Acordar sem gana de viver. Decidir passar o dia na cama, esperando a manhã seguinte. Pode isso, com um dia como esse, uma paisagem como essa? Se eu fosse finlandesa, ou russa, ou sami, aposto que uma coisa dessas não aconteceria comigo num dia de sol. Na verdade, lembro-se de minha surpresa ao visitar a Rússia e, naqueles dias intermináveis (e frios) de verão, me surpreender ao ver os bebês passeando com seus pais e irmãos às 11 horas da noite, quando o sol ainda estava iluminando as ruas. A guia, que adorava contar as histórias dos príncipes e czares que tinham morrido estrannnngulados, é que se admirou com minha surpresa: "Quando é que eles vão conseguir apanhar sol, se não aproveitarem o verão?!" Daí que, mesmo sendo inverno, conformadamente me levanto da cama, leio os jornais e agora dou uma passadinha aqui antes de me vestir para ir à praia. Sim, cumprirei meu dever de boa finlandesa/carioca e irei desfilar o maiô novo pela praia. Se o Guilherme estivesse aqui, ia perguntar: Maiô novo? Mas você quase nem usou o do verão! E sorriria com a minha resposta: Este estava tão florido, parecia um buquê, e não resisti. E então eu desfilaria satisfeita, banhando-me no sol do sorriso dele, e criaria coragem para mostrar que também comprei uma saída nova, pois era muito chique. E lá iríamos nós, não para a praia, mas para o barco, o reino encantado que me transformava em sereia e a ele em Posídon. Vejam como é possível passar do mais completo desânimo ao entusiasmo. Aliás, não sei se os leitores sabem o que significa entusiasmo, em suas origens. Numa etimologia mambembe revelo que é possuir um deus interior. Acho que é verdade. Despertei o deus interior e a alma voltou. E agora vamos os três passear. Usando bastante protetor solar, é claro!
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