Sunday, February 27, 2011

Scliar

Hoje perdemos uma pessoa admirável, o nosso querido Moacyr Scliar. Gostava de ficar escutando suas histórias, pois ele era um exímio "contador". Ele, modesto, dizia que tinha aprendido isso com o pai. E até contava alguns casos do pai. Mas o que ele contava mesmo bem eram histórias da mãe: sabe como é, mãe judia, em seus extremos amorosos, parece mesmo obra de ficção. E a gente ria, escutando ele contar coisas que deviam remexer o mar de saudades que ele carregava dentro de si. Outras histórias eram sobre o filho, o único filho, que não gosta de ler (segundo ele contava, talvez para fazer graça) e as estratégias que ele inventava para obrigar o filho a ler. Só que eu ficava pensando que, se o Moacyr Scliar fosse meu pai, eu provavelmente não gostaria de ler também, pois quem não quer ficar escutando alguém nos contar histórias e nos divertindo em conjunto ao invés de ir para seu quarto e ler sozinho? Quem tem uma pessoa que conta histórias em sua casa, e conta bem histórias, só passa a ler quando o repertório do contador se esgota. O problema é que, com sua criatividade, as histórias de Scliar iam se multiplicando, sempre novas, sempre saborosas. Compreendo seu filho, e sei que agora ele há de procurar nos livros os ecos de sua voz, e encontrará consolo na leitura.
Vai em paz, Scliar, e que não te faltem histórias para contar e escutar pela eternidade. Nós sentiremos sua falta, mas honraremos sua memória e sua generosidade com nossas lembranças.
Desculpem andar escrevendo pouco aqui no blog, mas estou soterrada de trabalho e meio paralisada de tanta desorganização. Se eu sobreviver, voltarei com força total depois de Abril, o mais cruel dos meses! Quem sabe até pronta para dançar um tango?

Monday, February 14, 2011

FUNK!

Descobri o Funk. Tardiamente, é verdade, ele já anda por aí há um tempão. E eu já tinha ouvido, e reclamado muito dele. Da última vez que fui para Angra, um vizinho montou um quiosque na praia e brindou a todos com suas preferências musicais até altas madrugadas. Detestei, e continuo detestando isso, pessoas que esquecem que os outros podem estar no mood para uma canção romântica, ou para uma daquelas poderosas e catárticas músicas de fossa. Só que agora estou indo para uma aula de ritmos, na minha academia. E dançamos de tudo, de samba a bolero, de axé a funk. Bem, quando digo "dançamos" quero dizer que os outros dançam e eu me atrapalho, mas é divertido, e alegre, e é o único exercício físico para o qual vou bem disposta. Não sei quantas aulas aguentarei, pois fico literalmente exausta. O som é de boa qualidade, até mesmo o funk é legal, assim em pequenas doses, misturadas a outras músicas.
Amanhã o Ari, professor bailarino que, no uniforme da academia, me faz lembrar o cisne negro, vai dar uma aula de ZUMBA, uma novidade, patenteada pelos gringos, que mistura uns ritmos latinos. Ele avisou que a gente pode levar quem quiser, vai ser uma aula aberta ao público: Então convido: TODA A GENTE! Amanhã, dia 15 de fevereiro, às 12:30, na Body tech da Ataulfo de Paiva. É só dizer que é convidado do Ari. Compareçam, embora eu não possa garantir que dançar zumba seja tão divertido como dançar, muito mal, o funk.

