Já recebi, algumas vezes, essas imagens de edifícios curiosos ou das bibliotecas pelo mundo afora. Gosto de ver uns e outros, assim destacados, imobilizados na tela, com suas cores e silêncios. Pois, por alguma birra, meu computador nunca executa o fundo musical (o que provavelmente pode ser uma bênção)
Ali fico eu, olhando as imagens e revisitando alguns, ou visitando outros. Não conheço esta biblioteca redundante. Mas, sempre que vejo seu retrato, me lembro da biblioteca de NY, com seus dois leões de pedra, Patience and Fortitude. Eles prometem me proteger enquanto eu estiver distraída ali dentro. Posso perambular segura pelas obras, mergulhar no mar de histórias ali represado, pois os leões da entrada velam por mim. Gosto muito deles, do prédio robusto e pesado, das árvores e do parque ao seu redor. Até o burburinho da cidade movimentada me tranquiliza. Todas aquelas obras, lá dentro, existem apesar do caos de fora. Existe salvação para a humanidade!
Mas os barulhos de minha própria cidade me inquietam. Hoje estranhei a presença de um helicóptero insistindo em despertar a todos no Leblon. Eu acordo cedo e não tenho ouvido esse ronco fora de hora, por isso não entendia o que ele anunciava. Foi a TV quem me avisou que aqui, ao meu lado, um bueiro ameaçava explodir, soltando uma fumaça lúgubre bem em frente ao Banco do Brasil. E o helicóptero desempenhava sua função de vigia, olhos bem abertos tomando conta não apenas do trânsito mas de nossas pequenas ou grandes tragédias anunciadas. Depois, quando saí, vi primeiro o Corpo de Bombeiros e mais tarde os funcionários da Light e outro da CEG. Uma equipe abria um buraco do lado de lá da rua, a outra do lado de cá. Indiferentes, os homens nem usavam máscaras, nem proteções especiais, transformando a ameaça em rotina. Voltei para casa e me abriguei na minha própria biblioteca, entre as páginas de um livro. Velando por mim, as miniaturas de Pacience e Fortitude, e o olhar carinhoso dos retratos…
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