Querem ver mais? Pois leiam o poema de amor do jovem de 17 anos, publicado na quarta capa do Megazine. "Ela é minha mulher, corpo quente/e sexo farto."
Sexo farto? Mas a amada ainda possui "…língua/ culta de conhecimentos sem fim." e "cantarola Vinícius na velha zona/sul boêmia." Essa mudança de linha amplia a significação e me deixa com um título de conto já pronto: Vinícius na zona! Fantastique! (pois estamos no 14 juillet, Vive la France!)
Para terminar, uma de reforma ortográfica: O Brasil vai pagar mais caro pelos submarinos que comprou porque a França vai repassar tecnologia. Se nos lembrarmos da piada da construção da ponte, aquela que diz que a cidade pediu três orçamentos para a construção de uma ponte, e que os alemães cobraram um milhão, os americanos cobraram dois milhões, mas ofereceram cobertura e ar condicionado para toda a ponte, e os brasileiros cobraram três milhões. A cidade, curiosa quanto aos melhoramentos, que não foram mencionados, chamou os brasileiros para conversar. Eles disseram que era isso mesmo: cobrariam três milhões, chamariam os alemães para construírem a ponte, ficariam com um milhão e o outro milhão iria para o prefeito. Daí que, na reforma ortográfica, a gíria grana por fora passou a ser grafada tecnologia.
Agora chega de jornal, e aqui vai minha homenagem ao Theatro Municipal, que sempre amei, assim, com h e tudo o mais, e que merecia um poema tão verdadeiro quanto o do jovem aluno do Pedro II, citado antes. Esse theatro está preso às minhas lembranças mais antigas, de aluninha de ballet do Professor Pierre (Klimon? Climont?) De minhas apresentações como Outono ainda na minhamais tenra Primavera… As lembranças são confusas, mas lembro-me de me perder por uns subterrâneos cheios de praticáveis e de poeira, numa deliciosa brincadeira de esconde-esconde. Lembro de uma montagem espetacular de Sonho de uma noite de verão, com a Lucélia Santos. Lembro do último baile de Carnaval do Municipal, que graças a Deus (que a ciência prova que não existe, Dawkins, eu sei, mas que continua sendo uma ótima expressão de alívio) foi eliminado. Das óperas extraordinárias que assisti, dos ballets que me deslumbraram com sua beleza, dos incontáveis concertos da Dell'Arte ou dos convites para as frisas do Bradesco, quando Guilherme ainda era o "senhor presidente". Não houve nem uma vez que eu tivesse entrado no Municipal sem me emocionar com a beleza do prédio. E sempre me sinto uma espécie de princesa lá dentro, mesmo quando só consigo um lugar na torrinha lateral e passo o tempo todo com a sensação que, se não fosse pelo insustentável aperto das poltronas que imprensam nossas pernas de encontro à mureta da frente, poderia me distrair e despencar lá de cima. Amo o Municipal, amo o Assirius, que já foi um excelente restaurante e que impressionou os gringos que meu marido recepcionou com um almoço no local, e às mulheres dos gerentes de todo o Brasil a quem, ao invés de oferecer um dia de shopping, ofereci um almoço ali seguido de uma visita à Biblioteca Nacional, quase em frente.
Então, viva ao Theatro Municipal! Que ele ofereça mais 100 anos de magia, e mais outros 100 ainda multiplicados por 100.
E que o nosso 14 de julho seja comemorado sempre com a construção de uma coisa boa, não com a queda de uma coisa ruim. Mas que tenhamos todos a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, belas palavras, embora filhas do Terror com a Guilhotina…
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