Wednesday, April 20, 2011

Chicago

Cheguei ontem, debaixo de chuva e nevoeiro e o vento que dá nome à cidade. Primeira impressão? Chicago foi construída numa tentativa de alcançar o céu. Altos e e-nor-mes, os prédios minimizam tudo a seu redor, assim, refleteindo, vejo que o rio à beira do qual fica o meu hotel é muito largo, senão teria sido reduzido a dar a impressão de riacho. Edifícios enormes, avenidas larguíssimas, requerem, sem dúvida, muitos carros para percorre-las. Daí minha segunda impressão: os edifícios garagem que exibem seus carros numa aflitiva ameaça de que todos estão prestes a despencar. Estes edifícios, redondos, não possuem paredes externas e os carros estacionam mesmo na beirada. Deve ser preciso ter nervos de aço para manobrá-los e deixá-los ali, à mercê do vento encanado e da chuva ou eventual neve. Entendo agora a alegria do pessoal de Milwaukee, falando das garagens aquecidas… E lembro ainda da minha alegria ao subir uma escada rolante de lá e descobrir que o corrimão era aquecido. Vibrei de alegria e conforto. Bem, hoje vou aproveitar o dia sem chuva para passear e ver a famosa arquitetura da "cidade ventosa" (fica muito feia essa tradução de windy city). Mas está muito frio, e vou me aquecer no Museu de Artes e no Aquário. São esses os planos, depois conto se dá certo. Só mais uma coisinha para mostrar o gigantismo da cidade: meu hotel ocupa três quarteirões, interligados por passagens subterrâneas e aéreas. Estou na ala oeste, imaginem. Ainda bem que tem entrada separada!

1 comment:

Tereza said...

"Cidade ventosa" é uma tradução muito esquisita, o melhor mesmo, acho, é "Cidade dos Ventos". Mas traduzir é fazer escolhas, que nem o escritor faz quando seleciona as palavras que quer na sua obra. Lembra da poesia da Emily Dickinson? Ela é assim: "Shall I take thee, the Poet said/ To the propounded word./ Be stationed with the Candidates/Till I have finer tried—/ The Poet searched Philology/ And when about to ring/ For the suspended Candidate/ There came unsummoned in—/ That portion of the Vision/
The Word applied to fill/
Not unto nomination/ The Cherubim reveal—/". Bom, conheço Chicago através das séries de televisão, principalmente a dos episódios do "E.R.", lembra dessa série? E agora continuo vendo uma outra Chicago, a do "Chicago Code". Lá no "E.R." estava sempre nevando e raros foram os episódios em que se via o sol. E a temperatura, por conta do vento, ou seja, a sensação térmica, é sempre de muitos graus abaixo do que está marcando. Além dessas, há a Chicago dos filmes de gangster, enfim seria longa a enumeração. Ainda tem um ensaio lindo, num dos livros que organizei, feito por um geógrafo fantástico, meio poeta, que depois eu levo para você. Mas nunca vi essa Chicago que você me mostrou hoje: amei e me encantei! Amei também essa história de corrimão aquecido lá em Milwaukee!!! E três quarteirões de hotel, isso me parece inacreditável. Só fico imaginando se aí teria escada rolante horizontal, para facilitar as pessoas com pouca mobilidade. Edifícios que tentam alcançar os céus, os verdadeiros
"skyscrapers", os arranha-céus, os "very tall buildings in a city".Bom, isso não tem nada haver com o desejo de tocar os céus, de ascender, como no gótico. Será por que? Falta de espaço horizontal? Grandeza, enfim, não tenho idéia, mas se você, viajada como é, observou isso, isso deve ser mesmo uma marca. Ultimamente, tento não querer saber os porquês, mas acho que introjetei essa coisa de ser pesquisadora. Bem, estou adorando vir aqui e encontrar postagem e se eu não fosse egoísta ia querer que sua viagem durasse mais 355 dias!!! Beijinhos, muitos, e não esqueça de cobrir as orelhas e a garganta!!! T.T.