Muita gente se esquece que o tempo é uma invenção -- e convenção -- humana. Essa coisa de horas, minutos, segundos que se acumulam em semanas e em anos, séculos e milênios, é tudo fruto de nossa cabeça, de nosso desejo de ordenação. Mas existir mesmo, só existem manhãs, tardes e noites, que se sucedem apenas graças ao passeio da terra em torno do sol. Um besouro em volta da chama de uma vela, esse nosso planeta.
Vejam só as horas -- dividimos o globo terrestre em fatias horárias, numa espécie de aberração -- se duas pessoas estão se beijando, sobre a linha fronteiriça de um dos fusos horários, porque um estará beijando às onze e outro ao meio-dia?
Essa questão de idade também é bem convencional. Algumas pessoas têm corpo jovem e espírito velho, cheirando à naftalina. Outras têm espírito quase infantil, imaturo, e vivem em corpos decadentes, como uma casa em ruínas. A gente tenta ir equilibrando desgaste (ou amadurecimento) mental e físico, do mesmo jeito que, no café da manhã, vamos tentando fazer nosso pão com manteiga acabar junto da xícara de café.
Mas o que me horrorizou na questão de maridos e mangas, é a transformação de gente em acessório. Eu tive um marido, com apenas mais quatro anos que eu, e nunca pensei nele como um par de sapatos. E tenho a certeza de que ele nunca pensou em mim como um carro do ano. Reajam, maridos em potencial -- Se uma mulher de mais de 38 se achegar, tentando fazer que algum de vocês se adapte a um modelo Casas Bahia ou Ferragamo, resista! Não se deixe consumir. E isso vale para as mulheres também. Se algum homem quiser que você seja modelo e manequim, ou mãe de família, fuja dele! Sejam vocês mesmos, múltiplos, individuais, surpreendentes -- seres vivos e vibrantes. Mas cheios de amor, interessados no outro, e não apenas no próprio umbigo!
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