Tuesday, February 08, 2011

Um beijo no Jabor

Leio hoje no Jabor, que fala sobre Picasso, a seguinte frase: "A morte acontece, mas não existe. Só existe a vida".
Não resisto e sapeco-lhe um beijo! Um beijo pelas palavras entusiásticas sobre Picasso, um beijo pela frase, verdadeira (se morrer é deixar de ser, então a morte não é). Um beijo que me tire o amargor de não ter ido a Paris ver Basquiat, Monet, Van Gogh…
Mas também lhe aplico um pequeno puxão de orelha: Que esnobismo é esse de não ir a Museus no Brasil?! Corra, menino, vá ao CCBB e veja a exposição de Escher. Você pode ter ido ao museu dele na Europa, pode ter visto retrospectivas suas em NY , mas em nenhum outro país verá seu próprio povo, aquele que não tem como pegar um avião para tomar suas pílulas de cultura, se deliciando e sendo estimulado pelas instigantes criações do mestre. A exibição é dupla: de um lado, os trabalhos, de outro, o público. Se Escher pendurado em paredes brasileiras não lhe interessa, vá e olhe para os rostos de adultos e crianças, absolutamente encantados, divertidos, absortos na contemplação e decifração das ilusões.
Mas, aproveite que já está no centro e dê uma chegadinha no MAM. Tem jovens brasileiros que fazem arte vibrante e empolgante. E visite os outros museus, dê o exemplo, e talvez, assim, um dia a gente não perca mais nosso patrimônio para outros museus e se veja obrigado a conhecer o Brasil no estrangeiro…

Sunday, February 06, 2011

Chá de telômero, creme de sirtuína

Quem me lê com frequência sabe que sou uma cientista frustrada. Estou sempre me maravilhando com a criatividade da ciência! O mundo continua o mesmo, mas os cientistas estão sempre mudando de discurso, né não? E me maravilhando!
Agora saímos do Eldorado e de sua fonte da juventude e passamos à casa de chá onde todos os sonhos se realizam. Imaginem as amigas se reunindo para um chazinho da tarde, um chá de telômero, que o mundo pode ainda não saber, mas está presente nas folhas de uma planta amazônica ainda não catalogada, mas já à venda naquela casa transadinha na fronteira entre Ipanema e Leblon. Nos dias de calor, um sorvetinho cai bem, e é o sabor creme com sirtuína o que virou campeão de vendas da Mil Sabores. E é assim que as cariocas antenadas pretendem manter sua juventude eterna. Algumas começaram a se preocupar com isso mais tarde, já não há muito o que conservar. Outras, ainda na infância, se preservam, evitando que o tempo faça das suas em suas bochechas eternamente infladas e em seus olhos para sempre abertos, contemplando o mundo com o espanto inaugural de cada dia.
Desta vez, no entanto, não foram as notícias científicas que me deixaram boquiaberta, mas um anúncio que me revelou novas possibilidades de beleza: a CAVITAÇÃO! Tinha uma vaga ideia de que o termo se referia a coisas de engenharia e fui correndo para o Aurélio, confirmar.
Cavitação está lá. 1. Fis. Formação de bolhas de vapor ou de gás em líquido por efeito de forças de natureza mecânica, 2. Eng, Ind. Restr. Formação de bolhas de vapor na superfície de um sólido que se move em um líquido. No entanto, a firma que oferece a nova técnica diz que esta é uma alternativa à lipoaspiração. (Troque sua gordura por uma bolha de vapor!) Isso está me cheirando à cavilação!… (Ora! Vão vocês ao dicionário e aproveitem para descobrir o significado de Cazuza, ali pertinho…)
Aí me lembro de que, na sessão de ciência, do jornal, falavam do uso das células-tronco de lipoaspiração para rejuvenecer a face. Se optarmos pela cavitação, perdemos as células-tronco? Volto aos segredos estéticos de minha avó: tutano batido e deixado ao sereno, que servia para… Ih! Esqueci! Só me lembro que era um creme muito fedorento. Mas as células-tronco deviam estar lá. Afinal, tutano não é medula óssea? A danadinha já sabia! Pena que eu não aprendi a cavitar (êpa, isso existe?) a mistura de tutano, que talvez servisse para curar as dores provocadas por um Cazuza. Ah, que sei eu?! Volto às minhas fantasias, à espera que me convidem para o chá, ou o sorvete. Por enquanto, vou tentando o chá verde, mas o que me agrada mesmo é a receita do vinho tinto. Faz bem? Dizem que, para fazer bem, eu precisaria ficar vivendo dentro do barril de vinho. Portanto, tomo meu vinho tinto (no inverno) e chá gelado no verão e fico feliz, mesmo sem resultados. Agora a Elza Soares, acho que foi ela, recomendou o mate. Eu, que não tenho parceiro, não preciso dele para nada, a não ser para me refrescar nos dias de praia. Então vou ficando por aqui, esculpindo, com palavras, minhas máscaras de comédia.
Boa semana para todos. E não deixem de assistir Cisne Negro, um filmaço!