Saturday, May 19, 2007

Paris, Texas....

Pois é. Quem se lembra do filme? Mas não vou falar sobre ele, e sim sobre essa minha divisão entre Paris, Texas e Rio de Janeiro. Só comecei a gostar de Paris depois que o Guilherme me ensinou a amar a cidade. Antes eu via Paris sob uma lente cinzenta, hostil. Foi o Guilherme quem me levou para lá nos dias de sol, quem me fez ver a beleza da cidade e de suas flores, quem me revelou seus encantos. Paris e seus vitrais, a luz filtrada invadindo igrejas. Paris e seus espelhos, onde todos nos sentimos mais belos. Paris e suas canções, embalando sonhos e realidades.
Texas, será que algum dia vou aprender a amar suas imensidões? As dimensões das coisas aqui parecem fantásticas, desproporcionais para a minha vida, tão pequenina... As notícias da TV mostram o muro que estão construindo, numa tentativa de separarem-se do México. Texas, que já pertenceu ao México, e que agora vira as costas a essa origem. Será que o muro vai adiantar alguma coisa? Será que as leis contra imigração, vão surtir algum resultado positivo? Porque negativo acho que já começaram a ter: separação, dissenção, estranhamento. Cidades que não mais permitem que as suas casas sejam alugadas a imigrantes... Uma xenofobia inquietante.
Rio de Janeiro, com sua beleza desmazelada, seu trânsito insuportável, cujo jeito acolhedor só sobrevive nas lembranças de quem já viveu um pouco. Agora só tiroteios, balas perdidas (ou encontradas por quem não devia), desencanto. Acho que um muro invisível foi sendo construído ao longo dos anos e, como um cancer, foi destruindo a cidade. Agora já não sabemos mais onde começar a endireitar as coisas. Mas, é só olhar para os contornos da cidade para sabermos que ainda é possível mudar nosso olhar, tal como o meu mudou com relação a Paris. Há, no Rio, muito a ser resgatado.

5 comments:

André de Leones said...

Mana, assim que você voltar, eu vou passar um mês hospedado em sua casa, no Rio de Janeiro. A idéia é, a partir dessa viagem, escrever uma história de amor que se passe no Rio. A cidade precisa de algo assim, não? Precisa e merece.

Beijocas.

André de Leones said...

Mana sumiu?

André de Leones said...

Mana???

Anonymous said...

Querida, li a resenha que você assinou no Rascunho. Brava.
Maio não é só o mês das noivas. Neste maio comemora-se o centenário da morte de Huysmans. Por incrível que pareça, uma das minhas paixões. Escrevi um texto que saiu hoje no Digestivo Cultural. Queria tanto que a Rachel acessasse o micro. Só imprimindo e mandando para ela. Com o beijo da Eugenia.
O link está aqui:http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=210

Anonymous said...

Querida Lúcia,
Passei pelo Rio rapidinho inicio de abril e decidi "google" voce, na esperança de quem sabe, ter alguma noticia sua. Foi ai que encontrei tanta coisa: blog, livro, premio. Até uma foto linda de voce cheirando uma flor em Estocolmo!
Gostaria muito de entrar em contato com voce novamente apos estes anos todos. Não encontrei e-mail address p/ poder te escrever diretamente. Eis o meu: efua3@excite.com
abraço forte e saudadoso,
Ana Maria