Saturday, April 23, 2011

Mais histórias de Chicago

No dia seguinte, fez sol. Um dia lindo, e fomos visitar o Art Institut. Destaques? A linda janela de Chagall, claro, que eu estava doida para ver. Os impressionistas, os Van Gogh, os arlequins de Cézanne e Picasso, lado a lado, e a instalação de Jitish Kallat, Public Notice 3, com as palavras de Vivekananda, em 11 de setembro de 1883, um discurso feito contra o fanatismo religioso. O mais estranho? A exposição de fotos de Peter Fischli e David Weiss, com salsichões e frios. Dejà vu? A expo Kings, Queens and Courtiers, embora, graças à leitura do Meu nome é vermelho, do Pamuk, os manuscritos iluminados tenham adquirido outro interesse para mim. Sempre gostei deles, mas desta vez tentava reconhecer estilos e detalhes, embora as iluminuras pertencessem a uma outra tradição.
Resumindo? Uma manhã de sonho! Além do mais, como o dia estava lindo e o frio (muito) era amenizado pelo sol, deu para ir caminhando e olhando os prédios, cada qual mais lindo. Rapidinho chegamos ao Millennium Park, e nos extasiamos. Ao chegar ao Bean, um feijãozão espelhado que reflete a arquitetura ao seu redor e faz dos passantes parte da obra, nos divertimos, procurando as melhores imagens. Vale mencionar também as fontes, que captam as imagens dos passantes, projetam-nas e fazem da boca de seus retratos a saída do esguicho.
Depois do museu, uma passadinha no Palmer House, arranha céu que abrigou a ourivesaria do Mr. Peacock (pavão). Muito orgulhosamente o Sr. Pavão mandou fazer uns portões com o dito pássaro, e esses portões estão avaliados em milhares de dólares. Hoje em dia o edifício é um Hotel e o Lobby, grandioso, o faz parecer um palácio, com sua decoração meio híbrida, com elementos decô, reminiscências de palácios rococó, uma grande orgia de mais de um milhão de dólares (valor da restauração). Depois? Visita ao escritor João Almino, que é também embaixador, e que está em Chicago. Demos sorte, pois ele estava de partida para a Itália, onde vai fazer uma série de palestras relacionadas a seus livros. João Almino foi absolutamente encantador. Terminamos o dia com um jantar com Susan Harris, editora de Words Without Borders, que é um dínamo, cheia de vitalidade e de ideias. Ela já tem planos para as revistas que vão sair em 2014! E, apesar de todo esse planejamento, ela se mantém muito alerta e aberta às mudanças, pois o mundo vive nos surpreendendo.
Sexta feira amanheceu chuvosa, fria, enevoada. Mas nós tínhamos sido chamadas para o show da Oprah, e lá fomos nós, debaixo de chuva e de frio, para o Harpo Studio. Lá chegando, assinamos um papel que nos comprometia a não revelar nada sobre o show, e que, uma vez assinado, dava a ela o direito de nossa imagem "para sempre" For ever, and ever. Lembrei-me do corvo: Quote the Raven: Never more… Lembrei-me de Fausto. Estaria eu vendendo minha alma ao diabo? E numa sexta-feira santa? Será que estou cometendo um ato ilegal falando sobre isso aqui? Então, vou parando, antes que seja tarde. Aliás, consta, que o Obama não consegue fechar a prisão de Guantánamo porque metade dos prisioneiros de lá é composta por membros da audiência da O. que não respeitaram a cláusula de No Disclosure. Então me calo.

1 comment:

Tereza said...

Que postagem esfusiante!!! Amei !!!
Não sei qual das coisas gostei mais... Chagall é um must, os outros também, aquele feijãozinho parece dos deuses, conversar com gente inteligente é algo dos deuses também e essa da Oprah é inacreditável (sabe que de quando em quando eu assisto a Oprah???)!!! Beijinhos mil, T.T.