O que diferencia o seis da meia dúzia? Nada, dirão os mais práticos ou os menos detalhistas. Tudo, digo eu -- toda uma indagação filosófica pode ser levantada de uma coisa básica assim. De um lado o indivíduo, do outro o social; de um lado o absoluto, do outro o relativo, de um lado Portugal, do outro Brasil.... De um lado a solidão, do outro o grupo; de um lado o dia, do outro o mês, e é assim que revelo as voltas que o pensamento dá.
Resolvo escrever para guardar aqui, e talvez ruminar depois, uma inquietação que plantaram em mim, via TV. Falando do Obama, e aqui aproveito para fazer uma digressão: que diferença faz uma letra! -- o repórter dizia que ele não demonstrava emoção com as grandes vitórias que vinha conseguindo. Um homem que não se emociona será um homem? -- pergunto eu. E o repórter continuava: ninguém sabe o que pode esperar com ele. Um candidato sem programa pode ser levado a sério? -- pergunto eu. Mas porque eu deveria me preocupar com as eleições americanas? Na verdade, não ligo muito, apesar de saber que o que acontece por lá nos afeta aqui. Mas me interessei por algumas razões, e aqui vai uma delas: minha xará me disse que não sabia por que, mas estava torcendo pelo Obama. Outra: essa indiferença olímpica que ele demonstra. Mais uma: o relançamento de O presidente negro, de Monteiro Lobato, livro em que ele fala da disputa entre um negro e uma branca para a presidência dos EUA.
Como disse, deixo aqui as inquietações para ruminar depois. Agora vou voltar para Bauman, para Benjamin, para a difícil tarefa de compreender o presente sem esquecer o passado.
1 comment:
No seis por meia dúzia, lembrei-me de uma afirmação que já escutei,leviana, de que para o Brasil é indiferente se o presidente dos EUA é democrata ou republicano. Na mesma hora respondi que foi um democrata (o Jimmy Carter) que, em 1977, começou a pressionar o governo militar brasileiro no quesito fim da tortura e defesa dos direitos humanos (o Geisel se aborreceu tanto que denunciou o acordo de cooperação militar BRxEUA). Existe toda uma diferença. E outra grande entre Ms. Clinton e Mr. Obama. Concordo que já pensei sobre tudo isso que você bem colocou. Concordo, também, que você tem seu BB (Bauman e Benjamin), e eu meu Festival para terminar. Bacci, Eugenia.
Post a Comment