Monday, December 28, 2009

Filme triste

Não vou ficar aqui falando de tristezas. No entanto, preciso comentar a programação do Estação Ipanema: alguém deve estar à beira da depressão. Os dois filmes são tristíssimos: Um segredo em família e Cerejeiras em flor. Tinha assistido o primeiro há algum tempo atrás, acho que na semana passada. O filme me impressionou como uma espécie de escolha de Sofia, a escolha entre a fé e a sobrevivência  – embora alguns amigos tenham interpretado a ação da mulher traída como uma vingança contra o marido. Eu, com minha interpretação, sendo uma mulher de pouca fé, acho que, no lugar dela, no entanto, por uma questão de lealdade, teria feito o mesmo. Achei interessante a discussão de minhas amigas, que afirmavam que ela sabia que estava condenando o filho à morte. Será que sabia? Será que as pessoas estavam cientes do que se passava? Será que tinham informação dos horrores? Será que conseguiam acreditar nestes horrores? Pois há um limite para o que se consegue acreditar. Nós mesmos, aqui no Rio de Janeiro, será que temos ciência do que verdadeiramente acontece nos morros e nos locais mais pobres da cidade? Será que não somos tão cegos como a população daquela época, que, quando escutava relatos, colocava os fatos mais escabrosos na conta de "propaganda de guerra"? De qualquer forma, não é um filme depressivo. O filho resgata a humanidade da família, redime o pecado original. Mas é um filme triste.
As cerejeiras, com seu título tão poético, é tristíssimo. Passei o filme todo chorando, mas levem em conta minha empatia com o personagem. Ele perde a companheira de toda uma vida e se desorienta. Mas como não se desorientar? Ele, no entanto, teve a sorte de morrer 6 meses depois. Como retratar a tristeza de quem continua vivo e sofrendo por muito tempo depois? O bonito do filme são os personagens absolutamente medianos: ao contrário do Segredo, em Cerejeiras não existe um fator "heróico". Trata-se da vida de qualquer um, da insensibilidade que nos permite viver anos ao lado de alguém sem que nos detenhamos para conhecer um pouco melhor essa pessoa, e, no entanto, amando esse alguém desconhecido com devoção. Trata-se da impossível relação com os filhos, que precisam de nós, mas que nos repudiam para poderem ser indivíduos. Trata-se das surpresas que a vida nos traz, dos segredos que guardamos, das pequenas violências que cometemos e que nos fazem tanto mal, a nós e aos outros. Em resumo, um filme tristíssimo.
Mas a vida nos oferece amigos, sem que a gente nem coloque uma estrela de Belém para atraí-los. Eles chegam com ouro, incenso e mirra, em suas palavras e em seus gestos inesperados. Obrigada, Márcio, pelo comentário. Obrigada, Aninha, pelo apreço. Vocês alegram meus dias. São os meus Reis Magos (visitem o blog do Marcio e da Brenda, Imagem Semanal ), virtuais. Juntamente com os reis e rainhas que me procuram com palavras e presentes, vocês são aqueles que reparam o dique que mantem represadas as minhas lágrimas. Meus sorrisos são dedicados a todos vocês, que nunca me esquecem. 

2 comments:

Anonymous said...

Obrigado pela recomendação. Beijos Marcio

Ana Cristina Melo said...

Que possamos criar um dique com uma torneirinha que vá transformando suas lágrimas em sorrisos que só você sabe dar.
Bjs no coração.