Atrasada, eu sei, mas como me dividir entre o computador, na pousada, e as mesas e os amigos e os divertidos almoços e jantares? Meu computador, já no limite, cansado, cada vez me parece mais lento: estou há mais de 10 min. convencendo-o a colaborar comigo.Então, sem mais demora, vamos às notícias: A mesa das verdades inventadas foi muito boa. Muito bem dirigida, todos broilharam, Bloch, Tatiana e Sérgio tinham muito em comum e destaco algumas frases.
Da Tatiana:
A solidão da escrita é procurar, no próprio corpo, o que poderia ser narrado.
Do Sérgio:
A realidade não existe. Só existe no momento em que a organizamos num discurso.
Do Bloch:
A biografia definitiva é uma falácia.
Claro que eles disseram muito mais, eu é que sou fraca de anotações.
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A grande mesa da Flip, até agora, foi a do Dawkins. O Boccanera foi super profissional e não deixou a peteca cair nem quando houve problemas com o som. O Dawkins foi super simpático, inteligente, divertido, simples de entender. Ouvindo-o, percebemos que ele lê muito, conhece bem literatura inglesa, ou pelo menos, os clássicos da literatura inglesa. Tudo o que ele falou foi interessante, mas não anotei nada -- perdi a caneta, vejam só! E, além do mais, nem sou repórter, sou apenas uma deslumbrada, felicíssima de estar aqui escutando tantas coisas, aprendendo tantas outras.Muito bom.
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A noite? Foi uma loucura portenha. Depois de tanto saber, a euforia das conversas e dos cérebros super estimulados, trocando risadas e lembranças, cantando El dia en que me quieras num restaurante argentino, voltando para a pousada cantando Garota de Ipanema em espanhol, na expectativa de uma sexta-feira de muitas outras atividades.
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Fora das mesas principais, começamos a sexta pela divertidíssima mesa sobre o acordo ortográfico, mediada pelo Marcelo Moutinho, e estrelada pelo Marcelino Freire e o Ondjake. A exuberância do Marcelino, propondo um acordo pornográfico para que todos aprendam a usar bem a língua, foi secundada pela elegante contenção do Ondjake que começou por citar Fernando Pessoa (Minha pátria é a língua portuguesa). Em seguida, ele revelou que Mia Couto oferece uma atualização do pensamento de Pessoa ao dizer "Minha pátria é minha língua portuguesa", para terminar com um amigo, provavelmente imaginário, que diz: "Minha pátria é minha língua numa portuguesa". No entanto, longe de se esvaziar nesta brincadeira, a mesa cresceu, levantou-se a questão da oralidade, da falta de solicitação popular para essa unificação da ortografia, dos aspectos comerciais que estão por tras da reforma, da resistência por parte dos portugueses. E aí, meio que sem querer, o humor voltou a imperar nas longas "colocações" da platéia, quase todas feitas por portugueses ou angolanos ou moçambicanos. Só que não vou comentar aqui, para vocês não pensarem que estou contando piadas de português.
A off-flip também está crescendo.O público comparece e gosta da programação. Ontem foi o Ruffato, debaixo de chuva, e mesmo assim bem assistido. Hoje houve uma homenagem a Bandeira. O Secchin, num novo visual que o deixou muito mais charmoso, fez uma excelente análise de Profundamente. Depois, o pessoal da Fliporto continuou com o mesmo tema, mas ressaltando a pernambucanice (será que dá para usar essa palavra?) do poeta.
Voltando às mesas oficiais, Tezza e Bellatin, concorridíssima, infelizmente foi prejudicada pela passeata das comunidades tradicionais, que organizaram uma demonstração barulhenta e com um estribilho antipático: Queremos perturbar! Eles têm razão de sobra para protestar, mas o estribilho foi muito infeliz.
Depois, a tão esperada mesa de Hatoum e Chico. O mediador, intimidado com a tarefa sobrehumana (?) travou. Hatoum e Chico foram simpáticos, mas, apesar da imensa multidão que arrastaram, que levou o pessoal a barrar até o Gay Talese e alguns credenciados (que depois conseguiram entrar, graças a um supervisor mais atilado) a mesa foi meio borocochô. O Chico, o Hatoum e o mediador confessaram que tinham combinado como ia ser, e essa combinação tirou a espontaneidade que, nas outras mesas, deu tão certo. Preparar-se para uma mesa é muito bom, mas combinar as jogadas torna o jogo sem graça.
E agora vou dormir.
3 comments:
Assistiu à mesa do António Lobo Antunes? Eu achei fantástica!
E como foi o bate-papo ontem? Tenho certeza que foi um sucesso. Quantos novos fãs você conseguiu com seu jeito especial de falar de literatura? ;)
Beijos
Ana Cristina
Oi minha querida Lucia B, fivo super feliz que esteja ai. Minha amiga, escritora de quem eu sou fã incondicional.POr vc sei das entanhas da FLIP. Gostaria de um dia poder tere tempo para estar ai, gosto de tudo da idéia, do lugar, do acervo que caminha pelas ruas...mas por hora sou apenas uma leitora e não uma escritora como muto me gostaria ser, mas a vida me levou por outros caminhos...mas os caminhos não terminam e se bifurcam...quem sabe um dia eu tome a estarda que me leva até aí...sem pretensões mas pelo o prazer do convívio... Divirta-se e me conte tudo na volta. Fica devendo o encontro. Bjs Teka
Oi atrasada!
Esteve ou nao por aquí?
Se veio, espero que tenha se divertido.
Bom saber da FLIP por voce, tenho matado um pouco da saudade daí por seu blog. Ah! se nao fosse esse blog..
Um grande abraco e nao se atrase, fico aqui esperando entrar a ultima versao do NADANONADA.
Amauri
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