Thursday, April 29, 2010

Insisto, em Z

Z era a cidade que Percy Fawcett procurava no interior do Brasil. Como cheguei a Fawcett? Através de Callado e de sua reportagem O esqueleto na Lagoa Verde e também de minha amiga Kim que, ao vir visitar o Pantanal, trouxe o livro de Graham contando sobre o tresloucado Coronel. Um sonhador, Fawcett nem sequer coronel era. Corrigiu as injustiças do exército britânico promovendo-se no nome. Com uma natureza de "semideus", ele se embrenhou pelas matas brasileiras procurando uma cidade grandiosa a que chamava de Z. A cidade nunca apareceu e Fawcett desapareceu, talvez por tê-la encontrado numa outra dimensão. Muitos procuraram por ele e os ossos, encontrados na mata à beira de uma lagoa, dizem os ingleses que não são dele (Callado até reclama do fato de terem levado os ossos para serem examinados na Inglaterra). Se fossem, o mito se esfumaçaria, como o desejo de descobrir essas cidades perdidas se esfumaçou. Nas ironias da vida, quem descobriu uma magnífica cidade perdida foi um concorrente, Hiram Bingham, a quem se honra como descobridor de Machu Picchu. Quantas paixões e vaidades nestas expedições! E quantas paixões e vaidades nestas guerras de festas modernas, quando, na falta de cidades a serem descobertas, palácios são construídos para durarem apenas uma noite. E, no entanto, às vezes é possível fazer uma construção muito mais duradoura com um bolo cheiroso e brindes de guaraná. Ontem alguns amigos se reuniram para comemorar o aniversário do Edney Silvestre, e foi ele quem falou na magia de seus aniversários de menino pobre. Nossa festa não foi nada pobre. Generosos, os amigos lhe ofertaram bolo, docinhos, espumante e presentes. E cada qual lhe ofereceu o melhor sorriso, o abraço mais quente, o beijo mais delicado. Bolo e guaraná. Afeto e emoção. O que procuramos em Z, em Machu Picchu, em Shangrilá e Eldorado é esse momento em que bolo e guaraná nos foram oferecidos e que nós nos sentimos perfeitamente amados e queridos…

No comments: