossas próprias soluções, fazer das latinhas corações, dos fiapos de pensamento, um balaio de ideias e com a coragem que inventarmos, vamos à luta!

Tuesday, June 12, 2012

Lapiseira e Canetinha

Me diverti com a crônica do João Ubaldo no domingo passado. Mas sofri, também. Sofri bastante, pois, ao contrário do que se possa imaginar por aí, o retrato que ele pinta da vida de escritor é muito realista. Quantas vezes me vejo indo para um e outro lado, mais ou menos distante, tentando cativar um público com minhas habilidades, não de xaxado pois, como não sou comadre Sebastiana, não tenho habilidade nesta dança, mas repetindo o A, E, I, O, U, Psilone. Então, frente a uma plateia geralmente inadequada, em feiras de livros que não vendem os meus livros pois os organizadores ou a editora não se interessaram em providenciá-los, subo no palco e, sem nenhum vergonha, exibo despudoradamente meu amor pelos livros e me deixo levar, encantada, pelas histórias que relembro, pelo prazer que me proporcionaram tentando, pelo exemplo, fazer que alguém na plateia descubra o grande barato que é a literatura. Outras vezes, em regiões tão pobres que sei que a única chance de lerem o que escrevi será através de uma biblioteca, se houver, me sinto esmagada pela vontade que essa plateia tem de ler, de conhecer, de escapar  do "nada e a nossa condição". E, por umas poucas palavras, já embarco em outra canoa, ao rememorar o conto de Guimarães Rosa. Adoro o Rosa que conheci nas páginas dos livros que li. Com que emoção descobri que Grande Sertão era, não apenas legível, mas uma grande história, absorvente, lírica, cheia de aventuras e de pathos, com a história de amor mais comovente que já li até hoje! Quantas estórias e histórias do Rosa se aninharam no mais fundo de mim, me fizeram compreender o mundo e suas gentes e nossa cotidiana loucura. E Buritis, outra grande história de (des)amor, até hoje me provoca lágrimas de pena da bela princesa encantada… Não, eu sei que não existe nenhuma bela princesa encantada na história, mas a personagem me evoca uma. Solitária, tão especial, mas sem alternativa, seu príncipe fraco não foi audaz e ela acaba presa na lama, com o sapo, se odiando. Nossa condição, o nada… E, já que voltei ao assunto, essa história de dor, de perda, uma dor maior do que as palavras e o entendimento podem suportar me comove e me intriga. Seus contos são difíceis de compreender racionalmente, apelam a um outro tipo de conhecimento, ainda não estudado pelos sábios.  Como se manter indiferente à Terceira margem do rio? Ao próprio Nada e a nossa condição? Às emoções de Soroco, sua mãe, sua filha? Contos lindos, que se instalam diretamente na alma, e que passamos a vida tentando esclarecer, mas sabendo tudo de antemão?
Meu caro João Ubaldo, sei que você nunca vai ler este meu desabafo, mas li o seu e assino embaixo, com lágrimas (embora rindo). Adoro sua dupla caipira, aguardo ansiosa a revelação de seu parceiro, e desde já fico pensando numa dupla em que eu pudesse me encaixar. Embora adore uma lapiseira, já estou viciada demais em computadores para adotar este instrumento. Quem sabe Teclado e Telinha não seja o meu futuro? Já me vejo, como no filme de Mel Brooks, dançando com um andador  e obtendo mais de um milhão de acessos no YouTube. Acessos…Cliques… Os novos nomes do prêmio Nobel de Literatura…

Saturday, June 09, 2012

Dia de chuva…

As reticências no título são uma tentativa de mostrar a chuva que cai incessante e me tolhe o ânimo. O mundo se apaga nestes dias de chuva, se resfria, perde as cores. Olho pela janela e não vejo o mar, pois céu e mar se transformaram numa tela esbranquiçada onde se destacam as grandes manchas geométricas e cinzentas dos edifícios. Se me estico um pouco para um dos lados, alguma cor aparece: uma faixa amarela, outra cor de vinho sublinham a monocromia do resto do dia.
Olho para dentro de mim mesma e não vejo uma paisagem mais alegre. Meu ânimo sucumbe ao frio e à monotonia. Para escapar, tenho os livros, sempre amigos, mas agora também tenho as lições de piano. Passo algum tempo batucando as teclas e reclamando do afinador, quando devia estar deplorando a minha inépcia. Levanto-me e volto para o calor de Jorge Amado, fazendo um inventário da Bahia. São poucas as linhas que releio, e já entendo logo de cara a epígrafe de Gregório de Matos. Penso que está na hora de revisitar o poeta. Penso, também, que já não leio com a velocidade/voracidade da juventude, pois agora minha trama está mais densa e me faz refletir sobre coisas paralelas. E, falando em trama, relembro de Penélope, a sábia, que desfazia seu tecido e recomeçava sempre, numa lição preciosa de leveza. Ler com olhos inaugurais, no entanto, já não me é mais possível. Mesmo os livros recém lançados me surgem de mãos dadas com obras que suas frases me evocam. Comparo tudo isso às minhas lições de piano: a cada frase melódica que reproduzo toscamente, julgo reconhecer traços de melodias populares ou clássicas, todas muito amadas. Aqui um Frère Jacques, ali um Hino à alegria, todos mutilados pelos meus dedos ineptos e apressados.
Venho ao computador, na esperança de uma mensagem que me resgate dessa melancolia. Nada. Nonada. Aqui estou: caminho traçado pelo GPS da ausência de sol, buscando refúgio nas palavras e em possíveis leitores. Mas será que ainda tenho leitores? Este Google espião me aponta um monte de gente lendo minhas publicações, mas ninguém me dá sinal disso. Um ou outro amigo mais fiel, eu sei que me revisita. Acho que o Google mente, para me manter escrevendo aqui. Escrava fiel, dominada pela esperança de…
De quê, mesmo? De que o sol volte a aparecer e a me brindar com suas cores e energia. Deve ser isso, última esperança que (em breve?) deixarei.

