Não me atrevo aqui a citar a letra da canção italiana antiguinha, que mais ou menos queria dizer (pelo menos é o que eu entendia) que a amada fazia o namorado girar como una bambola e depois o deixava de lado, brinquedo esquecido. Essa bambola, para mim, era o bambolê, rodinha hoje em desuso, mas da qual eu era uma grande atleta! Comandava o bambolê com perícia, e o aro volteava ao redor do meu pescoço, descia, orbitava em volta de minha cintura, coxas, joelhos, e depois, com pequenas alterações no movimento do corpo, subia tudo de novo, e eu conseguia, de vez em quando, retirá-lo para um único braço, proeza muito admirada pelos meus grandes fãs: meus avós.
Eles me deram bambolês de diversas cores e eu usava mais de um ao mesmo tempo, mas isso às vezes desandava. Minha avó estava convencida de que o "exercício" afinaria minha cintura, mas ela estava enganada. Nunca tive o corpinho de violão que ela desejava para mim. Talvez por isso eu tenha abandonado meu esporte, e hoje (juro que tentei recentemente) não consigo mais manter o bambolê girando. Só no braço, e, assim mesmo, com alguma dificuldade, perigando de ver o aro fugitivo se escapar e causar algum acidente. Na verdade, nunca fui muito atlética, nem muito preocupada com o corpo. Talvez por isso tenha sido tão crítica com relação à Sissi, imperatriz tão preocupada com sua beleza e sua silhueta que me impressionou, quando menina, de uma maneira positiva graças aos filmes da suave e sorridente Rommy Schneider. Ela estava sempre sorrindo, nas fotos e nas cenas dos filmes, e descobri que a verdadeira nunca sorria, envergonhada pelos dentes escuros que enfeiavam sua boca.
Quando cheguei a Viena, pela primeira vez, comprei todos os livros que encontrei sobre sua vida e descobri sua provável anorexia, sua complicada relação com os cabelos, que lhe provocavam dores enormes de cabeça visto pesarem muito, e necessitarem de suporte para serem penteados. Um parêntese: ela não admitia que caíssem fios de cabelo ao ser penteada, e espancava as cabeleireiras.
Entendo que a Sofia não fosse fácil, mas acho que a Sissi era ainda mais difícil que sua sogra...
Visitando a Áustria, a gente sempre se maravilha com a beleza do lugar. Pequenina, a cidade de Viena é tão acolhedora para os turistas que chega a parecer uma espécie de Disneyland: todas as atrações estão a curta distância, e um bondinho interliga todas elas, e nos permite descansar as pernas cansadas de percorrer quilômetros de galerias de palácios e museus. Como já tinha estado ali antes, esnobei algumas visitas e fiz outras, não planejadas pela excursão. Não fui ao palácio de inverno mas voltei ao museu de nome difícil (Kunsthistorischesmuseum). Fui lá rever meus amigos Arcimboldo e Brueggel, e tomar um cafezinho sob a rotunda, admirando o palácio lindo, lindo, que devemos à Maria Teresa, mãe de outra austríaca famosa, a Antonieta, e, por incrível que pareça, avó do único filho de Napoleão, L'Aiglon, tão lindinho e lourinho, mas que morreu tão cedo.
Corremos toda a cidade atrás da casa de Freud, pois nos deram o endereço errado no hotel. Não foi culpa do concierge, foi a internet que estava com o endereço errado, um engano de digitação numa letra nos levou a uma casa que ostentava um cartaz bem humorado, avisando que não era ali que ele morava, lá só viviam alguns de seus pacientes -- provavelmente enlouquecidos com a romaria mal orientada. Já havíamos desistido quando um tempinho extra nos permitiu fugir até lá na manhã de nossa partida para Praga. Uma casa pequena, mas muito bem localizada, com um jardim tranquilo, poucos móveis, muitas fotos... Claro que chovia, mas nós enfrentamos a chuva felizes e até nos recompensamos com um capuccino e um strudel no Café Freud, que oportunamente se instalou ao lado da entrada da casa.
Além disso, passeamos pelo Schönnburg Hof e seus jardins, pelas ruas da cidade, correndo atrás de um guia "maratonista" que se chamava Carlos, era intensamente gay e perdeu metade do grupo na correria pelas ruas super cheias de gente. Os velhos e as crianças tiveram de ser resgatados e nós tivemos que aturar a impaciência dele que não entendia como as pessoas tinham se perdido do grupo. Fotos? Talvez eu tenha conseguido tirar uma ou outra, nalgum momento em que a marcha ficava um pouco mais lenta... Vou ver depois. Ah, se conseguir, farei um site de fotos da viagem. Por enquanto, nem consegui passar as fotos da máquina para o computador: inabilidade e incompetência.
1 comment:
Bem-vinda seja! Precisando de ajuda com as fotos, é só telefonar, costumo conseguir direitinho... Beijo.
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