Wednesday, October 29, 2008

Boas lembranças

Amauri e Cris, que bom que é lembrar dos nossos contatos recentes. Com a correria dos últimos dias, esqueci de falar de coisas práticas e que me interessavam: Não cheguei a falar, por exemplo, do lançamento do Linha de sombra, que foi no dia 22 de outubro, na Livraria Travessa do Leblon. Quem a conhece sabe que é uma das maiores livrarias do Rio (e não apenas em tamanho) -- por isso, a escolha, que foi feita pela Editora Record, me deixou muito temerosa -- E se eu ficasse sozinha naquele salão enorme? Ia ser a coisa mais deprimente do mundo! Mas foi exatamente o contrário -- muitos amigos foram, meus filhos todos estavam lá, amigos recentes, amigos de outra vida, amigos de sempre. O Márcio Galli me apresentou ao pessoal de teatro que fez a belíssima leitura do conto Ikebana, meus queridos cineastas estavam lá, também, e os filmes foram mostrados no espetacular telão da Travessa: Que coisa mais chique aquele telão! Não entendo muito dessas tecnologias, mas a impressão é que a parede toda é uma tela, e a imagem aparece como que por milagre no centro. É e não é legal, pois muitos de meus amigos não conseguiram ver essas performances, pois o espaço não é muito grande, e não deu para todo mundo. Estou esperando que meu filho tecnológico -- o mais novo, quanto mais novos, mais tecnológicos -- me ajude para poder passar para o computador o filme que alguém fez da leitura. Eu tentei, mas só consegui reproduzir o som, sem as imagens... Faltou alguma coisa, mas é mesmo assim. Estou fazendo uma resenha do livro do Paul Auster, e descobri que ele ainda escreve à mão e depois bate os originais à máquina. Meu mano em SESC, o André de Leones, que aliás, também está lançando seu segundo livro, também gosta de escrever à mão. Eu só escrevo no computador. Até em lan house já escrevi, não tudo, mas uma parte de um conto. Mas lá vou eu de novo, pela ladeira dos assuntos fugitivos! Não quero encerrar esta postagem sem mencionar a noite deliciosa que passei com os alunos do Marcelo Moutinho. Uma turma muito legal, rimos muito, contei histórias sobre as histórias, e espero ter ajudado em alguma coisa. Obrigada, viu, gente? Escrever é uma arte danada de solitária, e encontrar com os leitores, perceber suas reações, descobrir como as histórias estão sendo lidas e como as personagens passaram a habitar outras imaginações é muito gratificante.
Vou à luta, tentando recuperar o tempo perdido. Por falar nisso, nessa quinta e sexta estarei num Seminário lá na UFF, desta vez com um pouquinho da minha produção acadêmica. Falarei sobre Madalenas, calçadas e linho...dentro do VI Seminário Nação-Invenção: Metamorfoses do Moderno. O Scliar vai fazer a abertura, e todos estão convidados.

1 comment:

Ana Cristina Melo said...

É uma pena estar presa à minha fonte de renda durante esses dois dias. Tenho certeza que ouvi-la no seminário será tão gratificante quanto o foi ouvi-la na Estação.

É muito bom essa dicotomia na escolha da forma de escrever. Afinal, ser contemporâneo é ser livre. O que vale para cada um é o conforto para escrever. Não só o conforto do sofá macio (às vezes, já escrevi em van, com tudo escuro, e o celular servindo de luz), mas o conforto da criação.

Uma confissão: apesar de ser uma analista de sistemas, prefiro escrever à mão. Tenho uma satisfação ímpar em entrar numa papelaria e ficar testando todas as canetas, até encontrar "a" caneta. Depois, escolher o caderno que vou usar para escrever meus contos. Olho a capa (tem que ser dura), as folhas (as linhas não podem ser escuras), e o toque do papel. Quando as idéias vêm devagar, tenho satisfação de caprichar na letra (redondinha, confesso). Parece que ao final a história fica mais bonita quando a letra foi feita com esmero. Mas também é certo que há algumas vezes que o texto escorre da gente; e nessas horas os dedos são insuficientes, e dá uma aflição por não corresponderem à velocidade do nosso pensamento. Aí, se eu tiver um teclado, ninguém me segura.

E concordo com o Amauri, seus livros não têm nada de livrinhos. Assim que terminar "Linha de Sombra" eu digo o que achei.

Beijos
Ana Cristina