Friday, April 02, 2010

Lições de amor


O jornal me traz a propaganda de um livro de Francesco Alberoni, que se propõe a nos ensinar a amar. Eu me espanto: isso se ensina, assim, em livro? Pois sei que amor se ensina, mas de um jeito sutil, presente, cotidiano. O jeito "animal", sem racionalizações nem pensamentos (o mito já divorciava Eros e Psichê). O amor se ensina em sorrisos, em abraços, em olhares afetuosos. O amor se ensina na compreensão e no perdão. Se ensina nas lágrimas que derramamos por alguém e nas que são derramadas por nós. O amor se ensina num ombro que se oferece à nossa cabeça cansada e confusa. Num aperto de mão escondido. Num olhar que se ilumina à nossa entrada. Até os bichos são capazes de amar. Rabinhos abanando de felicidade, lambidas, sonecas entrelaçadas, o sofrimento paciente de um animal muito mais forte com um amiguinho menor e petulante que resolve testar seus limites.
E, no entanto, eu mesma repito, vezes sem conta, que o amor é uma construção intelectual. Como pode ser isso, oh mulher inconstante e confusa? Bem, tenho compromisso agora, mas depois volto a falar no assunto.

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