Friday, May 18, 2007

Allen, Texas

Estava no no blog do André de Leones, um canis sapiens de cara nova. Muito bem organizado, cheinho de coisas boas, parecendo ovo de Páscoa recheado. Fiquei com vontade de fazer um diário de viagem meu, também. Falar sobre o lugar onde estou: Allen, ao lado de Dallas, no coração do estado do Texas. Ninguém tinha ouvido falar de Allen antes porque a cidade simplesmente não existia. É uma coisa americana, um dia, ranchos, no dia seguinte, buldozers, caminhões, mexicanos por toda a parte construindo uma cidade que, no sexto dia fica pronta para que todos possam ir às descomunais igrejas no sétimo.
Não sei sobre o que falar primeiro: o tamanho das Igrejas, por exemplo, é coisa digna de nota. São tão grandes, que parecem estádios. Os estacionamentos são divididos em setores, os edifícios têm uma ordem de ocupação, pessoas que se dedicam a orientar os frequentadores, day-care para crianças pequenas, fábricas de hóstias, achados e perdidos, tudo o que se possa imaginar. Padres, músicos, administradores, eletricistas, marceneiros, são tantas as pessoas que dependem da Igreja (das igrejas, porque são inúmeras) que a gente se admira de tanta fé.
A fé remove montanhas, diz o ditado. Aqui à volta, como não há montanhas para remover, acho que a fé se dedica a construir casas e auto-estradas. Já falei antes, mas volto a repetir: auto- estradas com diversos andares -- no caso, cinco. Só vendo para ter uma idéia do que seja uma rampa de acesso numa dessas auto-estradas. É de dar medo nos dias de mais vento.
As casa, todas enormes, são uma representação de um paraíso socialista: todas iguais. Todas têm as mesmas cores ( ou falta de cores) tons de terra e pedra, acinzentadas. Neste clima seco, os novos habitantes se preocupam em modificar a paisagem, criando lagos. Lagos e mais lagos, lagos em todos os condomínios, com fontes e repuxos, patos, cisnes, gansos. Tudo isso rodeado de gramados e de árvores, que são vendidas em imensos tonéis, já crescidas, pois quem é que tem tempo para ver uma árvore crescer?
Ao contrério do que se faz aí na minha terra, há previsão para tudo. As estradas são largas, com várias pistas de ida e volta, e uma separação no meio que dá para, no futuro, se necessário, aumentar mais umas oito pistas. Tudo é extravagante. O centro cultural que só vai ficar pronto daqui a dois anos, (com suas estradas, estacionamentos, jardins, etc.) já tem a sua própria orquestra. Os músicos foram selecionados, já estão ensaiando, fazem apresentações para, quando o dia chegar, já ser conhecida como uma grande orquestra. Não me admiro nada se já estiverem providenciando gravações de cds e dvds.
Por falar em dvd, provavelmente todo o mundo já sabe, menos eu, porém existe um novo tipo de dvd, com altíssima definição, imagens espetaculares. Qualquer dia ninguém vai suportar olhar a realidade. Tudo vai ficar muito blah, sem alta-definição.
Porém, numa única coisa ainda somos melhores: nossa rede de telefonia celular funciona melhor que a deles. Pelo menos por enquanto...

2 comments:

André de Leones said...

Oi, mana. Bom saber que gostou da nova cara do Canis. E legal a idéia de um diário de viagem.

Grandes beijos
Dré.

Unknown said...

Querida, faltam fotos.Isso seria bem interessante. Mas sempre se pode dar uma procurada no Google images. Você descreveu umas coisas bem interessantes e até fiquei impactada com a falta de cores e de opções na paisagem. Só vi uns poucos filmes sobre o Texas e esse filme Paris, Texas, eu vi, mas não me lembro. Se passar no Cult eu verei novamente. Nisso seus posts também têm sido ótimos: a partir de sua visão quero re-olhar as coisas.Beijocas, T.T.