As reticências no título são uma tentativa de mostrar a chuva que cai incessante e me tolhe o ânimo. O mundo se apaga nestes dias de chuva, se resfria, perde as cores. Olho pela janela e não vejo o mar, pois céu e mar se transformaram numa tela esbranquiçada onde se destacam as grandes manchas geométricas e cinzentas dos edifícios. Se me estico um pouco para um dos lados, alguma cor aparece: uma faixa amarela, outra cor de vinho sublinham a monocromia do resto do dia.
Olho para dentro de mim mesma e não vejo uma paisagem mais alegre. Meu ânimo sucumbe ao frio e à monotonia. Para escapar, tenho os livros, sempre amigos, mas agora também tenho as lições de piano. Passo algum tempo batucando as teclas e reclamando do afinador, quando devia estar deplorando a minha inépcia. Levanto-me e volto para o calor de Jorge Amado, fazendo um inventário da Bahia. São poucas as linhas que releio, e já entendo logo de cara a epígrafe de Gregório de Matos. Penso que está na hora de revisitar o poeta. Penso, também, que já não leio com a velocidade/voracidade da juventude, pois agora minha trama está mais densa e me faz refletir sobre coisas paralelas. E, falando em trama, relembro de Penélope, a sábia, que desfazia seu tecido e recomeçava sempre, numa lição preciosa de leveza. Ler com olhos inaugurais, no entanto, já não me é mais possível. Mesmo os livros recém lançados me surgem de mãos dadas com obras que suas frases me evocam. Comparo tudo isso às minhas lições de piano: a cada frase melódica que reproduzo toscamente, julgo reconhecer traços de melodias populares ou clássicas, todas muito amadas. Aqui um Frère Jacques, ali um Hino à alegria, todos mutilados pelos meus dedos ineptos e apressados.
Venho ao computador, na esperança de uma mensagem que me resgate dessa melancolia. Nada. Nonada. Aqui estou: caminho traçado pelo GPS da ausência de sol, buscando refúgio nas palavras e em possíveis leitores. Mas será que ainda tenho leitores? Este Google espião me aponta um monte de gente lendo minhas publicações, mas ninguém me dá sinal disso. Um ou outro amigo mais fiel, eu sei que me revisita. Acho que o Google mente, para me manter escrevendo aqui. Escrava fiel, dominada pela esperança de…
De quê, mesmo? De que o sol volte a aparecer e a me brindar com suas cores e energia. Deve ser isso, última esperança que (em breve?) deixarei.
Olho para dentro de mim mesma e não vejo uma paisagem mais alegre. Meu ânimo sucumbe ao frio e à monotonia. Para escapar, tenho os livros, sempre amigos, mas agora também tenho as lições de piano. Passo algum tempo batucando as teclas e reclamando do afinador, quando devia estar deplorando a minha inépcia. Levanto-me e volto para o calor de Jorge Amado, fazendo um inventário da Bahia. São poucas as linhas que releio, e já entendo logo de cara a epígrafe de Gregório de Matos. Penso que está na hora de revisitar o poeta. Penso, também, que já não leio com a velocidade/voracidade da juventude, pois agora minha trama está mais densa e me faz refletir sobre coisas paralelas. E, falando em trama, relembro de Penélope, a sábia, que desfazia seu tecido e recomeçava sempre, numa lição preciosa de leveza. Ler com olhos inaugurais, no entanto, já não me é mais possível. Mesmo os livros recém lançados me surgem de mãos dadas com obras que suas frases me evocam. Comparo tudo isso às minhas lições de piano: a cada frase melódica que reproduzo toscamente, julgo reconhecer traços de melodias populares ou clássicas, todas muito amadas. Aqui um Frère Jacques, ali um Hino à alegria, todos mutilados pelos meus dedos ineptos e apressados.
Venho ao computador, na esperança de uma mensagem que me resgate dessa melancolia. Nada. Nonada. Aqui estou: caminho traçado pelo GPS da ausência de sol, buscando refúgio nas palavras e em possíveis leitores. Mas será que ainda tenho leitores? Este Google espião me aponta um monte de gente lendo minhas publicações, mas ninguém me dá sinal disso. Um ou outro amigo mais fiel, eu sei que me revisita. Acho que o Google mente, para me manter escrevendo aqui. Escrava fiel, dominada pela esperança de…
De quê, mesmo? De que o sol volte a aparecer e a me brindar com suas cores e energia. Deve ser isso, última esperança que (em breve?) deixarei.
1 comment:
Adorei ver que não sou somente eu que desconfio do marcador de visitas do blog, quando nenhum leitor compreensivo resolve deixar uma mensagem para esta escritora desesperada por atenção! rs Bom, deixo então meu recadinho pra dizer que passei por aqui! ;)
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