Sunday, May 19, 2013

De viagens e leituras…

Que vergonha! Mais de um mês e meio sem aparecer por aqui, que me desculpem os leitores.
Entre viagens e leituras, não consegui arrumar tempo para minhas divagações. Ou melhor, divagar até divaguei, mas silenciosamente, como compete a uma viajante em terras estrangeiras que não queira ser olhada como maluca. Levei computador a tiracolo, é bem verdade, mas nem sempre tive acesso a internet. Alguns leitores que também frequentam o Facebook poderiam objetar que andei postando pensamentos desconexos e fotos por lá. Mas acontece que o celular tem 3G e o computador necessita de rede wi-fi. Consigo escrever uma ou outra coisinha naquela telinha mínima, já adquiri alguma expertise na publicação de fotos, assim sendo, faço o que posso para me manter "existindo" nas esferas virtuais. Mas blog é coisa caseira, de teclado e tela grande, com um tempinho para elaborar os pensamentos com um pouco mais de cuidado.
As viagens foram variadas. Primeiramente, para Ilhéus, onde fui surpreendida pela imbricação de realidade e ficção.  Só faltou que Gabriela e Nacib esbarrassem em mim, se bem que em algumas curvas e sorrisos eu pudesse suspeitar o parentesco com a morena cravo e canela, e bigodes bastos me trouxessem, a todo instante, a certeza de que por ali havia passado um turco. A terra de Ilhéus é doce, seu povo acolhedor e festeiro – as roupas são justas demais, sensuais demais, coloridas demais para meus olhos desacostumados –. As comidas são saborosas e fartas, as bebidas nunca são frescas o bastante, o calor deixa a todos um pouco lentos, mas o mar… a praia que se estende a perder de vista, e que quando chegamos até a virada, se estende ainda mais longe, convidando-nos a nos perder no infinito…, esse mar de águas morninhas e ondas suaves é qualquer coisa de paradisíaco. E os alemães, que não são nada bobos, já descobriram isso e são agora os novos baianos, dourados, avermelhados como cajus.
Depois foi uma ida aos EUA. Texas, Kentucky e Arizona, com direito a um dia e uma manhã em NYC. Fiz uma viagem extraordinária, em termos de belezas naturais e de alegrias emocionais. Visitando a família, participando de atividades literárias, descobrindo um outro tipo de deserto, e voando sobre montanhas cobertas de neve, cada dia trazia uma nova surpresa e uma nova maravilha. A cereja no bolo foi NYC, com sol e temperaturas perfeitas, e sua inesgotável oferta de arte e vida.
Voltar para o Rio, resolver coisas pendentes, tomar novo impulso e partir, desta vez para Connecticut, para a quietude de CT,  para o frio e o vento, e as lembranças.
Viagens diferentes, mas todas muito prazerosas. Mas… estou cansada, e não adianta reclamar pois a vida me atropela, com suas exigências, suas tristezas, novas preocupações, prazos e compromissos. Atordoada, me refugio frente ao computador e releio os dias passados, aqui.
Quanto às leituras, são leituras modernas: enquanto os olhos e o dever me deixavam presa a Rimbaud, a curiosidade me fazia comprar livros escutáveis na "audible.com".  Agora que, finalmente, perdi o medo do i-tunes, me deixei levar e, ao invés dos meus tradicionais Books on CD, comprei uma voz que fala comigo pelo telefone, contando histórias.
Foi assim que já me inteirei do Inferno de Dan Brown, uma pobre releitura da Comédia de Dante, e das obras de arte relacionadas a ela. Pela voz virgiliana, fui seguindo o poeta pelas ruas de Florença, revisitando palácios, jardins e igrejas, atravessando pontes, que acabaram me levando a Veneza, uma Veneza totalmente diferente da minha, embora reconhecível. A trama é polêmica: alerta para a necessidade de dar um basta ao crescimento mundial, e o cientista "mau", ao final, revela-se "bom", uma vez que estereliza um em três dos habitantes mundiais, tendo chegado à conclusão que a "peste negra" tinha a exata proporção de extermínio necessário para o controle da superpopulação. E essa história de uma heroína careca e de um cientista maluco e suicida fez do sr. Brown uma pessoa rica e cheia de prestígio. Acho que vou procurar uma torre para me jogar, antes que eu seja caçada por um DRONE por não entoar loas irrestritas. No entanto, admito que os livros do Sr. Brown são altamente divertidos. Gosto deles, embora os critique.
Faço críticas também ao Great Gatsby, filme que assisti sem o 3D, mas que me horrorizou mesmo assim. Um tiro n'água. Um engano. A sensibilidade do passado desfeita num espetáculo fútil de modernidade. A atriz que eu tanto gostei em Education transformada num caniço lacrimejante, sem a trêmula futilidade em que Daisy se refugiava; Leonardo Di Caprio tentando nos fazer acreditar num idealismo que ele nem sabe o que seja. Uma droga. E, já que falei em filmes, recomendo o Kontiki, esse sim, cheio do idealismo e da vitalidade de uma geração que procurava reencontrar motivos para acreditar em si mesma. Simples, verdadeiro e muito bom.
E, já que falei tanto, porque não falar mais um pouco e dar uma examinada na TV? Um show horrível, que não leva a nada, mas que faz muito sucesso e em breve, sem dúvida, estará no Brasil é Cupcake Wars. Indescritível. Quatro equipes de lojas de Cupcakes competindo para ver quem fará os Cupcakes de eventos variados…
Meu queridinho da vez é Downton Abbey. Lindo, cuidado, com excelentes atores… Mas, como não há  nada perfeito neste mundo, parece que o sucesso subiu à cabeça de alguns, e isso os levou a abandonar a série, que se adapta a essas perdas. Tomara que a qualidade não caia.
E fico por aqui. O trabalho me chama!