Sunday, January 29, 2012

Água no feijão

Ninguém para botar água no feijão, que estou de volta! Mas não me importei, cheguei e fui comer feijão no Gula Gula, ô delícia! Brasileiro sente mesmo falta de feijão, né? E eu nem mesmo sou uma assídua comedora de feijão… Mas, quando viajo, volto com saudade dele, pretinho, temperadinho, quentinho, coisa mais boa! Principalmente quando se passa tempo jantando Doritos. Esse meu cardápio foi horrível, mas teve que ser, por conta do pé machucado, que não me permitia sair para jantar.
Mesmo assim, com esses senões, a viagem foi legal. Andei o tempo todo na minha moto de handicap, que aluguei, e vi como são importantes alguns detalhes que aqui no Brasil ignoramos: calçadas lisas e amplas, para permitir a circulação da motoquinha, rampas, portas amplas, nada de postes ou pedras no meio do caminho… Até me diverti. E acho que foi uma boa experiência para trabalhar literariamente: andar de muletas, o medo de ser derrubada, as dificuldades experimentadas. A questão da dependência. Mesmo sabendo que eram limitações temporárias, experimentar essas limitações me deu uma nova perspectiva. O mesmo com a leitura do Coetzee, Slow Man, do qual já falei.
Toda vez que viajo compro um "livro em CD", que escuto no carro. Geralmente compro um livro desses que não tenho certeza se vou gostar do autor, ou algum que esteja na lista de best seller, deixo os mais literários para a própria leitura. Só que desta vez não resisti e comprei um Murakami. Creio, no entanto, que cometi um erro: para começar, é um tijolo (são 38 CD's) Acho que vou ter que inventar uma ida a São Paulo de carro para ter tempo de escutá-los! Do jeito que eu dirijo por aqui, ou seja, cada vez menos, vou demorar uns dois anos para terminar esse livro IQ84 (acho que o título é esse, mas agora que escrevi, penso que talvez tenha cometido um ato falho e comentado  minha própria falta de inteligência ao  embarcar num projeto de escuta tão ambicioso). Contarei para vocês minha experiência, tão logo a comece, pois ainda estou com o pé imobilizado, nem posso dirigir…
O que vi? O que fiz? Parques da Disney, bichos de pelúcia imitando gente, gente imitando bichos e bichos de verdade nadando e pulando como gente. Not much. Mas muito divertido, e cheguei feliz. Acho que esta é a primeira vez que volto de viagem sem aquela sensação de depressão pós viagem. Voltei feliz por chegar. Talvez as peripécias do voo da volta tenham contribuído para isso: um problema no avião, volta ao aeroporto de Miami, pouso em área remota, rodeada de bombeiros, ambulâncias e carros de segurança, um grande teatro que alongou em mais de quatro horas a viagem. Mais coisas para contar, depois, como a história da velhinha que implorava ao piloto para descer. Ela desapareceu assim que chegamos no aeroporto, desistiu de voar. Só espero que não tenha vindo de navio, pois estes me parecem ainda mais perigosos que os aviões! Estou até agora impressionada com este navio tão moderno, naufragado sem mais nem menos! Em terra as coisas também não estão tão firmes: que absurdo, os três edifícios caídos no centro do Rio! Mal tive tempo para  colocar em dia as correspondências, ainda não terminei nem mesmo a leitura do jornal do dia, nem dos imeios atrasados, das mensagens facebucais, e toda essa parafernália.  Mas deixo aqui meu recado, minha mensagem de volta a esta terra onde encontro frio e chuva no meio do verão, para me deixar ainda mais confusa do que já sou!

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