Escrevi um post altamente confessional e apaguei tudo. Acho que esta época, com a obrigação cristã de confessar e de comungar, me fez baixar um pouco a guarda. Depois lembrei que minhas memórias não teriam interesse para ninguém, apaguei sem dó nem piedade minha reflexão sobre os dogmas da Igreja e agora estou aqui, só para lembrar dos santos da ocasião: São Patrício, no dia 17 e, hoje, São José. Há uma linda música, que costumava escutar na voz de Nana Mouskouri, acho que se chama Josef. Era cantada em francês, e falava do homem bom e compreensivo que São José foi. Não faz muito tempo, foi agora no Natal passado, que vi uma peça infantil onde se cantava essa música. Então, meu bom José, proteja-nos a todos. Um bom pai que nos guie, um marido que nos compreenda e ampare, se os homens soubessem o bem que isso faz, todos se esforçariam mais um pouco.
No Rascunho desse mês, saiu publicado um conto de minha amiga Eugênia. Está lá no site do jornal, na seção Dom Casmurro. Ela escreve sobre Hermíone, filha de Helena de Tróia. Leiam, leiam!
E Marcelo me avisa, no seu blog Pentimento, sobre a Copa de Literatura: uma disputa de livros tão díspares quanto Rakushisha e Lugares que não conheço e Filho eterno. Li os três, e acho que vocês também deviam lê-los.
Aproveitem o feriado e coloquem as leituras em dia. É o que vou tentar fazer.
1 comment:
Adoro São José. Isso não quer dizer devoção - tenho uma dificuldade atávica para crer na possibilidade do milagre. E sem querer me tornar blasfemo, as dificuldades naturais da minha vida cresceram depois que um dia, inadvertidamente elevei o coração para onde presumo esteja o Senhor e agradeci a minha boa sorte. Depois daquilo parece que tudo ficou muito mais complicado e - algumas vezes - terrível. Por isso não rezo, pois temo que "eles lá em cima", gostando de minhas orações persistam em me dificultar a vida para eu continuar orando :-)
Mas, como disse, adoro São José. Aquele homenzinho arrastado para um destino terrível e insondavel - qual seja o de se tornar pai de Jesus - ainda que a sua paternidade ainda seja discutível - dado a presença do anjo anunciador - me deixa comovido.
Alguns anos atrás rabisquei um pequeno poema para São José.
Chamei-o "A Fuga".
Ai vai o meu atentado, com todoas as imperfeições sintáticas das quais sou especialmente abundadnte.
Eis como fugiram
Maria e José
À noite para o Egito
num burro e a pé.
Maria escondia
num manto, por fé
O Fruto de um deus
que não fora José.
Maria gritava
palavras a ré
Maria eu não posso
respondia José.
Maria não corra
que eu vbou a pé
Não deixe perdido
teu velho José.
Maria, Maria,
chorava José.
Maria, Maria
sonhava José.
Esse é de 1981, num tempo em que eu vivia metido em guerras e política na América Latina. Devo tê-lo escrito em algum quarto de hotel. Me assombra o destino de José, de quem não se sabe o que aconteceu depois da fuga e do parto - que deve ter sido terrível, no deserto gelado, dentro da gruta imunda pelo uso dos animais. Pobre família.
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