… que fiquei encantada com as "festas" na praia do Leblon. Sem muito movimento, mas com muita gente se concentrando em alguns locais da praia. Aqui junto ao posto 12, por exemplo, havia uma festa do Tio Sam, boteco ali da esquina de Gal. Urquiza, onde o João Ubaldo assina ponto. Mais alguns metros para os lados da Bartolomeu Mitre, outra festa, com dança e cercadinho, vigiado por um cara na entrada. E muitas outras festas, cito só as duas que me pareceram as mais organizadas. As pessoas comiam e dançavam nestas festas. Entre umas e outras, algumas recordações dos velhos tempos de Copacabana: Velas e oferendas. Aqui em frente, um barquinho para Iemanjá estava colocado na areia, esperando (acho eu), a maré subir. Próximo a ele, uma garrafa de champagne, aberta. Também próximo, os vestígios de velas vermelhas, completamente derretidas. Comprei umas flores no calçadão e resolvi jogá-las na água: acabei molhando minha roupa, mas a água do mar estava quentinha e gostosa, foi muito bom e divertido. Acho que gosto é disso mesmo, nada de festas, de música alta, de expectativas, brindes e obrigações – apenas o bem-estar de uma linda noite de Lua (blue moon, a segunda lua cheia do mês), a roupa confortável, "boa de brincar", os sorrisos trocados com estranhos, a alegria das festas em que eu não queria estar. Gosto de meu "lugar na platéia", já que não sou atriz de monólogos e já não tenho mais coadjuvante. Assisto, da minha laje, os fogos. Mergulho no mar que me acolhe convidativo e misterioso, e me deixo levar pela fantasia do reencontro.
No dia seguinte, me espanto e sofro com as notícias de Angra, onde passei anos e anos tão felizes. Amo cada centímetro daquela baía, cada grão daquelas areias. Já pernoitei no barco, em frente ao Bananal, me sentindo abrigada e segura naquela enseada tão linda. Já perambulei pelas ruas da cidade feiosa, que vi melhorar com a passagem do tempo, mas que cada vez ostentava mais casas pelas suas encostas. Já mergulhei naquelas águas, sempre medrosa, mas me sentindo segura e tranquila porque ia de mãos dadas com o meu amor que, suavemente, ia me levando para cima das rochas e das plantas, me apontando os peixes, até que eu, atemorizada, não suportasse mais e fizesse ele me levar de volta para onde o fundo fosse de areia. Já cruzei aquela baía em dias de sol ou de chuva, em barcos maiores ou menores, navegando no breu da noite, tentando enxergar com os olhos da intuição, já que os reais não perfuravam a escuridão. Já diluí minhas lágrimas nas águas mornas e transparentes, já soltei gritos de emoção ao olhar as belezas que as enseadas revelavam. Uma das minhas mais belas recordações foi a nossa entrada "triunfal" no Mamanguá, a lancha escoltada por um cardume de golfinhos que iam indicando o caminho a seguir, enquanto o ar, embalsamado com o cheiro do mato, nos inebriava.
Essa tragédia me entristece sobremaneira, e desejo, aqui, que todos os que foram atingidos por ela, encontrem a paz e o consolo das boas lembranças.
2 comments:
Triste demais. Desejamos tanto (pelo menos eu e vários amigos desejaram) 2010 e ele começa assim.
Eu que tive o reveillon bagunçado por conta da Light ter deixado minha casa 30 horas sem luz, vejo que isso não foi nada. Temos que agradecer a Deus pela paz de cada dia.
Beijos carinhosos.
Que texto lindo! Marcio
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