Outra descrição digna de nota são os "olhos fragmentados". Fiquei lembrando de Machado. Num, o perigo, noutro, a desconstrução, quase pós-moderna. Olhos fragmentados: uma escolha vocabular tão inesperada, que nos obriga a pensar que, afinal, Picasso já estava pintando e fazendo sucesso nesta época. Quando foi que o mundo passou a ser visto como um caleidoscópio? O impressionismo, o fauvismo, o cinemascópio, tudo isso revelava uma nova maneira de olhar, que nos afastaria cada vez mais da UNIDADE. Um mundo que se desfaz, visto por olhos fragmentados. Impossível harmonia, como diria Alejo Carpentier, anos mais tarde, em seu Concerto Barroco.
Bem, depois de amanhã tem mais um encontro no Telezoom. Mais labirintos, desta vez, espero, com o powerpoint funcionando direitinho. Meus slides estão bem bonitos. Os contos que escolhi para comentar são excelentes. Tomara que tudo dê certo.
Agora vou a Mariátegui, a Sérgio Buarque de Holanda, a Nélida Piñon. Mistura de UFF e Rascunho que vai ampliando a fragmentação de meu olhar.Pois, foi com Mário de Andrade que aprendi que é preciso ser trezentos, ser trezentos e cinquenta.
3 comments:
Vou reeenviar por um erro de digitação fundamental: eu dizia que a sua observação sobre a expressão "olhares fragmentados" é preciosa, no sentido de relacionar a experiência estética e sensorial de Proust com as experiências visuais daquela época. Desde então, a arte deixou de ser uma linguagem sistemática e sim - como alguém já escreveu -, "it just has the look of one".´Maravilhosa a sua observação. Vai me fazer observar outras coisas.
é lúcia. c tem uma pegada com as palavras que chega a me causar sorriso.
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