Senhoras e senhores, fujam das palavras dúbias, das brincadeiras grosseiras, dos ditos que podem parecer inocentes numa mesa de bar entre amigos mas que se transformam em icebergs perigosos em outras ocasiões.
Mudando de assunto, fui assistir o filme do Woody Allen, mas, para vê-lo, precisei primeiro assistir ao New York I love you, que já tinha visto no festival. Gostei, na ocasião, e ainda acho que o filme é bom, mas não é daqueles que me fariam voltar ao cinema mais uma vez, nem sequer alugar o DVD… Mas levei a coisa como um rito de passagem, e fiquei (desta vez) analisando os defeitos do filme. Acho que ele peca quando quer ser "artsy" – elevar os episódios a histórias exemplares, quando o charme do filme é a crônica, o instantâneo. Por isso, embora as pinturas sejam belas, o episódio do artista obcecado pelo rosto da vendedora em Chinatown não me agradou. Gostei mais do paquerador (um escritor, tomem nota) que gasta sua lábia em vão… mas não digo o porque, para não ser desmancha prazeres. O casal de velhinhos é simpático, e os atores são ótimos, mas as tintas são muito carregadas, está muito próximo à caricatura. Os amantes fortuitos… sei lá, são uma boa fantasia, tanto um casal como o outro. Os caras do taxi são ótimos, o "manny" (male nanny) também é muito revelador. Só que ver de novo todo o filme, cansa. Mas aí veio o Tudo pode dar certo, e a segurança do Allen me encantou. Esse dá vontade de ver de novo, para observar os detalhes. Detalhes que tornam o filme uma lição de narração (e cinema, é óbvio). As conversas com os espectadores, por exemplo, uma delícia, num jogo de vai e vem absolutamente perfeito. A revelação das razões da atração do homem mais velho pela jovem, e vice-versa, sem apelações, ocorrendo tão naturalmente que se torna literalmente irresistível. E as mudanças que esta relação ocasiona, sem que, na verdade, nenhuma essência seja modificada, já que apenas os traços existentes se acentuam ou se esfumam, de acordo com as novas proximidades. Os pais dela caem nos clichês, mas sem exageros, e os atores são tão bons que a gente acredita neles e nas situações que vivem.
Mas a pérola, na minha opinião, é a cena de amor entre a moça e o rapaz , quando estar "preparado" ou "prevenido" revela toda sua relatividade.
Assistam. É um filme divertido e que de bônus oferece uma boa ginástica para os neurônios preguiçosos.
E mais não digo.
2 comments:
Obrigado pela dica do filme.
Melhorou meu fim de semana. Vinha feio e fechado, agora se abriu como sol.
Forte abraco!
Oi Lucia, vou mais uma vez usar a janelinha do seu blog pra contar uma coisa bacanérrima que descobri dia desses - bem, a palavra "descoberta" talvez seja um tanto quanto pretenciosa, mas o fato se deu e é o seguinte: estou trabalhando no roteiro para um documentário sobre as mulheres no futebol. Hoje já se tornou lugar comum ver senhoras e meninas nos estádios e os gols da Marta são sensacionais. Recentemente tivemos a eleição de Patrícia Amorim como presidente do Flamengo. Há tempos vinha com essa idéia, depois de achar umas fotos na web, de garotas lá pelos anos 20 assistindo a jogos nas Laranjeiras. Incrementei a pesquisa e o projeto está crescendo. Pois dia desses, ciscando na web, dei com esse blog simpaticíssimo de uma senhora lá de Uberlândia,MG. Já estamos nos correspondendo. Como vc á antenadíssima (hoje estou superlativo), deve dar uma olhada. Selecionei para o link uma página de O Cruzeiro, de Fev/1959, descrevendo um match em Araguari. Isso é muito importante, pois o futebol até há pouco era domínio masculino exclusivo. Apesar disso, não há um só bom livro escrito sobre futebol. Fica aquela coisa pitoresca, epidérmica, chatíssima. Talvez as mulhers mostrem a verdade dos gramados.
As fotos são umas graças - era a mulher moderna aparecendo. Confira no blog da Teresa Cristina -
http://teresacriscunha.blogspot.com/2009/06/primeiro-artigo-de-repercussao-nacional.html
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