Tuesday, April 19, 2011

Gaivotas

Cada cidade tem sua música e a que me embala aqui em Milwaukee é a dos gritos das gaivotas. Acordo com elas me chamando, voando em frente à minha janela (as minhas janelas, o quarto é tão grande que tem duas!). Preguiçosa, friorenta, abro as cortinas, pego o computador e volto para a cama, quentinha…Mas hoje tenho pouco tempo, daqui a pouco vêm me buscar: café da manhã, mais um passeio pela cidade, pelo menos até a Universidade Marquette, e depois, estação de trem, rumo a Chicago. Venho só para contar a vocês que meus encontros com os estudantes de UWM foi muito legal. Primeiramente fui ao "bate-papo", onde alunos em geral e um ou dois professores de português se reúnem para conversar e praticar o idioma. Muitos são alunos de espanhol, que sentem que o bate-papo é uma maneira de aprenderem sem a obrigação das leituras e dos deveres de casa. Três visitaram o Brasil e se encantaram: Salvador, Florianópolis e Rio, três destinos diferentes, mas igualmente encantadores, segundo eles me garantiram Depois, na sala de aula de português, um encontro com leitores que trabalharam meu conto em sala de aula. Mas o conto tinha sido lido em tradução e a "aula" foi em inglês. Finalmente, no adorável Greene Hall, uma antiga biblioteca que agora é uma espécie de sala de conferências, com uma lareira de uns quatro metros de largura, a primeira leitura em inglês de Borges's Secretary! Ensaiei ontem de manhã, e consegui ler sem me atrapalhar muito. E vi que as pessoas gostaram da história, o que me deixou muito satisfeita. As perguntas, depois, me deixaram um pouco nervosa, mas acho que consegui não parecer uma completa idiota, embora eu saiba muito bem que sou muito melhor escrevendo que falando. Mas deu para o gasto. E depois fomos jantar num elegante e excelente restaurante, ao lado do Calatrava, à beira do lago-mar, que ontem exibia suas ondas. Lauren me contou que no inverno elas congelam, à meio caminho. Impressionante.
Bye, bye, então. Vou fazer as malas. Espero ter internet em Chicago e voltar a contar minha viagem. Acho que vão postar fotos no FB. Eu só posso passar as minhas para o computador quando voltar para o Rio, pois esqueci o adaptador.

1 comment:

Tereza said...

Querida, sabe o que é bom quando se tem um alguém que possui o dom da palavra e nos conta o que não podemos ver? São as suas postagens, que nos permitem acompanhar a sua viagem!!! Nunca imaginei uma lareira com quatro metros; onda congelada já vi em fotos, mas fiquei um pouco receosa;enfim, muitos podem fazer a mesma trajetória que você, porém somente você nos mostrará o que seu olhar vê aí.E é isso que faz toda a diferença.E quando você usa um adjetivo, sabemos que não é maquiagem, não é para ocupar o espaço da página, faz parte da arquitetura do seu texto (lembra de Hemingway e de seu conceito sobre adjetivos na prosa?), ou seja, quando você usa o "adorável Greene Hall" você realmente quer exprimir essa sua sensação frente a esse lugar, e eu fico aqui imaginando que deve ser iluminado, acolhedor, harmônico e convidativo, entre outras coisas. Mas conte a verdade: você é melhor escrevendo que falando??? Pelo que li naquelas postagens de anos atrás, que percorro avidamente quando as asas do Tempo param um pouco de bater frenéticas, você arrasou aí numa dessas Feiras Internacionais e a plateia ficou embevecida e ainda tinha a história de umas luvas e você as tirando lentamente, o que fez lembrar ao autor do comentário a Greta Garbo, acho que era ela, porém preciso conferir isso. Querida, você é ótima, falando, escrevendo, ou só sorrindo, envolvendo o interlocutor com seu carisma e seus eternos olhos de menina que dão a impressão de ainda estar conhecendo o mundo, com o mesmo entusiasmo de sempre, desde o momento em que chegou aqui! Olhe, um grande abraço, T.T.