Amanhã é dia dos Pais.
Nem ia falar nisso se não estivesse conversando com uma amiga, outro dia, sobre as novas famílias: com múltiplos pais e mães, por diferentes razões. Nem sempre isso acontece por conta da orientação sexual, mas por casamentos desfeitos e refeitos ou situações bem tristes de perdas familiares quando irmãs e amigas, pessoas mais próximas, se acomodam e incorporam os filhos de vizinhos, os netos, os sobrinhos, etc.
Conheço uma família de três irmãs, e apenas uma delas teve uma única filha. Essa menina passou a ser filha das três irmãs, pois o pai da menina morreu muito cedo. Uma das irmãs nunca se casou, a outra está casada até hoje, mas seu marido é um artista razoavelmente famoso, passa muito tempo fora do Brasil, apresentando seus filmes em festivais. Mas ele gosta da menina, e sempre que pode leva-a com as três "mães" para viagens encantadoras a Disney ou a resorts deslumbrantes.
Tudo o que essa menina quer, ela obtém. Tudo que ela diz, é motivo de encantamento para as suas "mães", ela cresce, linda e saudável, esbanjando auto confiança. Mas ela não é uma menina feliz. Não tem amigas de sua idade, por exemplo. Ninguém vai com ela ao teatro ou ao cinema, e ela não vai a festas de aniversários, pois sempre tem algum programa maravilhoso para fazer com alguma de suas "mães": um dia vai andar de balão com a mãe 1, no outro vai à noite ao ballet com a mãe 2, depois de passar o dia com a mãe três numa visita guiada ao Jardim Botânico em que o guia é nada menos que o ministro da Agricultura ou seu equivalente…
Amanhã as três mães estão competindo para fazer coisas mirabolantes, para que ela não note a ausência de seu pai, e do tio, que está montando uma exposição no Kwait...
Talvez de noite, escondida, ela chore baixinho, escondendo o rosto no travesseiro, imaginando como sua vida seria mais divertida se seu pai estivesse vivo e ela tivesse tempo para brincar com as outras crianças.
E também me lembro do caso de meu amigo, que morreu nas vésperas do dia dos Pais, deixando uma ausência insuportável. Sei como é isso. Quando meu marido se foi, eu não suportava reunir a família, pois era quando a ausência dele se fazia mais notável. Passei alguns anos fugindo de Natais e aniversários, dia das mães e dia dos pais, com o coração em carne viva. Mudei? Não, continuo tentando me esquivar, embora agora esteja mais forte para poder estar presente sem ele nas festas. Afinal, não é justo com meus filhos deixá-los sozinhos tendo que lidar com suas perdas. E vou, reúno e faço questão de mostrar que o pai muito amado está em nossas lembranças, em uma expressão de um de seus filhos, mas, sobretudo, no carinho e no cuidado enorme que fazem de meus filhos extraordinários pais e mães. Isso eles aprenderam e herdaram do pai.
Mas, quem nunca teve pai, teve que ser "pai" de si mesmo. Cuidar-se. Fortificar-se. É para essas pessoas que não conheceram seus pais, ou que tiveram pais ausentes, que desejo um Feliz Dia. Sejam fortes. Sejam compassivos consigo mesmos. E aceitem-se como os heróis que são. Heróis porque sabem perdoar.
Nem ia falar nisso se não estivesse conversando com uma amiga, outro dia, sobre as novas famílias: com múltiplos pais e mães, por diferentes razões. Nem sempre isso acontece por conta da orientação sexual, mas por casamentos desfeitos e refeitos ou situações bem tristes de perdas familiares quando irmãs e amigas, pessoas mais próximas, se acomodam e incorporam os filhos de vizinhos, os netos, os sobrinhos, etc.
Conheço uma família de três irmãs, e apenas uma delas teve uma única filha. Essa menina passou a ser filha das três irmãs, pois o pai da menina morreu muito cedo. Uma das irmãs nunca se casou, a outra está casada até hoje, mas seu marido é um artista razoavelmente famoso, passa muito tempo fora do Brasil, apresentando seus filmes em festivais. Mas ele gosta da menina, e sempre que pode leva-a com as três "mães" para viagens encantadoras a Disney ou a resorts deslumbrantes.
Tudo o que essa menina quer, ela obtém. Tudo que ela diz, é motivo de encantamento para as suas "mães", ela cresce, linda e saudável, esbanjando auto confiança. Mas ela não é uma menina feliz. Não tem amigas de sua idade, por exemplo. Ninguém vai com ela ao teatro ou ao cinema, e ela não vai a festas de aniversários, pois sempre tem algum programa maravilhoso para fazer com alguma de suas "mães": um dia vai andar de balão com a mãe 1, no outro vai à noite ao ballet com a mãe 2, depois de passar o dia com a mãe três numa visita guiada ao Jardim Botânico em que o guia é nada menos que o ministro da Agricultura ou seu equivalente…
Amanhã as três mães estão competindo para fazer coisas mirabolantes, para que ela não note a ausência de seu pai, e do tio, que está montando uma exposição no Kwait...
Talvez de noite, escondida, ela chore baixinho, escondendo o rosto no travesseiro, imaginando como sua vida seria mais divertida se seu pai estivesse vivo e ela tivesse tempo para brincar com as outras crianças.
E também me lembro do caso de meu amigo, que morreu nas vésperas do dia dos Pais, deixando uma ausência insuportável. Sei como é isso. Quando meu marido se foi, eu não suportava reunir a família, pois era quando a ausência dele se fazia mais notável. Passei alguns anos fugindo de Natais e aniversários, dia das mães e dia dos pais, com o coração em carne viva. Mudei? Não, continuo tentando me esquivar, embora agora esteja mais forte para poder estar presente sem ele nas festas. Afinal, não é justo com meus filhos deixá-los sozinhos tendo que lidar com suas perdas. E vou, reúno e faço questão de mostrar que o pai muito amado está em nossas lembranças, em uma expressão de um de seus filhos, mas, sobretudo, no carinho e no cuidado enorme que fazem de meus filhos extraordinários pais e mães. Isso eles aprenderam e herdaram do pai.
Mas, quem nunca teve pai, teve que ser "pai" de si mesmo. Cuidar-se. Fortificar-se. É para essas pessoas que não conheceram seus pais, ou que tiveram pais ausentes, que desejo um Feliz Dia. Sejam fortes. Sejam compassivos consigo mesmos. E aceitem-se como os heróis que são. Heróis porque sabem perdoar.
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