Sunday, August 31, 2008

Recife dos meus amores!

Se existem dias perfeitos, eles são passados no Recife! Adoro essa cidade com seus mares de sereia, pois aquelas águas são da temperatura certa para criar sereias e outros seres encantadores em sua hibridez e sedução. E como são belas, as praias, que acho que os habitantes já nem se dão conta de sua beleza. Eu, com meus olhos cariocas, olhava o mar muito verde, leitoso, os recifes negros, a espuma das ondas brancas que ora formavam penachos, esguichos de fontes, ora se derramavam pelos degraus de rochas (ou corais, não sei) e pareciam imitar cachoeiras. Nas piscinas naturais, os peixes pequeninos se misturavam às crianças e a alguns adultos que, deitados na água morna, conversavam coisas preguiçosas e sonolentas, ou ficavam calados, contemplando o céu e as nuvens, abrindo e fechando os braços e pernas, num ballet do qual não tinham consciência. Eu, carioca, procurava as ondas, desafiando os cartazes que me prometiam tubarões. Pois os tubarões estavam de folga neste fim de semana, talvez afugentados pelas jangadas com propaganda eleitoral, ou pela música tocada pelos mercadores de MP3, numa orgia de canções agradecendo a Jesus, que os havia salvado de todos os males, menos o da pirataria.
O SESC continua seu trabalho ímpar, impressionante, e nestas horas eu fico feliz, e acredito que meu país tem jeito. Aquelas trinta pessoas que estavam na platéia, em busca de soluções para fazer as pessoas se interessarem por literatura, me encheram de esperança. O SESC de Santa Rita tem um espetacular "Laboratório de Autoria Ascenso Ferreira" -- e lá espero que germinem muitas sementes para a criação e a fruição da literatura. Quem frequenta esses ambientes criados pelo SESC só pode se sentir valorizado e estimulado. Não canso de elogiar, por exemplo, o fenomenal colégio que eles criaram aqui no Rio. Este projeto devia estar em todos os jornais e revistas do país, todos os olhos da nação deviam se voltar para lá, e todos nós devíamos estar torcendo para que essa iniciativa dê muito certo. Quem conhece as instalações, a equipe de professores e a dedicação de todos os envolvidos se encanta totalmente.
Mas não quero que pensem que elogio porque ganhei o prêmio SESC -- elogio porque, depois que ganhei o prêmio, é que fiquei conhecendo tudo o que eles fazem de bom. Eles precisavam de que os holofotes fossem voltados para suas iniciativas, para servirem de exemplo!
Agora que voltei, dei uma lida rápida nos comentários e agradeço com muito carinho, o carinho e a compreensão de meus leitores. E acolho com muita simpatia o Ivan, futuro pianista que vai tocar, em dueto comigo no Municipal -- a gente só não sabe é quando! Vera Helena, mesmo distante, suas palavras me deram aconchego e conforto. É bom ter amigos, mesmo virtuais. Um dia a gente se encontra.
E, por falar em encontros, encontrar os amigos de Recife foi muito bom! Fazer amigos em Recife também foi muito bom: terra de gente acolhedora e carinhosa, conheci, em Olinda, Izabela e Geruza, escritoras também. Conheci, finalmente, o Marcus Accioly, poeta de grande sensibilidade e muita erudição, mas de uma simplicidade e simpatia comoventes. Raimundo Carreiro, Marcelino Freire, também foram companheiros de conversa e boteco nestas festas literárias que agitaram a cidade. Marco Polo Guimarães, meu querido poeta das ruas do Recife, com seus versos cheios de luz e cores, foi pena que nossas atividades estivessem programadas para o mesmo horário. Mas foi bom trocar abraços e conhecer Angeli e Alana.
E que dizer da grande e tocante homenagem que Zezé e eu recebemos por parte de Breno Fittipaldi, que nos dedicou a peça encenada ontem? E da comenda que recebemos? Pois é, mais respeito pois agora sou COMENDADORA!
Fico por aqui. Voltar de viagem é sempre complicado, lidando com saudades e vazios...

2 comments:

Paulodaluzmoreira said...

A gente se encontrou no Rio no simposio. Satisfacao ver aqui o seu blog e suas outras atividades tao interessantes. Adoraria ler seu livro de contos. Tenho um blog tambem [paulodaluzmoreira.blogspot.com]

Vera Helena said...

Cara Lúcia, fico feliz que minhas palavras a confortaram. Perdoe-me se, às vezes, forço na amizade, mesmo sem conhecê-la, mas é que me sinto como tal, suas palavras me tocam de tal forma, que já me sinto íntima delas.

Beijos