Tuesday, January 13, 2009

Releitura

Relendo o que escrevi ontem, tive uma sacada: o momento em que se começa a envelhecer é quando a gente pensa como eu -- não sou, fui. Aí, já era. Acabou-se o que era douce, como eu dizia quando era pequena... Voltando, então, ao filme, aqueles homens acabadinhos, gastos, de gestos endurecidos, olhares incertos, podem parecer velhos, mas não estão nem um pouco velhos. Eles SÃO, acreditam ser, têm apetite para ser e se entregam, sem cerimônia, ao espetáculo de viver. Pois, outra sacada, viver é um espetáculo -- vivemos para os outros, contracenando, expondo ou impondo, dissimulando, enfrentando...
Gente, estou filosófica demais. Vou ficar caladinha até passar, prometo.
Mudando de assunto, mas continuando no clima de tristeza não tem fim, a revistinha eletrônica Histórias Possíveis, fundada pelo André de Leones vai acabar. Dia 31 de janeiro é a última edição. André cansou, e como ele era a alma da HP, sem ele nós nos debandamos. É uma pena terminar assim em pleno verão: carioca começa tudo no verão, tem um gás extraordinário nesta estação. Eu, que extreei num verão -- bem numa terça-feira de Carnaval -- sou meio assim. Reclamo do calor, mas adoro os dias de verão, principalmente os de praia, e sempre me encanto com as mudanças que se operam nos cariocas (nos acidentais também) durante o verão. É época de namoro, de roupas graciosas, de cabelos molhados e rostos corados, de turma reunida tomando sorvete, ali na boca da noite, aproveitando que "refrescou". É época de olhadas surpreendidas para o relógio e de exclamações do tipo: Quêêê?! Sete e meia, jáááá? Mas ainda está tão claro.... Nem senti o tempo passar! Pois o tempo não passa, no verão. É uma estação mítica, com partidas de vôlei, bicicletas, frescobol apesar dos pesares, futevôlei e chuveirinhos.
Bem, o tempo não passa, mas o relógio não para, e eu vou ter que sair. E só volto com coisas alegres e divertidas, prometo.

1 comment:

Anonymous said...

Lúcia, pegando um gancho na sua crônica..................Quem enxerga o tempo? Na infância não temos nenhum conhecimento do tempo cronológico de nosso corpo, na adolescência começamos a nos incomodar com as transformações com o tempo que modifica nossa voz, corpo e humor. Na juventude o tempo é favorável para qualquer atividade, qualquer vontade, qualquer aventura. Aos trinta a decepção que de as mudanças estéticas nos mostram no espelho.

Aos quarenta em uma manhã qualquer, acordei de pijama fui ao banheiro, me olhei no espelho e me perguntei “ Quem é esse velho dentro do meu pijama”, cabelos brancos, pés de galinha no rosto, nariz caindo a ponta, pelos na orelha e manchas de sol na pele. Tratei rapidinho de colocar a cor castanho claro nos meus cabelos, ir ao dermatologista para ele desfazer milagrosamente as rugas em volta dos olhos, comecei a passar filtro solar fator 30 no rosto e mãos e voltei a me sentir com trinta anos.

Hoje chegando perto dos cinqüenta anos, continuo atento a minha estética, mas percebendo que sou melhor em tudo, melhor quando tinha 15, 20 , 30 e 40 anos...........

Beijos Márcio Galli