Por falar em Compostela, um amigo meu, que nunca vejo, mas nem por isso é menos querido, lançou um livro falando de sua peregrinação a Santiago de Compostela. Não comprei ainda, pois já ganhei um exemplar, que ainda não recebi. Mas já vi o livro à venda na Argumento. Procurem, o título exato eu não sei, mas o autor é Luís Paulo Viveiros de Castro. Não é místico, embora o Luís Paulo tenha resolvido cultivar uma barba de profeta, e dizem que é muito engraçado. Sei que o autor é fã de Vieira, filho de uma grande professora de História e de Literatura, é um livro que nasce sob uma boa estrela.
Já que estou recomendando livros e falando em galegos, quem tiver a chance procure Manuel Rivas. O livro que tenho dele é Que me queres, amor?, de 1995, premiadíssimo , e que, em 2006, estava em sua 14ª edição. Já deve andar na 20ª, pelo menos.
Um de seus contos chama-se "A leiteira de Vermeer", e o outro, que virou filme, é justamente "A lingua das bolboretas". Ler em galego é uma experiência e tanto. Estamos lendo a nossa língua, mas com uma graça toda própria, como uma freira que, por baixo do hábito, mostrasse o colorido de uma fantasia de arlequim. Gosto da sensação de arrepio quando encontro a palavra "unha", por exemplo, que não é a nossa unha, mas uma. Gosto da economia de "s", do uso do "x", das terminações suaves em ión, da inserção de letras inesperadas que nos remetem a outras palavras e ao sonho (ou deveria dizer soño?) de cadaquén.
Fico aqui divagando e meu tempo livre se esgota. Antes de terminar, compartilho com vocês a alegria que tive ontem. Sempre que leio um livro que me agrada, me apresso em emprestá-lo, para que outros tenham o mesmo prazer que eu. Como tinha lido o Caim e o Milamor, emprestei a duas amigas e elas ontem me saudaram alegres com a leitura. Uma está quase terminando o Caim, e adorou, como eu. A outra está tão entusiasmada com o Milamor, da Lívia Garcia Rosa, que leu em voz alta os trechos com que mais se identificara. Minha alegria se ampliou, pois os livros são tesouros que são criados para serem compartilhados. E quanto mais a gente compartilha, mais se sente rica!
Para terminar, minha opinião sobre a ótima conversa entre Edney, Luciana Villas Boas e Marcelo Moutinho, sobre ibuques (e-books). Eu acho que os ibuques são ótimos e práticos, mas têm (por enquanto) um pecado: a gente não pode emprestar nossos livros. Não dá para transferir um arquivo do meu ibuque para o ibuque de outra pessoa. O dia que pudermos fazer isso, os ibuques passarão a ser populares e queridos. E discordo da Luciana, quando ela diz que a versão eletrônica deve vir depois, como os livros de bolso. Acho que primeiro devem sair os ibuques, baratinhos, a gente faz o download e vê se gosta. Se não gostou, tudo bem, também não doeu muito no bolso. Mas, se gostou, aí a gente já vai largando e comprando logo o livro objeto, aquele que nos acompanhará, para sempre, nas lembranças e peculiaridades de cores, cheiros, ilustrações, etc.
E, obviamente, livros escolares e revistas semanais deveriam ser obrigatoriamente em versões eletrônicas, pois economizaremos muitos hectares de mata se assim o fizermos. Mas livros de histórias infantis nunca deveriam sair em versões eletrônicas. Bem, esta é minha opinião, de usuária, de leitora e de candidata a "mulher-livro" no futuro.
Vou trabalhar!
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