Tuesday, April 27, 2010

Eldorado

Eldorado era a cidade que exploradores procuravam no interior da Amazônia. Aliás, o rio Amazonas deve seu nome a um explorador (não me peçam nomes, há muito que os nomes que conhecia foram parar no arquivo morto do Alzheimer) que disse ter encontrado as descendentes da rainha Hipólita por aqui pelas margens do rio. Se considerarmos que os cavalos não existiam no Novo Mundo, e que deve ser muito difícil andar a cavalo no meio de uma floresta densa, levando, a toda hora, uma lambada de galho de árvore e um tropeção em alguma raiz, a gente logo ri dessa visão. O que será que a teria motivado? As Sereias avistadas por Colombo sei que foram as interpretações da solidão combinadas com a visão das gentis fêmeas de Manatee, o nosso Peixe Boi (que não é um peixe, e sim mamífero) enquanto exibiam suas tetas para os marinheiros. Na carta, Colombo diz que as Sereias de cara não tinham formosura, mas que seus corpos não eram de todo feios… (tenho uma amiga que, depois de um mês de dieta rigorosa, foi à feira e achou que umas sandálias penduradas em uma barraca eram apetitosas linguiças! Só ao chegar perto constatou o engano. Será que o Almirante descobriu seu engano?)
El Dorado era o nome do rei de uma cidade grandiosa escondida nas selvas. Conta a lenda que, todos os dias, esse rei postava-se nu e que seus súditos se encarregavam de soprar ouro em pó sobre seu corpo até que este ficasse totalmente dourado, daí seu nome. Ao final do dia, esse rei banhava-se no rio que por ali passava, deixando evidente que a abundância de ouro era tamanha que o metal podia ser desperdiçado. Isso inflamava a imaginação dos europeus, cujo interesse pelo ouro era maior que o bom senso. Junto a essa lenda, de riqueza, surgiu uma outra, de que a fonte da juventude estaria localizada nessa cidade. Ora, se existe uma coisa que faça o homem se separar de seu ouro, esta é a promessa de eterna juventude! Daí que as expedições se multiplicaram e muitos perderam a vida e a sanidade nestes descaminhos.
Mas, será que cessamos de procurar por esses mitos? Acho que não: No fim de semana, as fotos de Angelique Chartouny, no JB, me mostraram uma ardente expedicionária à fonte da juventude, que ela julga estar situada entre as mãos de um cirurgião plástico e as de um dermatologista. Com suas ampolas de botox e restylane, ela se unge, talvez a cada manhã, e constrói sua imagem congelada de mito. Nas festas feéricas (de fadas) seu sorriso imperturbável derrama-se por sobre os diamantes e esmeraldas, e ela brinda, com champagne, as outras súditas de seu reino de ouro e ilusão. Enquanto isso, nós, pobres mortais, com nossas rugas de espanto e perplexidade, vamos aos cinemas em 3D, ver outros tipos de delírio, histórias lisérgicas que apresentam heroínas cada vez menos humanas e mais deformadas.
Voltarei ao assunto.

No comments: