Sunday, November 02, 2008

Vejam como são as coisas...

Fui ao cinema, hoje, assim por impulso, para desanuviar a decepção que o Hamilton me provocou. O Massa me comoveu com suas lágrimas, e, por alguns instantes, odiei o Hamilton, pela sua sorte. Depois, não, ele também se esforçou para chegar até onde estava. Mereceu, mas não festejo por ele. Celebro a vitória do Massa, e espero que a Ferrari não o desaponte na próxima temporada. Daí que fui ao cinema e vi um filme divertido. Mas já me esqueci do título -- alguma coisa com meu irmão e a namorada dele. O ator tinha trabalhado no Pequena Miss Sunshine, fez o papel do Proust Scholar e meus filhos zombaram de mim, na época, pois pouco antes de assistirmos o filme, eu tinha brigado -- na brincadeira -- com eles, e dito que ia vender meu carro e comprar uma Kombi velha. Eles viram o filme e eu, logicamente, tive que escutar as piadinhas sobre minhas preferências por Proust e Kombis... Desta vez, era o filme que ia começar quando chegamos ao cinema. Não sabia de nada sobre ele, mas mal o filme começou, tive que escutar um "outra vez? parece você, né?" E tive que concordar: O ex-Proust scholar, dessa vez um escritor viúvo, acorda numa cama compartilhada por livros, como a minha. Exatamente a mesma coisa. Mas não tenho irmãs, as semelhanças param por aí.
Ao chegar em casa, percebi que havia um recado na minha secretária. Era de uma amiga, que me ligou na sexta, ou talvez na quinta, essa secretária que tenho não me diz a ocasião da ligação. Ela falava de irmos almoçar no sábado... Fiquei devastada -- passo os fins de semana sozinha, nunca tenho programa, e desperdicei uma chance de estar com uma pessoa querida! Quando será que vou aprender a verificar minhas mensagens? Quando será que vou aprender a viver? Eu teria gostado de sair com ela, mas também não fiquei aborrecida nem chateada em casa. Às vezes, no fim da noite, me sinto meio sozinha, após passar um dia inteiro sem falar com ninguém, nem sair de casa. Só que, geralmente, passei o dia lendo, ou escrevendo, e não me senti solitária.
Bem, pensei em ligar para ela para me desculpar, mas já é muito tarde. Amanhã me desculpo. Termino só contando que comecei bem o dia: Na TV Senado, o Maurício Albuquerque fez um comentário sobre meu Linha de sombra, falando que uso o "desejo, o lirismo e a violência"para ler a realidade de nossos dias, ou algo assim. Fiquei impressionada comigo mesma. No computador, havia um aviso dizendo que meu conto No divã, com Freud, tinha sido publicado numa revista virtual chamada Balaio de Notícias -- a revista é linda, vale conferir. E eu escrevi um pouco mais, avançando no romance. Espero que fique bom. Por enquanto acho que estou indo. São poucas as páginas, umas 20, ou pouco mais. Mas estou gostando delas.

1 comment:

Guido Cavalcante said...

Muito bacana esse texto: a intensidade dos pequenos fatos e da memória se tornam palpitantes. Sobre kombis quero lembrar do belo livro de viagem do Cortazar e da Carol, durante um mês numa kombi entre Paris e marselha - é muito dificil gostar de uma kombi, e ademais parecem perigosas. No cinema tínhamos "a kombi da produção", que nos levava de manhã bem cedo pro set e nos trazia empoeirados ao final da jornada. Algumas kombis destartalhadas fazem trasnporte em Jacarepaguá, Curicica,... Lugares além Barra e Recreio. Elas anunciam o itinerário com uma fita gravada, parece que é sempre a mesma voz.

Tem um site que gosto muito e que hoje dou a url:

http://cabinet-of-wonders.blogspot.com/

Pode valer a pena se divertir com o sketch.

Sobre o conto com Freud, acho que ela deveria ter ido à cartomante naquele dia :-)