Monday, June 04, 2012

Presentes

Tenho um amigo que faz aniversário por esses dias, e ando à procura de um presente para ele, alguma coisa de especial, que revele o quanto ele é querido. O problema é que nos conhecemos desde crianças, mas sei muito pouco de suas preferências. Será que a gente chega a conhecer o outro, algum dia?
Tenho o péssimo hábito de "construir" as pessoas ao meu redor. Conheço Fulano e Beltrano, Sicrana e Virana, mas o que sei de cada uma dessas pessoas? Retalhos… Uma gosta de coisas africanas, outra prefere coisas de grife; um adora poesia, outro coisas de tecnologia; um é de praia, outro de montanha… Sei que praticamente todos os meus amigos gostam de ler, e isso dificulta: provavelmente eles já leram os livros que penso em dar. Houve um tempo que eu dava ótimos CD's, músicos que aprendi a garimpar graças ao interesse do Guilherme por jazz. Agora, no entanto, ninguém escuta mais CD's…
E eu, graças à minha própria personalidade ansiosa, e que fui ensinada que não devemos deixar a conversação "morrer", acabo por interromper silêncios que poderiam levar às confidências, para ficar contando coisas que aprendi em livros. Aliás, uma vez, uma amiga me perguntou se eu nunca tinha vivido alguma coisa, pois só falava sobre o que tinha lido… Aí está o problema: nunca li uma biografia de meu amigo, e ser apenas uma testemunha de sua vida não me habilita a conhecê-lo, pois só conheço o que leio.
Este é meu grande defeito, e minha maior qualidade: sou uma leitora, vivo através de minhas leituras, roubo as experiências dos outros e as transformo nas minhas emoções. Nossa, será que sou mesmo assim? Não sei, ainda não li a minha biografia ;-)


Saturday, June 02, 2012

Mudei!
Não consegui usar as duas primeiras fotos que escolhi, mas essa também me deixa feliz: é o meu abraço aos leitores, e a acolhida que sinto entre os livros.
Estou contentinha, por enquanto.
Não posso deixar de comentar a notícia que saiu no jornal hoje: Tradução no Nook adultera texto de Tolstoi. Num arroubo de imbecilidade, ou de fidelidade, a pessoa que fez a revisão (pois um tradutor, por mais traidor que seja, seria incapaz de tal nonsense) substituiu todas as ocorrências do verbo to kindle, um legítimo vocábulo que em português equivale a acender laboriosamente uma chama, para o neologismo to nook, o que transforma o livro numa piada.
Adoro o moderno, sou uma incompetente fã da tecnologia, mas essa loucura me faz lembrar as palhaçadas do vocabulário politicamente correto. Imaginem a próxima tradução do romance de Stendhal: O vermelho e o afro descendente…
Com essa, me calo!

Friday, June 01, 2012

De amores e de amigos

Estranho a nova aparência de meu blog. Quando tiver um tempo e aprender mais um pouquinho, mudo tudo!
Por hoje quero apenas comentar a linda noite de lançamento de O amor acontece. Só que já parece que faz um ano que aconteceu e, no entanto, foi só anteontem! Os dias parecem correr mais depressa, e eu me espanto com tanta velocidade. Creio que funciono melhor no tal do tempo psicológico, que encolhe e estica de acordo com as emoções. Quero prolongar os momentos felizes, mas eles passam rápidos demais. Mas os momentos de tristeza, ultimamente, também andam se atropelando e eu me sinto como nas aulas de piano, incapaz de acompanhar o ritmo indicado.
Estou de novo martelando as teclas e os ouvidos pacientes de meus vizinhos. Estou na terceira aula, a caminho da quarta. Para comemorar, comprei dois métodos de piano e dois livros com musiquinhas que executarei sem dó nem piedade! As cinco notas da mão direita já estão aprendidas. As da mão esquerda… quase. Dó, si, lá, sol, fá. Difícil encontrá-las na pauta, embora nas teclas não seja tão mau. Mas vejam a minha ambição: parcamente alfabetizada, já vou em busca de livros e me encanto quando toco alguma coisa parcamente identificável!
E, se isso acontece na música, imaginem no meu lado escritor: mal acabo de publicar O amor acontece já estou fazendo planos para O amor acaba. Pode parecer o oposto, mas não é. Também é um livro muito alto astral, com muito humor, só que trabalhando uma angústia feminina, a de perder o companheiro no momento em que o relógio biológico se acelera! Passando do desespero ao bom humor, minha heroína dá a volta por cima e é assim que o amor acaba…bem!
Isso tudo enquanto escrevo um trabalho sobre Jorge Amado, que vou apresentar em Lisboa e no Cairo, preparo aulas sobre Proust e termino o romance sobre Rimbaud! Não admira que eu anseie por um relógio mais camarada.

Vou, então, à prática do piano. Depois, às leituras. Mas aqui fica uma foto do amor acontecendo na Livraria Argumento.