Saturday, April 30, 2011

Na manhã seguinte

Os sinos já não tocam,
na manhã seguinte.
Os sinais da festa se espalham
pelo chão.
Restos.
Nenhuma trombeta,
nenhum casamento real,
só a vida real.
Real?
Abro os olhos e vejo o céu.
Algumas nuvens se anunciam,
O sol, esquentando, não decide
se acaba com elas com um sopro
ou se deixa que, como gatos,
elas passeiem e adormeçam
em recantos improváveis.
Lá longe
outros olhos bem abertos
piscam ofuscados
com as luzes e as jóias.
O encanto dura até o beijo
de um príncipe.
Aqui meus olhos
procuram notícias de ontem.
A morte da filha do poeta
me assombra.
Aqui, tão perto?
Por quê? O que apagou
teu sorriso?
Sonho ou pesadelo
a vida…
Observamos,
contamos,
elaboramos.
Na manhã seguinte
o sol, indiferente,
não lembra mais
aquilo que testemunhou.
Ele segue,
ou persegue
uma nova promessa
de (in)felicidade.

3 comments:

Tereza said...

Lindo! Sem comentários! Um grande abraço, T.T.

ernane c said...

Parabéns. Um abraço.

E. Catroli

Ana Ribeiro said...

Era uma vez... um tempo, um lugar, um evento... o dia seguinte, mostra apenas isso: tudo não passa de um mero faz de conta...