Hoje, 17 de janeiro, dia do 171, me revolto contra um tipo de pessoa que surge nesta época de desolação: os descrentes de tudo. A gente escuta essas pessoas reclamando que não vão fazer doação em espécie porque algum espertalhão vai ficar com o dinheiro. Depois ainda nos dizem que não tem certeza de que as doações de roupas e alimentos vão ser encaminhadas "para lá", pode ser que fiquem no caminho, alegam. E isso ainda não é o bastante. Dizem que vão entregar pessoalmente a alguma pessoa conhecida, mas não vão comprar absolutamente nada para dar, pois só vão doar as coisas que já tem em casa. Na verdade, essas pessoas são nocivas, mesmo pensando que são generosas, elas estão levantando calúnias sobre a espécie humana. Se elas desconfiam da distribuição, guardem isso para si, e vão trabalhar como voluntárias. Se suspeitam que as pessoas não vão receber seu auxílio de coisas em desuso (na verdade me parece que estão pretendendo fazer uma limpeza em seus armários, ao invés de doarem qualquer coisa), que doem seu tempo e sua honestidade para ir pessoalmente verificar as entregas. Afinal, não estão doando para o Haiti, mas para Petrópolis, lugar que fica pertinho.
Ser solidário não é uma obrigação, tem pessoas que não o são. Mas, por favor, não desmereçam as belezas que estamos vendo e das quais estamos sendo informadas. Não desprezem a filha, que, ao procurar a mãe, acaba se envolvendo na preparação e distribuição de alimentos. Não façam pouco do rapaz que cava, com as próprias mãos, o barro e a lama, na esperança de resgatar alguém. Não voltem as costas para quem está nesta situação, dando uma de Cigarra e Formiga: "quem mandou construir onde não devia?"
Se não pode dar, não diminua o donativo dos outros. Pode ser que aquela chupeta oferecida por uma criança a outra seja tudo o que a desfavorecida precisasse para se acalmar e conseguir dormir. Deixem que seus corações batam no compasso dos outros, mas, se lhes for impossível isso, ao menos não enxovalhem os esforços dos outros!
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