Transmitimos a nossos filhos muito mais do que suspeitam as vãs filosofia e genética. Também legamos simpatias e superstições; preferências; manias, coisas que não pretendíamos transmitir, mas que vão passando sem que a gente atente nas próprias fraquezas ou qualidades.
No meu caso, passei o legado de minha simpatia pelo horóscopo chinês. Descobri o tal horóscopo com uma amiga meio mística, que me deu um livrinho de presente com as previsões de um ano longínquo. Me achei muito parecida com o perfil do meu signo chinês, e guardei o livrinho, que depois me foi "emprestado" quando morava nos EUA, por uma outra amiga mística. Fui viajar para a China, uma viagem inesquecível, e lá descobri a história dos 12 animaizinhos convidados para a festa no céu. Num livro para crianças, me encantei com os desenhos lindos, com a alegria e espontaneidade dos animais, com suas qualidades, suas interpretações. Lembrei-me de meu livrinho sumido e senti saudades. Muitos anos depois encontrei o mesmo livrinho num sebo aqui no Brasil. O exemplar estava mais cuidado que o meu, que tinha sido muito manuseado, e não resisti ao apelo de todos aqueles bichinhos rococó, embolando-se numa roda alegre, de festa. Embora o ano já estivesse longínquo, comprei o livro assim mesmo, e de vez em quando o abro, curiosa. Só que eu acreditava que essa minha simpatia era coisa disfarçada, dissimulada pela minha cultura e racionalidade. Rá! Estava era enganada, e descobri isso ontem quando minha filha, na Travessa, em vez de comprar um livro daqueles imperdíveis comprou foi o de horóscopo chinês. A partir da compra, já não tivemos mais a companhia dela, embrenhada na leitura das previsões para este ano do dragão. Gosto dos animais desse horóscopo. Cães e ratos, porcos e cabritos, o imponente búfalo, na sua domesticidade e alegria todos eles estão representados na minha família; o tigre de Borges –pelo menos eu o considero borgiano –, a sábia serpente, podem ser assustadores em tese, mas estão entre meus amigos dos mais carinhosos e atentos. Macaquinhos e cavalos também estão entre os amigos. Talvez eu tenha algum galo, ou coelho conhecido mas assim de cabeça não consigo lembrar. Meu predileto, porém, é o mitológico dragão. Destaca-se, no horóscopo, por ser o único animal mitológico, o que vive na fantasia, e não no mundo real. Claro que tinha que ter minha preferência. E estamos no ano do Dragão, o mais festejado na China.
Ocidentais, consideramos o dragão um bicho assustador, sinônimo mesmo de feiúra. Na China o dragão é considerado uma beleza: forte, protetor, brilhante, um encanto. Fico com esse Dragão sinuoso. Ou com o gentil dragão da história infantil, The Neverending Story. Ou com o sapeca dragãozinho lilás de Epcot, o Figment, simbolizando a criatividade.
Minha filha comprou o horóscopo chinês, e vou entrar na fila para descobrir o que o dragão de 2012 traz para mim. Mas, talvez na esperança de estar gravando, subliminarmente, outra mensagem na mente dela, comprei para mim um livro do Oswald, contando suas memórias. Quem sabe, daqui a tempos, quando eu já nem estiver mais aqui, ela não encontre um livro de Oswald e o compre, lembrando de sua mãe?
No meu caso, passei o legado de minha simpatia pelo horóscopo chinês. Descobri o tal horóscopo com uma amiga meio mística, que me deu um livrinho de presente com as previsões de um ano longínquo. Me achei muito parecida com o perfil do meu signo chinês, e guardei o livrinho, que depois me foi "emprestado" quando morava nos EUA, por uma outra amiga mística. Fui viajar para a China, uma viagem inesquecível, e lá descobri a história dos 12 animaizinhos convidados para a festa no céu. Num livro para crianças, me encantei com os desenhos lindos, com a alegria e espontaneidade dos animais, com suas qualidades, suas interpretações. Lembrei-me de meu livrinho sumido e senti saudades. Muitos anos depois encontrei o mesmo livrinho num sebo aqui no Brasil. O exemplar estava mais cuidado que o meu, que tinha sido muito manuseado, e não resisti ao apelo de todos aqueles bichinhos rococó, embolando-se numa roda alegre, de festa. Embora o ano já estivesse longínquo, comprei o livro assim mesmo, e de vez em quando o abro, curiosa. Só que eu acreditava que essa minha simpatia era coisa disfarçada, dissimulada pela minha cultura e racionalidade. Rá! Estava era enganada, e descobri isso ontem quando minha filha, na Travessa, em vez de comprar um livro daqueles imperdíveis comprou foi o de horóscopo chinês. A partir da compra, já não tivemos mais a companhia dela, embrenhada na leitura das previsões para este ano do dragão. Gosto dos animais desse horóscopo. Cães e ratos, porcos e cabritos, o imponente búfalo, na sua domesticidade e alegria todos eles estão representados na minha família; o tigre de Borges –pelo menos eu o considero borgiano –, a sábia serpente, podem ser assustadores em tese, mas estão entre meus amigos dos mais carinhosos e atentos. Macaquinhos e cavalos também estão entre os amigos. Talvez eu tenha algum galo, ou coelho conhecido mas assim de cabeça não consigo lembrar. Meu predileto, porém, é o mitológico dragão. Destaca-se, no horóscopo, por ser o único animal mitológico, o que vive na fantasia, e não no mundo real. Claro que tinha que ter minha preferência. E estamos no ano do Dragão, o mais festejado na China.
Ocidentais, consideramos o dragão um bicho assustador, sinônimo mesmo de feiúra. Na China o dragão é considerado uma beleza: forte, protetor, brilhante, um encanto. Fico com esse Dragão sinuoso. Ou com o gentil dragão da história infantil, The Neverending Story. Ou com o sapeca dragãozinho lilás de Epcot, o Figment, simbolizando a criatividade.
Minha filha comprou o horóscopo chinês, e vou entrar na fila para descobrir o que o dragão de 2012 traz para mim. Mas, talvez na esperança de estar gravando, subliminarmente, outra mensagem na mente dela, comprei para mim um livro do Oswald, contando suas memórias. Quem sabe, daqui a tempos, quando eu já nem estiver mais aqui, ela não encontre um livro de Oswald e o compre, lembrando de sua mãe?
No comments:
Post a Comment