Aos poucos vou-me organizando, desbastando o mar de tarefas que me ameaça (ainda, ainda!) impiedoso. Tenho sido heróica, acordando cedo, me disciplinando, e até me divertindo um pouco no meio de tudo isso. Pós-moderna, me sinto multifuncional, fragmentada: vou à praia com texto acadêmico, enfrento a "canícula", como diz o Alvaro Costa e Silva, escutando palestras verdadeiramente deliciosas numa biblioteca tranquilinha em Botafogo. Caminho pela areia, molhando os pés nas águas tépidas e razoavelmente limpas do Leblon. Fujo para tomar um sorvete, com uma xerox de artigo para ler. Invento histórias (possíveis ou não), começo os contos e os abandono, dizendo –Depois! E nem me assusto com a possibilidade de o depois nunca chegar. Se acaso não chegar, não será problema meu, convenço-me. Amanhã tenho SESC. Depois de amanhã também. Vou fazer uma coisa que me agrada: ler um de meus contos em voz alta. Acho isso muito gratificante. No princípio não gostava, ficava meio envergonhada, achava que estava sendo "exibida", como diria minha avó, tão furiosamente mineira e vitoriana, desconfiada de todo tipo de "se mostração", coisa que menina bem educada não fazia. Finalmente me dou conta de que não preciso ser tão rígida comigo mesma. Assim sendo, vou feliz falar com o pessoal do SESC, a quem tanto respeito em seu trabalho pelo Brasil afora, quase que um sacerdócio. E me comovo nos eventos que ficam pequenininhos em dias de sol como os do fim de semana passado, quando o Paixão de Ler, tão legal, estava acontecendo. Pequenininhos mas verdadeiros, intensos, belos. Adorei os dois dias que pude assistir. Vibrei, ri muito (escritor quase sempre sabe ser engraçado), descobri coisas. De quebra, ainda assisti a um lindo Ballet: Dom Quixote. Um encanto a transposição do texto para o movimento. E que movimentos! Uma companhia de ballet para ninguém botar defeito. Viva o corpo brasileiro, que sabe os segredos do ritmo e a beleza dos gestos! E palmas também para os figurinos, tão bonitos. O único senão é o local onde o ballet estava sendo encenado – Como aquele Vivo Rio é feioso e desorganizado! Na saída, sempre um tumulto. Faltam táxis, falta praticidade no vallet, falta paciência.
Para terminar, só para deixar vocês impressionados, ontem a Madona veio me visitar. Com seus batedores, trazendo Jesus a tiracolo (ela é muito chic, tem um personnal god), ela veio para minha esquininha, alimentar seu corpo sarado e dar de comer aos olhos esfomeados dos curiosos. Mas, Leblon é Leblon. Nem com todos os batedores ela conseguiu atrair mais gente do que a que costuma se aglomerar na frente do restaurante à espera de lugar. Alguns fotógrafos, alguns cachorros curiosos, que contemplavam o movimento com atenção, e um trânsito um pouco mais lento que o costume. Nada que fosse fora do comum. Fechar o trânsito mesmo só no dia do incêndio, bem aqui em frente, que exigiu exibição de perícia por parte do operador da escada magirus. Isso foi na semana passada, ainda na época das chuvas, e numa era pré Madona.
E agora, que jea coloquei o papo em dia, volto ao trabalho, encompridando os olhos para o mar, e avaliando a possibilidade de adiantar as leituras da tese na praia. Será que dá?
2 comments:
Estarei lá.
E, logo, aí.
(Nos) veremos já.
Aqui e ali.
Saudade... de ti.
Enfim, sem-fim:
Eu-você (nós) assim.
Bjo, Lu!
(a gente se vê... no IPTV! Rsss...)
Quando Madonna foi filmar Evita, em BAires, fiz uma entrevista com ela, muito bem comportada, de tailleur comme il faut para o personagem que ela estava incorporando. Com a minha petulância de jovem perguntei - if the old bitch is (at that occasion) gonne? Ela riu, piscou o olho e replicou "Bitches are forever." Bacana, né?
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