Wednesday, January 26, 2011

Aniversários

Ontem, 25 de janeiro, foi aniversário de São Paulo. Da cidade, não do santo. Acho que não se tem notícias de quando fosse o aniversário do santo que, antes de ser santo, foi coletor de impostos. Como estou dando aula sobre Guerra do fim do mundo, livro de Vargas Llosa sobre Canudos, lembro que o Conselheiro aceitava em seu povoado todos os tipos de pecadores, menos os ex-coletores de impostos. São Paulo não teria entrado em Canudos, vejam só. Mas São Paulo, a cidade, entra em meu panteão de cidades queridas. Todo o mundo estranha, uma carioca que gosta de Sampa, será que é normal?
Confesso que fui doutrinada por Caetano, com seu lindo hino a São Paulo e deixei que alguma coisa acontecesse em meu coração. Mas não é quando cruzo suas ruas movimentadas e ainda mais sujas que as do Rio. É quando passo pelos parques de SP, pelas ruas arborizadas e ainda cheias de casas, quando passeio pelas ruas chiquérimas, com edifícios rodeados de jardins, altos como babéis. É quando encontro um comércio pequenininho, com jeito humilde, persistindo junto a lojas que chegam a intimidar com seu luxo e grandiosidade. Também me encanta, carioca praiana, o caos labiríntico de uma cidade sem mar. Como é que alguém se orienta em SP? Nem pelas estrelas, há muito tempo invisíveis no céu poluído!
Gosto dos teatrinhos escondidos em ruas residenciais. Amo a sala São Paulo, orgulho da cidade. Gosto dos parques, que criam perspectivas. Gosto (gostava, antes do GPS) de tomar um táxi, dizer meu destino e descobrir que o motorista de táxi não fazia ideia de onde ficava o restaurante que nos haviam recomendado como o melhor da cidade… E rodávamos por umas duas horas, numa excursão pelas ruas escuras e molhadas da cidade. Pois São Paulo é uma cidade escura, deserta, povoada por círculos iluminados onde alguns "fiéis" se reúnem.
São Paulo é uma cidade cheia de códigos: A turma daqui não frequenta a turma dali. Daí que é preciso ter muitos amigos em SP, para podermos visitar vários pontos da cidade. Num dia vamos à praça, noutro à mercearia. Num dia vamos à Itália, noutro vamos ao Japão. Num dia vamos ao museu, outro dia vamos às compras.
Gosto de São Paulo, acho que porque é uma cidade aquariana, como eu. Parabéns, São Paulo!
Mesmo atrasado, aqui fica o meu abraço.

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