Na Alemanha fomos recebidos com sol. Era a última etapa da excursão, já estávamos mais experientes, mas, ao invés de um pouco mais folgados, graças à despedida de uma parte do grupo, ficamos foi mais apertadinhos, num novo ônibus ainda mais desconfortável que o anterior e com novas pessoas de um hotel ainda mais distante do que o nosso. Pois os hotéis eram de duas categorias: distantes, mas de boas acomodações ou próximos, mas horrorosinhos. Em Praga estávamos num no final de uma das linhas do metro. Não era mal, só a comida é que era terrível. Fugimos de nossas refeições de internato e comemos no centro da cidade, sempre. E, no café da manhã, depois da primeira decepção, passamos a trazer nossa própria comida e só aproveitávamos o café...
Mas a Alemanha foi generosa: sol, bom hotel, boa comida e localização perfeita -- Alexanderplatz, a um pequeno passeio de Nikolaiviertel, do Museumsinsel, do Berliner Dom. Com condução para todos os lados da cidade e uma profusão de bons restaurantes que nos deixavam sem saber para qual ir. Antes de Berlim, porém, uma pequena parada em Dresden para o nosso deslumbramento. Que milagre, a reconstrução desta cidade, bombardeada desnecessariamente, e com tanta violência que os incêndios provocaram uma espécie de turbilhão de fogo que sugava as pessoas para seu âmago. Não há sinais disso, agora. A cidade se revela em toda sua beleza, em alegria de viver. Custava-me acreditar na sua prévia destruição. E passeei por ali com gosto, embora quase sem tempo, tendo que abandonar as vistas e os prédios, e seguir adiante, para conseguir alcançar o ônibus que já estava pronto para partir.
Em Berlin, passeamos. Não deu para ir a nenhum concerto, pois a orquestra estava de férias. Nem deu para perambular por nenhuma rua, sem destino, descompromissados. Havia que visitar o Pergamon, havia que pagar nossos respeitos à Nefertiti, havia que levar os amigos à Kadewe, passar pela Unter dem Linden, pelo Adlon, pelos monumentos famosos e museus extraordinários. E eu ainda queria ir até Potsdam, para ver o palácio do rei filósofo, e conhecer o quarto que hospedou Voltaire, por três anos, dar uma olhada na biblioteca, ciosamente vedada a estranhos, olhar os jardins e o túmulo de quem preferiu ser enterrado à noite, junto a seus cachorros, num túmulo sem pompa, mas de enorme dignidade, onde alguns admiradores depositavam batatas, cuja cultura ele tanto se esforçou para introduzir em seu reino.
Depois, as despedidas. O grupo se desfez. Amigos recentes indo para Portugal e Galiza, eu e N. embarcando para a Roma alegre e quente, cheia de canções de outros festivais...
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