Ando abatida. Tenho dormido pouco, sempre atarefada, confundindo horas. Começou com uma tristeza, da qual nem ia falar, mas hoje a Cora me estimulou. Minha primeira noite sem dormir foi a do malfadado incêndio, que me fez passar a noite literalmente em claro. Em claro, mas na mais profunda treva de ansiedade. A sensação de impotência é a pior coisa. Ou talvez seja a segunda pior coisa, pois o que mais me incomodava é que eu — em segurança, claro— não conseguia deixar de ver a beleza fascinante das chamas. Pois aquele clarão na noite era lindo e letal. Talvez mais lindo por que letal, vá-se lá entender a alma humana. Mas a angústia da destruição me provocava engulhos e lágrimas. Foi uma noite de "Crime e castigo". De raiva e fascínio. Resultado: os dias subsequentes vão se passando numa roda viva de trabalho e alheamento, do sono que ainda não recuperei. Pois se o fogo me tirou o sono, agora são as águas que me tiram a paz. Leio sobre as enchentes em Pernambuco e Alagoas e meu coração dói. Amo esses estados, onde tive a oportunidade de encontrar bons amigos e muito acolhimento. Ouço nomes tão ligados à literatura, e sofro. Terra de meus amigos, castigada desta maneira, as imagens me fazem sofrer. Quem quiser colaborar,
" O Corpo de Bombeiros oferece duas contas para doações em dinheiro: Banco do Brasil, agência 3557-2, conta corrente 5241-8, e na Caixa Econômica Federal, agência 2735, operação 006, conta 955/6.", me avisa a amiga Lícia Souza. Pensem em Graciliano e mandem suas contribuições. Pensem nas pessoas amáveis e generosas, que mesmo com pouco nos recebem entre sorrisos e carinhos, e mandem suas contribuições. Pensem em suas camas limpas e cheirosas, na água corrente em suas casas, no teto sem goteiras sobre suas cabeças e mandem suas contribuições. Não fiquem indiferentes, não se desumanizem! Depois de todas essas coisas sérias, é impossível falar sobre a bobagem da Copa, que também me tira o sono. Desejo a vitória do Brasil, mas parece que o clima é de receio. Portugal, agora, virou um bicho-papão. O jogo, que poderia ser um amistoso, já que as duas seleções já se classificaram, virou um desafio. Cristiano Ronaldo vai ser o mais bonito em campo, uma vez que o Cacá vai estar longe do jogo — É essa a vitória. Mas, o que era pra ser um jogo entre irmãos, um jogo para reunir a família em torno de um bom bacalhau, trocando-se piadas de português pelas de brasileiro, virou um jogo para disputar saldo de gols, colocação, sei lá o que mais. Virou mais um dos jogos medíocres da copa, onde ninguém brilha, todos se apagam e se amesquinham. E ainda temos a ameaça do Maradona. Se a seleção argentina ganhar, ao invés de prêmio seremos castigados com uma nudez não requisitada! Quem quer ver o Maradona peladão, montado no obelisco da 9 de julho? Sinceramente, minha amiga Halime tem uma seleção que deixaria a todos muito mais contentes se algum prometesse aparecer nos trajes de festa de Adão. De vez em quando ela nos brinda, no FB, com fotos de lindos jogadores, daqui e dali. Vamos combinar, Mará. Se a Argentina vencer, pede para a Halime escolher quem tira a camisa suada e mostra a jabulani para a gente!
1 comment:
Quando se perde a esperança aí, sim, é que se perde tudo. Ontem fiquei feliz ao ver umas imagens de uma feira no interior de Pernambuco, numa localidade ainda com as ruas cheias de lama e destroços que, apesar da ação brava dos cidadãos, ainda continuam lá: todo mundo se recuperando, com aquela atmosfera efervescente de uma feira.Não sei quem disse e como disse mas é o seguinte: o que nos define não é a forma como caímos, mas como nos levantamos.Um belo dia, T.T.
Post a Comment