Saturday, March 14, 2009

Pulei o 13

Ontem não deu. Fazendo juz a sua fama de aziaga, a sexta-feira 13 me surpreendeu com coisas inesperadas, até com uma grande tempestade, e eu fiquei caladinha, no meu canto. Hoje acordei como uma formiguinha atarefada. Já fui três vezes à rua, pretendo ir mais outra, arriscando a sorte e passando por baixo da árvore que estão cortando aqui em frente. Uma árvore que tomba, pela chuva, pela idade, pela infestação de cupins… mesmo assim, dói meu coração vê-la ser transformada em pedaços de madeira, em serragem pelo chão. A sombra que me acolhia quando eu chegava na minha rua, agora já não vai mais me refrescar. Me pergunto se algum passarinho teve que abandonar seu recanto ali no fresquinho? Me entristeço com essas pequenas bobagens. Só me alegro com a possível diminuição de cupins a me ameaçar.  E nem consigo me entusiasmar com a próxima viagem: uma ida à Colômbia – Cartagena de Indias, o porto cobiçado pelos piratas, por onde tanto ouro e tanta prata saíram do continente para enfeitar as Igrejas e Palácios da Europa. Depois, San Andrés e as sete cores de seu mar. É, parece legal, mas eu desanimo, desencanto, só penso nos galhos que se retorcem à espera de serem levados para longe daqui. Sinto o perfume que a madeira recém cortada desprende e me lembro de que, ao cheirarmos, estamos inalando moléculas, e, portanto, transportando para dentro de nós mesmos um pouco do outro. Respiro fundo e decido que está na hora de descer mais uma vez. E que não adianta lutar contra o fato consumado.
Para terminar, agradeço ao Guido o cordel que ele me mandou. Vocês podem encontrar no endereço que ele me mandou e que copio aqui: http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=38858
É sobre a excomunhão da vítima… Nem abordei o assunto aqui porque ainda me sinto ferver. Minha proposta, já que o padre, ou o bispo, sei lá o que ele é, acha que estupro não é tão grave, é convidar os estupradores para atacarem o padre. Pena que o danado não engravida! Mas, citando o Milk, o negócio é continuar tentando. 
Agora, falando sério, me lembro de um romance que li quando garota, mas já não me lembro do autor nem do título. Sei que era um desses autores muito católicos e que o personagem, padre, é chamado ao hospital para decidir sobre um impasse: sua única irmã estava à morte, e sua única chance era uma operação, para retirarem o bebê que ela estava esperando. Se os médicos não terminassem a gravidez, ela ia morrer, e o bebê talvez morresse. Se os médicos interompessem a gravidez ela ia sobreviver, e talvez até pudesse ter filhos, mais tarde. Pois o raio do padre decide manter a gravidez e, assim, assina a pena de morte de sua irmã. Fechei o livro, em lágrimas, revoltadíssima! Nem sei como a história terminou. E acho que nem vou saber, pois esqueci tudo o mais. Teria sido A chave do reino? Vai ver que é do mesmo autor. 
O negócio é seguir as escrituras – dai a Deus o que é de Deus! O resto não é da alçada dele. E eu garanto que Jesus, que tanto amava as crianças, ia cuidar dessa criança atropelada pela desumanidade e violência, e se indignar contra quem a agrediu. Pois é, confesso que não gosto desse Deus que pretende que a gente aja contra as pessoas a quem podemos amar em favor de quem nem existe ainda.
Bolas! Não ia falar nada sobre o assunto, mas aqui estou eu, indignada. 

1 comment:

Anonymous said...

Olá Lucia!
Bom saber que vai a Colombia, acabo de chegar de lá. Passei a semana entre Bogotá, Cartagena e Medelin.
Futuro agrícola en Altellanura, é a Colombia transformando o narco em soja, arroz e milho.
De suas árvores, melhor que tenha sido assim, me doe as milhares que morrem todos os dias na amazonia sem ninguem para sofrer por elas...
Ah! Linha de Sombra merece um lugarzinho no seu blog, coloque ele lá, eu gostei muito, repito a leitura a cada livro que termino. Imagine, releio sempre a dedicatoria como se fosse a primeira leitura.
Como te disse, estou fechando as malas para Buenos Aires, te espero lá.
Forte Abraço e boa viagem.
Amauri