Sunday, November 22, 2009

Palavras horribilis

Existem algumas palavras verdadeiramente horríveis em português. Vejam, por exemplo, a palavra "meditabunda"; ou, outro exemplo, a palavra "putativa". Numa frase, digamos:
A mãe putativa estava meditabunda, a gente nem consegue entender o que está dito, tanto que as palavras nos provocam o riso ou a repugnância. Há coisas que não consigo pedir num restaurante por considerar altamente impróprias.  Um espaguete a putanesca, não é estranho? Ou aquele outro prato ainda mais inapropriado: punheta de bacalhau… Tenho vergonha até de dizer em voz alta o nome dos pratos. E, não sei se por sugestão ou por verdadeira ojeriza, não gosto nem de um nem de outro. Também não gosto de penne alla arrabiata. Nem mesmo na versão nacional, goela de pato. Penne ou goela de pato, não sou eu que vou pedir uma coisa dessas para mim. Mudando de idioma, há, em Paris e na Bélgica, um prato muito apreciado e, portanto, sempre apregoado nas tabuletas de restaurantes "Mules frites". Abrasileirando (eu sei que são mexilhões com fritas) mas sempre me dá a impressão de que iria pedir mula frita, se acaso eu optasse pelo prato. O que me faz lembrar um almoço para o qual me convidaram, numa praia nos EUA, num restaurante especializado em mariscos. Eu sou meio esquisita com comida, mas sou bem educada e tento disfarçar meu desprazer com esses tais de frutos do mar. Os anfitriões, orgulhosíssimos, nos oferecendo a especialidade do lugar, uma espécie de clam (vieiras?) absolutamente indecorosas, pareciam vulvas (e é daí mesmo que vem o nome). Não sei se a gente merece o céu por esse tipo de sacrifício, mas tive presença de espírito e pretextei uma alergia. Escapei. Mas até hoje me lembro da insólita situação de ver aquela profusão de vulvas sendo sorvidas à mesa, por pessoas seriíssimas, educadíssimas, e muito formais. Pior que isso, só um outro marisco, português, chamado Percebes. Parece um dedo negro, como se fosse de uma pata de réptil, com uma unha também negra na ponta. Me arrepio só de pensar nesta degustação insólita. Outra comida das mais estranhas é a tal de lichia. Parece um globo ocular, uma coisa aflitiva. Porém, se me servem a lichia já cortadinha e sem os caroços, adoro! E se for em forma de caipisakê de lichia, tal como é feito no Sawasdee, restaurante que adoro, entro em êxtase! 
Cada idéia, que me vem à cabeça!… Isso tudo é por preguiça de ir à praia: calor demais, companhia de menos, fico aqui no ar condicionado, escrevendo bobagens, lembrando de besteiras. E imaginando viagens. Estou quase me convencendo a ir para o Egito e a Jordânia. Uma vontade louca! Quem sabe não embarco nessa?

1 comment:

Amauri said...

Palavras horríveis, deliciosas comidas. Ou melhor comidas esquisitas como dizem os hermanos.
Nada com voce ser esquisita para comidas.
Estou com saudades de te ver:
Bjs.