Friday, August 12, 2011

O drama da idade

Recebi de uma amiga, L, um email com muitos desenhos engraçados mostrando que o tempo passa para todos, até para os personagens de desenho. Vejam, Piupiu fez 60 anos esta semana, e lá aparecia ele sentadinho em seu poleiro, todo enrugadinho. A Barbie com 50, perdeu suas formas e se deliciava com bombons e TV. O Superman exibia seu barrigão de 72, o Thor e o Hulk, aos 48 anos, parecem aqueles coroas que, inconformados com a idade, se vestem como adolescentes. Batman e Robin aos 70, continuam juntos, só que o Robin, careca e encurvado, empurra a cadeira de rodas do Batman. A Mulher Maravilha, já quase aos 70, insiste no maiô, mas já não sidera mais ninguém, nem mesmo o cachorrinho que ela domina com seu chicote. O Spiderman, com mais de 50, envelheceu mal, e está preso ao soro, muito doente. São brincadeirinhas, e a gente ri, mas se inquieta um pouco. Principalmente quando junta isso à notícia da recuperação de Sininho, a hipopótamo que perdeu a mãe que estava com 53 anos. Segundo informava o jornal, a mãe foi sacrificada na sexta passada pois estava muito velha, já passara dos 48, média de vida dos hipos, e cheia de doenças: artrite, problemas respiratórios, úlcera sei lá o que mais. E a Sininho, com 10 anos, entrou em depressão e deixou de comer. A tratadora, entrevistada, disse que ela já tinha voltado a se alimentar, e que ia se recuperar, que era o processo de luto normal. Fiquei pensando que ninguém acha errado sacrificar um animal que sofre, mas todos se levantam contra a eutanásia. Por que será que os humanos estão condenados ao sofrimento? Por que libertamos apenas os animais? Quero ser "posta para dormir" caso as mazelas cheguem a me incapacitar!
Para terminar filosofando mais um pouco sobre idade, falo sobre Rosa, a peça que assisti ontem, e que não é propriamente sobre a velhice, mas sobre a memória. A memória de uma mulher judia, que se confunde com a história de seu povo. Rosa está de luto, mas um luto muito maior do que se possa pensar a princípio, pois está de luto pela humanidade perdida. É um monólogo muito bem sustentado pela atriz, que vai revelando as perdas sucessivas que não a abatem. Em sua trajetória, desamor e perdas, paixão e sobrevivência, Deus e a vida são avaliados com uma dose de humor, resignação, e encantadora vontade de acomodação. "Por outro lado", o que a sustentou e ao seu povo até então, periga de transformar-se num lado mais sombrio e ressentido, de acerto de contas infrutífero. Muito boa peça. E triste, embora seja engraçada. Como diria Rosa, é o "por outro lado"…

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