Mais coisas boas? Terminei um conto hoje e fiquei satisfeita com o resultado. Minha grande dificuldade, ao terminar meus textos é que meu primeiro leitor já não está a meu lado. Sou uma Sherazade sem sultão. Fico, então, perturbando as amigas com a minha ansiedade, querendo que leiam para tentar descobrir suas reações. Acho que elas gostaram.
Ontem fui assistir Restos, com o Antônio Fagundes. É uma peça do Neil Labute, que está muito na moda aqui no Rio. No momento são três as peças dele que estão em cartaz. Restos, A gorda e mais uma cujo título esqueci, algo como Aquelas mulheres, sei lá. Só que a que assisti não é bem uma peça, e sim um monólogo, e eu tenho a maior implicância com monólogos. Mas esta não foi das piores. Uma das melhores coisas da peça é o cenário, maravilhoso. Simples, lindo, elegante e eficaz. O título original é Wrecks, uma palavra difícil de traduzir. Pode ser um acidente de carro (e o nome do personagem é Ed Carr). Pode ser um naufrágio, um destroço, uma ruína. Restos não tem a mesma força semântica, mas não compromete. Como as peças de Labute têm todas uma espécie de "virada", que surpreende e causa estranhamento, não dá aqui para comentar o texto sob pena de ser acusada de desmancha prazeres. De qualquer forma, acho que a virada pela qual ele optou nesta peça meio que "destroça" a construção amorosa que esse viúvo, no velório de sua amada, tenta erguer. De qualquer forma, o melhor da peça ocorre depois que ela acaba: o Fagundes volta ao palco para um batepapo informal com a platéia. Nesta conversa ele se revela mais agradável que durante a encenação. E a peça até cresce com os comentários e algumas explicações.
Acho que ainda não contei que também assisti a uma comédia, "Velha é a mãe". Representada pela Louise Cardoso e Ana Baird, é bastante divertida, mas não é nenhuma Brastemp. Acho que a última vez que vi a Louise Cardoso representando ela fazia o papel de uma cachorra, da raça poodle, numa comédia muito boa. E olha que era um monólogo! Mas era um texto tão inteligente, e a atriz é tão boa, que merece ser relembrada. O nome da peça era o nome da cadela, acho que era Silvia, mas não tenho certeza. Eu e minha memória evanescente… E meus livros rebeldes, que desaparecem de vista e não me deixam terminar a leitura. Aquele que estava lendo, O andar do bêbado, se escondeu em algum canto. Preciso encontrá-lo. Como ele sumiu, vou voltar aos meus deveres de resenhista: Marques Rebelo me espera. Então, lá vou eu para a cama, com boa companhia!
3 comments:
Lucia, querida, adorei as dicas. Há tanto tempo que não vou ao teatro. Vamos ver se consigo quebrar o jejum no final das férias. Fiquei curiosa com o conto, pois tenho certeza que ficou ótimo. Bjs
Gostei muito o espetáculo "Restos" e mais ainda quando o Fagundes volta e debate com a pláteia. Muito bom! Sobre os pés descalços com terno e gravata,lembrou-me dos atores do Teatro expressionista alemão da década de 20! bjs Márcio Galli
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