Sunday, October 25, 2009

Literatura e internet

Ontem fui a uma palestra no EDEM, colégio em Laranjeiras, organizada pelo Miguel Conde e da qual participaram o Cesar, o Henrique e o Marcelo. Todos são meus amigos e me sinto orgulhosa disso. O César é dos tempos da UFRJ, Henrique, Marcelo e Miguel são mais recentes, mas nem por isso menos queridos. 
Esse tema tem andado presente nos corações e mentes das pessoas que conheço: Na universidade, viraram tema de aula, assunto de pesquisa. Nas conversas de bar, são referências. Na minha vida, percebo aos poucos, são uma presença, cada vez mais constante. Uso a internet há muito tempo, pois entrei em contato com ela lá em Yale. Não era essa coisa assim tão fácil, mas já facilitava a vida e a pesquisa. Agora, vejo nos jornais e escuto nas reclamações de amigos, ficou tão fácil que se tornou uma ameaça, pois o plágio se difunde. Essa noção de plágio surge tardiamente. Só quando a arte passa a ser mercadoria é que se defende a propriedade. E, mesmo com a valorização da "assinatura", no princípio a cópia –plágio sem intenção de lucro – era um instrumento de ensino. As crianças copiavam. Os artistas copiavam. Os músicos copiavam. Era uma maneira de aprender e também de disseminar e de homenagear os autores.
Mas saio de meu assunto.  A relação Literatura e internet tem sido, basicamente, interpretada como literatura feita em blogs ou copiada em blogs. Já reparei que escritores mais famosos e mais estabelecidos usam essa publicação virtual como uma maneira de se safarem da penosa súplica por ajuda para publicação. Os conferencistas X, Y, Z ao receberem as avalanches de poemas e textos que ainda não encontraram editor, se saem com essa: "Hoje em dia o melhor meio para se começar a publicar é postando as obras na internet." Mas, e isso parece ser uma regra, mal o autor iniciante consegue ser publicado, ele para de publicar seus textos na rede, cioso de sua obra. Eu sou uma autora meio híbrida. Tenho livros-objetos e livros-virtuais. E ainda tenho livros na gaveta (metáfora para arquivos de computador, pois já não escrevo mais em papel há muitos anos). Os livros na gaveta são de poemas. Os livros objetos são de contos. Os virtuais também, mas, de um modo geral, são mais humorísticos, ou, pelo menos, acho que trabalho com mais humor quando escrevo para Histórias Possíveis. Mesmo que seja humor negro e cruel. No meio de tudo isso ainda tenho "livros em andamento", contos e romance, ensaios acadêmicos, tudo isso que consome meus dias e meus pensamentos.
No blog, converso. E converso, quase sempre, sobre literatura, arte, e minhas reflexões. No Facebook e no Twitter, tento me manter ligada aos amigos que se espalham pelo mundo. Confesso, no entanto, que estes dois são mais negligenciados, ficando sempre em último lugar na minha lista de prioridades. 
Esse post já está muito longo. Volto ao assunto outra hora. Agora vou "viver de verdade", ver gente de carne e osso, conviver.

1 comment:

Guido Cavalcante said...

Já mostrei e insisto que há um erro fundamental na questão da literatura na web. É que não é dada a menor importância à leitura na web. O problema na web não é o que escrever, mas como o que está escrito vai ser lido.