Wednesday, June 10, 2009

Espaço aberto - Literatura

Hoje fui toda feliz gravar um programa na Livraria da Travessa do Leblon. Coisa de realização de desejos ocultos: entrar num shopping antes do horário, passar por galerias e áreas reservadas, entrar pela porta de serviço da livraria e ter todos aqueles livros ali, estremunhados de sono, deitadinhos, indefesos… 
Fiquei entusiasmadíssima! Cheguei na hora que marcaram, 8:30, mas o Claufe Rodrigues estranhou: Chegou cedo! A gente geralmente marca às 15 para as 9. Bem, eu sou pontual, aprendi isso nos 5 anos em que vivi nos EUA. Mas a produção do programa, pensando em termos brasileiros, em que os horários são apenas sugestões, deve ter se precavido. Eu aproveitei para me sentar naquela poltrona de salto alto, – quem frequenta a Travessa conhece bem – e me envolvi com um livrinho de tal maneira que nem vi o Edney chegar, nem o Borges (o outro Borges). Depois, quando íamos começar a gravação o cameraman achou que eu podia tirar um pouco do brilho de meu rosto. "Você não tem aquelas coisas de mulher aí?" Tive vontade de responder que de mulher eu tinha o DNA.  E fiquei achando que o meu devia ter vindo defeituoso, pois não chegava atrasada, nem andava com pó de arroz (será que é isso que ainda se usa?) na bolsa. Mas, em compensação, na minha bolsa tinha livros, papéis com anotações, um ticket usado de metrô parisiense, uma entrada de teatro de uma peça tão ruinzinha cujo nome nem vou mencionar, algumas moedas, a carteira e o celular. Em resumo: Não se assustem se virem meu rosto brilhando no programa. 
Será que ficou legal? O Edney me deixou super tranquila, descontraída. Em alguns momentos cheguei a esquecer a câmera. Mas aí lembrava do "brilho" e não sabia se devia enxugar o rosto, passar a mão no "bigode", que foi como o cameraman chamou o meu "discretíssimo buço".
Adorei escutar as coisas que o Antônio Fernando Borges tinha para contar. Ele tem uma memória muito melhor que a minha, e contava as coisas dizendo onde elas estavam. Eu nunca lembro o nome dos contos – só lembro das historinhas. Mas o outro Borges sabia a que contos eu me referia e foi completando as minhas lacunas. Esqueci de falar uma coisa que eu queria muito dizer: a opinião de Borges sobre Kafka. Borges gostava tanto do que Kafka tinha produzido que dizia que sua vida (de Borges) era supérflua. Isso ficou muito mal-redigido, mas tenho que deixar assim como está e seguir adiante com as minhas obrigações. Vou ler o livro que meu amigo MM organizou, o Dicionário amoroso. O livro está lindo. Depois eu conto.

2 comments:

Ana Cristina Melo said...

Que bárbaro, Lucia!
Quando vi o assunto do post lá na minha lista do Canastra, já desconfiei que era isso. Adorei confirmar minha intuição.
Sempre que posso, nos finais de semana, assisto ao Espaço Aberto. Às vezes não consigo, aí fico esperando a semana seguinte, quando publicam o vídeo.

Já tem ideia de quando vai ao ar?

Relaxa! Tenho certeza que ficou ótimo e ninguém vai se preocupar com o brilho. Acho que somos mulheres com o mesmo problema da modernidade. Ando com o meu pó dentro da necessaire que fica na pasta. Na bolsa, só o batom. E toda vez que preciso do pó ou de outra maquiagem, descubro que não está comigo. Coisas de mulher moderna. :)

Acredita que ainda não li o Dicionário Amoroso. Só consegui ler o conto do Marcelo, lá na Travessa mesmo. Mas estou entrando de férias por 30 dias. Acho que vai sobrar tempo para botar a leitura em dia (será mesmo?) :)

Amanhã vou dar um pulinho no Salão da FNLIJ. Você vai?

Beijinhos carinhosos,
Ana Cristina

Ana Cristina Melo said...

Entrei no teu blog para comentar sobre a resenha que saiu no Rascunho, falei pelos cotovelos e não disse nada.

Acabei de receber o Rascunho, quentinho, e logo de cara, me deliciei com a resenha que você escreveu sobre o Coração Andarilho. Ficou muito bom! Deve ter sido um prazer à parte resenhar a Nélida Piñon.
Beijinhos,
Ana