A culpa é das aulas de linguística. Estudando funções da linguagem, aprendi anúncios que eram veiculados em bondes, no rádio e onde mais se veiculavam anúncios no passado. Agora tenho armazenadas na memória uma série de frases que vou misturando, não sabendo mais se as vi e li na rua ou nas aulas… Mas algumas guardei por desejar experimentar o produto anunciado. Não sei qual a verdadeira função das pílulas que menciono acima. Só sei que desejaria experimentá-las nesses dias que passo em "ponto morto", o coração ainda batendo, mas as engrenagens se recusando a me impulsionar para frente – ou mesmo para trás. Tomar pílulas de vida, viver em pequenas doses, receitadas pelo médico ou por alguma parenta "entendida em remédios", protegida dessa coisa que nos atinge com o impacto de um asteróide.
Esta noite, sem conseguir dormir, encontrei um programa que falava das crateras de impacto. Como agora sou "entendida no assunto", lá fiquei eu a madrugada, assistindo e rememorando minha viagem ao Marrocos.
Até a Lua, que nos meus tempos de colégio era fruto da revolução da Terra (fazíamos experiências com gotas de azeite em copos d'água), virou produto de um impacto. – Nosso universo era mais gentil, quando eu era criança… – Lá assisti eu à reencenação do asteróide, lento e enorme, chegando e se chocando com a Terra, que ainda era uma bola de fogo. As grandes quantidades de partículas que se desprenderam da Terra formando um anel como o de Saturno e lentamente se juntando e criando a Lua, amiga que nos protege como um escudo e regulariza inclinação do eixo, marés, detalhes essenciais. E pensar que, em outro programa desses, fui informada de que nosso satélite, cansado de presenciar tantos descalabros, está se afastando lentamente de nós, e que eventualmente nos abandonará à própria sorte, em noites para sempre mais escuras, em oscilações erráticas como nosso espírito.
O Dr. Ross, ao inventar suas pílulas, talvez tivesse em mente essa situação de catástrofe, quando, desorientados e no escuro, tivéssemos como sustentáculo os círculos redondos que despejaríamos nas mãos e engoliríamos, com unção, um a a um, em homenagem à desaparecida… Vejam só as coisas que a linguística e a insônia me ensinam!
Esta noite, sem conseguir dormir, encontrei um programa que falava das crateras de impacto. Como agora sou "entendida no assunto", lá fiquei eu a madrugada, assistindo e rememorando minha viagem ao Marrocos.
Até a Lua, que nos meus tempos de colégio era fruto da revolução da Terra (fazíamos experiências com gotas de azeite em copos d'água), virou produto de um impacto. – Nosso universo era mais gentil, quando eu era criança… – Lá assisti eu à reencenação do asteróide, lento e enorme, chegando e se chocando com a Terra, que ainda era uma bola de fogo. As grandes quantidades de partículas que se desprenderam da Terra formando um anel como o de Saturno e lentamente se juntando e criando a Lua, amiga que nos protege como um escudo e regulariza inclinação do eixo, marés, detalhes essenciais. E pensar que, em outro programa desses, fui informada de que nosso satélite, cansado de presenciar tantos descalabros, está se afastando lentamente de nós, e que eventualmente nos abandonará à própria sorte, em noites para sempre mais escuras, em oscilações erráticas como nosso espírito.
O Dr. Ross, ao inventar suas pílulas, talvez tivesse em mente essa situação de catástrofe, quando, desorientados e no escuro, tivéssemos como sustentáculo os círculos redondos que despejaríamos nas mãos e engoliríamos, com unção, um a a um, em homenagem à desaparecida… Vejam só as coisas que a linguística e a insônia me ensinam!
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