Tuesday, September 27, 2011

O silêncio dos …

Acabo de assistir a um bate-papo mediado pelo Marcelo Moutinho cujo tema era o silêncio dos escritores. Acho divertidas essas reflexões que a gente tem que fazer, tipo falar sobre o silêncio. Até porque, outro dia, estava numa mesa de bar falando sobre os tipos de silêncio. Sincronicidade? Antigamente a gente dizia que era coincidência. Agora tem de analisar. Estamos viciados em interpretação. Mas, voltando aos silêncios: O silêncio no interior, naquelas noites escuras de sertão, é o silêncio mais barulhento que já escutei em minha vida. E até hoje esse silêncio me deixa angustiada e tristonha. E com medo. Nele escuto gritos de animais não identificados, ameaças que não consigo traduzir, zumbidos de insetos que me consideram apetitosa… Fujo desse. Gosto do silêncio à beira mar, que também é barulhento, concedo, mas embala. As ondas quebrando, a gente julga que elas têm um ritmo. Vez por outra uma gaivota grita. Os barcos rangem ou sacodem seus artefatos metálicos ao sabor do vento, e criam música.
Geralmente, ao longe, a gente pode escutar os ruídos abafados de algum jogo de vôlei, ou uma pelada de praia jogada ao entardecer. E tudo isso vem misturado ao cheiro bom de maresia, um cheiro fresco, saudável, mas que a gente renega pois indica a umidade que vai estragar eletrodomésticos e fazer a roupa cheirar a mofo. Mas quem é que pensa nisso, à beira mar, com um bom livro? Ou, se a noite já caiu, quando se passeia, de banho tomado, apreciando a brisa que sopra para secar nossos cabelos com brincadeiras sem fim? Essa me parece a moldura ideal para doces palavras de amor. Melhor ardentes, pontuadas por beijos. Aqui solto um suspiro de saudades.
Mas volto ao silêncio, desta vez dos escritores. Escritor faz silêncio? Sim, enquanto escreve, ele se mantém calado, na escuta das vozes interiores. Mas, como se passa muito tempo em silêncio, na frente de um computador ou de um caderno, quando a gente encontra um público disposto a nos ouvir, falamos muito. E nos esquecemos de que somos muito melhor por escrito. Já escutei muita bobagem por aí, já falei a minha quota de bobagens e vou seguir ouvindo e falando, enquanto der. Mas sempre saio das palestras pensando que poderia melhorar minha "redação". Viver por escrito é mais suave, dá tempo para fazer revisão. Quando silenciamos e escrevemos podemos ouvir a nossa própria respiração, podemos escutar a respiração do outro. Damos asas aos pensamentos, os nossos e os dos outros. E é em silêncio que percebemos uma outra linguagem que se manifesta em gestos, às vezes inconscientes. E é nos silêncio que podemos ler os sorrisos, os olhos revirados, o abanar de cabeça os pequenos sinais que os outros nos dão, e que servem de jangadas nas nossas tempestuosas ondas de palavras.
Perdoem-me então, aqueles que andavam com saudades aqui do blogue. Andei falando demais, escrevendo de menos. Silenciarei para poder usar melhor as palavras. E deixo vocês com ainda um outro tipo de silêncio, esse nosso impossível silêncio urbano, feito de ruídos de trânsito, de gritos de criança, de cantos de alguns pássaros, de marteladas distantes, de motores de helicópteros, de aulas de música. Esse silêncio que nos avisa que pertencemos a uma cidade viva, ainda amável, mas muito bagunceira.

Monday, September 12, 2011

Rua Vermelha, nº 13






Numa pousada literária (Capitães de Areia) passei esses dias de FLIMAR, entre a Praia do Francês e Marechal Deodoro. A pousada é uma graça, a um quarteirão da praia, uma piscininha gostosa que não experimentei, pois sou amiga de mar e o daqui me chama com suas águas quentinhas e transparentes, suas ondas quebrando no recife e formando penachos brancos só para me impedir de ler os livros que carrego comigo para a areia, caso me canse do mar e da paisagem. Isso não acontece, e os livros foram e voltaram, todos os dias, sem serem abertos. Mas de noite, fiel, volto a eles e me entrego à leitura de coisas novas, que fui ganhando por aqui. Desde as Letras do Junco, cidade que virou Sátiro (Dias) por obra de algum político, a poemas e jornais, leituras mais ou menos amenas, conforme o estilo dos autores, mas sempre prazerosas. Pois esta aqui é a terra de Nossa Senhora dos Prazeres, que merece toda a minha devoção. E, como meu maior prazer é a leitura, a esta devoção me entrego com desvelo a cada noite.
Estou aproveitando o pouco tempo de wi-fi que me resta, antes que o motorista venha me buscar.
Termino, portanto, aproveitando para postar algumas fotos, igrejas e casario de Marechal Deodoro e algumas curiosidades que me deliciaram e espero que encantem a vocês também. Reparem na terapia que vim aqui fazer e no vídeo de radicais livres que me deixou intrigadíssima!

Sunday, September 11, 2011

FLIMAR






Acabou-se o que era doce. Vim para cá, Marechal Deodoro, no estado de Alagoas, no dia 7 de setembro. Quem me conhece sabe de meus amores por essa terra deslumbrante. Alagoas tem praias lindas, algumas das mais lindas do mundo. E eu só conheço um pouquinho daqui. Esta foi a quarta vez que vim para cá, e não consigo ir além da praia do Gunga e das falésias que são ali próximas. A primeira vez que visitei Maceió foi com a Helena, que tem amigos por aqui. Depois vim pelo SESC duas vezes e, desta vez, vim pela FLIMAR. Pena que não tive chance de ficar aqui no computador, alimentando esse blog. Tenho tantas coisas para contar! Conheci pessoas maravilhosas, realmente encantadoras. Reencontrei pessoas fantásticas, que adoro, desde tanto tempo (5 anos, já!). Encontrei outros escritores, alguns que ainda não conhecia, outros com quem não tinha tido ainda o prazer de conversar melhor, embora já houvesse uma simpatia e alguma relação de amizade. Estreitar laços, aproveitar abraços carinhosos, conseguir a fã mais fofa da FLIMAR, a Maria, filha do Flávio Carneiro. Foi uma experiência muito gratificante, cheia de alegrias.
A programação da FLIMAR foi variada, com gente boa dando boas palestras. Por enquanto, contentem-se com as fotos das belezas locais, do bichinho preguiça e da sereia da praia.